Um estudo com pacientes de 1 m�s de vida a 19 anos que ficaram internados por causa do novo coronav�rus em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) apontou que ter alguma comorbidade aumenta em 5,5 vezes as chances de crian�as e adolescentes evolu�rem para casos graves de covid-19 em rela��o a pacientes saud�veis.
O estudo, realizado pelo Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) em parceria com 19 hospitais p�blicos e particulares do Pa�s, mostrou ainda que sintomas gastrointestinais foram detectados nos pacientes que desenvolveram a s�ndrome inflamat�ria multissist�mica pedi�trica (SIM-P), quadro que pode afetar o cora��o e at� levar � morte. Na pesquisa, publicada no Jornal de Pediatria, foram acompanhados 79 pacientes internados em hospitais do Rio de Janeiro, S�o Paulo, Bahia, Cear� e Par� no per�odo de 1� de mar�o a 31 de maio.
Coordenador de pesquisa em pediatria do IDOR, Arnaldo Prata Barbosa diz que, nas crian�as e adolescentes, as comorbidades que levaram a casos graves, que necessitaram de ventila��o mec�nica, s�o diferentes das observadas em adultos.
"Das que ficaram internadas, 41% tinham outras doen�as cr�nicas e, junto a covid, tornam o quadro mais grave. Desses 41%, encontramos 30% com quadros neurol�gicos cr�nicos, tivemos casos de doen�as respirat�rias cr�nicas, como fibrose c�stica e asma grave, e tivemos tamb�m pacientes com c�ncer. O que chamou aten��o no nosso estudo � que, ao contr�rio de outros estudos, obesidade e diabete n�o foram comorbidades muito frequentes. A presen�a de comorbidades aumentou em 5,5 vezes as chances de ter a doen�a (covid-19) mais grave", disse o m�dico.
A maioria das crian�as apresentou febre (76%) entre os sintomas. Tosse (51%) e respira��o acelerada (50%) tamb�m foram registradas. O tempo m�dio de interna��o foi de cinco dias e, dos 79 pacientes, 39% tiveram contato com casos suspeitos do v�rus.
S�ndrome inflamat�ria multissist�mica pedi�trica
Segundo o coordenador da pesquisa, os pacientes internados em UTI podem ser divididos em dois grupos: os que apresentaram a covid-19 em sua forma cl�ssica, com manifesta��es respirat�rias e que correspondeu a 87% dos pacientes, e os que manifestaram a s�ndrome inflamat�ria multissist�mica pedi�trica (13%).
"S�o grupos diferentes e com sintomas diferentes. Na covid cl�ssica, os pacientes apresentaram tosse e febre. Essas crian�as com a s�ndrome geralmente t�m febre com dura��o de quatro a cinco dias acompanhada de sinais gastrointestinais, como diarreia, v�mito e dor de barriga. Crian�as com febre sem causa aparente, que n�o passa e acima de 38 graus, prostra��o e esses sintomas devem ser levadas ao hospital para avaliar, porque os pais n�o conseguem perceber os problemas card�acos que essa s�ndrome causa. O cora��o sofre uma insufici�ncia card�aca ou ocorre o choque, que � quando os batimentos do cora��o n�o conseguem levar o sangue para todos os �rg�os."
Barbosa diz que a s�ndrome ocorre mais em meninos do que em meninas (tr�s para um) e que se manifesta com mais frequ�ncia em crian�as na faixa dos 5 anos. "Essa doen�a inflamat�ria ocorre em uma faixa et�ria maior, geralmente em torno de 5 anos, e � uma diferen�a em rela��o � covid cl�ssica, que se distribui (nas faixas et�rias). Ela n�o � comum em crian�as com menos de 1 ano. Das crian�as internadas com a s�ndrome, 5% tinham menos de 1 anos. Na covid cl�ssica, elas eram 25%."
O estudo mostrou ainda que crian�as com menos de 1 ano n�o correm mais risco de evoluir para quadros graves. "O que diferenciou o nosso estudo dos internacionais � que n�o encontramos gravidade maior em beb�s com menos de 1 ano. Tivemos crian�as menores de 1 ano internadas, mas n�o foi um fator de risco."
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