
Com a reabertura do com�rcio nos maiores centros econ�micos do pa�s, os brasileiros voltaram �s ruas antes esvaziadas em raz�o da pandemia por COVID-19. Muitos deles, no entanto, sem adotar as medidas b�sicas de seguran�a, amplamente divulgadas pela Organiza��o Mundial de Sa�de, como o uso de m�scaras e a pr�tica de distanciamento social.
Mesmo com esses descuidos, vem chamando aten��o a redu��o crescente do n�mero de ocupa��o de leitos em hospitais p�blicos e privados de todo o pa�s por coronav�rus, fato que vem sendo registrado nos �ltimos boletins epidemiol�gicos do Minist�rio da Sa�de.
Estudo recente do professor do Departamento de Estat�stica da Universidade Federal Fluminense (UFF), M�rcio Watanabe, intitulado “Detec��o precoce da sazonalidade e predi��o de segundas ondas na pandemia da COVID-19”, mostra que o fen�meno de redu��o do n�mero de casos de infec��o por coronav�rus no Brasil pode ser em grande parte explicado por um padr�o de sazonalidade da transmiss�o.
A pesquisa, iniciada em abril de 2020, se desenvolveu com base em uma an�lise de dados epidemiol�gicos de mais de 50 pa�ses de todo o mundo.
“Utilizando t�cnicas estat�sticas para analisar os dados dessa pandemia e da pandemia de H1N1, em 2009, foi mostrado que h� evid�ncias suficientes desde o final de abril que comprovam que a COVID-19 segue o mesmo padr�o sazonal”.
Segundo M�rcio, “a transmiss�o se intensifica no outono e inverno e diminui de intensidade na primavera e ver�o. Isso auxilia os gestores p�blicos a se programarem para as novas ondas da pandemia que vir�o”, explica.
De acordo com o professor, o termo “ondas epid�micas” � uma maneira de denominar a ocorr�ncia de um grande surto da enfermidade, em que h� uma quantidade consider�vel de infectados, dentro de um per�odo limitado de tempo.
“Em um surto da epidemia, o n�mero de doentes confirmados sobe diariamente at� atingir um pico e depois desce at� haver poucos casos. Quando visualizamos isso em um gr�fico, ele se parece com o formato de uma onda ou uma montanha. E quando olhamos o total de casos de uma determinada doen�a infecciosa em um per�odo maior de alguns anos, observamos ondas (surtos epid�micos) que se sucedem”, esclarece.
O estudo desenvolvido por M�rcio aponta que, passados os meses de crescimento da quantidade de casos e de pico da pandemia no pa�s, a tend�ncia agora � de decr�scimo da curva. “A queda ir� se intensificar no t�rmino desse m�s e a partir do final de outubro prevejo que o pa�s ter� poucos casos da doen�a se comparado ao n�mero atual. Mesmo sem vacina��o, devido � sazonalidade o n�mero de casos permanecer� baixo de novembro a fevereiro”, enfatiza.
Para o especialista, o Brasil ainda n�o saiu da primeira onda. Apesar disso, segundo ele, a previs�o � de haver uma forte queda na quantidade de casos ao longo dos meses de setembro e outubro, o que tamb�m ocorrer� na maioria dos pa�ses do hemisf�rio sul. Na ocasi�o, haver�, ent�o, o “fim” da primeira onda de COVID-19 no pa�s. Paralelamente, acontecer� uma segunda onda na maioria dos pa�ses europeus e asi�ticos.
M�rcio Watanabe afirma ainda que uma eventual segunda onda generalizada seria muito menor do que a anterior. “De acordo com a pesquisa, ela atingiria menos cidades e teria um n�mero de incid�ncia bem inferior. E somente ocorreria partir de mar�o/abril do ano que vem, com a proximidade do outono, assim como � comum a outras doen�as respirat�rias, em que os surtos ocorrem de abril a julho. Provavelmente, ter�amos pequenas ondas de COVID-19 todos os anos nesse per�odo”.
Nesse momento, segundo o docente, as perspectivas s�o otimistas, tendo em vista a possibilidade de a vacina j� estar dispon�vel antes de mar�o do ano que vem. Apesar disso, ele ressalta a extrema import�ncia de se manterem os cuidados preventivos em rela��o � doen�a, principalmente enquanto o total de casos ainda for expressivo. Ele explica que, mesmo com a sazonalidade, � poss�vel haver em alguns locais pequenos surtos isolados durante a primavera e ver�o, o que refor�a a necessidade de cautela por parte da popula��o.
“A vacina��o � fundamental para a preven��o at� mesmo de enfermidades em rela��o �s quais a maior parte da popula��o j� tem alguma imunidade. Ela ser� fundamental, caso esteja dispon�vel, para evitarmos uma segunda onda em abril e maio de 2021, evitando novos infectados, mortes e a necessidade do retorno das medidas de isolamento social. � muito prov�vel que a vacina de COVID-19 entre para o calend�rio anual de idosos e crian�as, assim como a da gripe”, esclarece o professor da UFF.