Entenda o que � a 'chuva negra', fen�meno que pode atingir SP neste fim de semana

Com possibilidade de acontecer at� domingo, 20, em S�o Paulo, o fen�meno da "chuva negra" resulta da chegada da fuma�a das queimadas do Pantanal que se junta � alta carga de polui��o atmosf�rica produzida na cidade. Segundo pesquisadores, embora o ac�mulo de material particulado no ar aumente riscos para sa�de e possa provocar problemas respirat�rios, a chuva, em si, tem maior potencial de poluir rios e mananciais - sem grandes impactos para pessoas, casas ou ve�culos.

Os inc�ndios lan�am � atmosfera fuligem e material particulado, que s�o part�culas muito finas de s�lidos ou l�quidos que ficam suspensas no ar, al�m de gases como mon�xido (CO) e di�xido de carbono (CO2). As correntes a�reas, no entanto, arrastam a fuma�a desde os focos da queimada, hoje principalmente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, at� outras regi�es.

Part�culas mais pesadas sedimentam no caminho, mas boa parte da polui��o � transportada por centenas de quil�metros. Em regi�o de influ�ncia de deslocamentos de correntes de ar, S�o Paulo acaba recebendo parte dessa carga poluente, que pode bifurcar e chegar a Estados da Regi�o Sul ou � Argentina.

Presidente do Instituto Brasileiro de Prote��o Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy explica que, na capital paulista, o produto dos inc�ndios encontra a atmosfera j� carregada de impurezas. "� um �plus� de polui��o chegando e se agregando no momento em que a umidade est� muito baixa", afirma. Segundo Bocuhy, o cen�rio de polui��o extra deve ser considerado preocupante. "A literatura cient�fica identifica a fuligem como de periculosidade para a sa�de e que afeta principalmente idosos, crian�as e pessoas com menos recursos financeiros."

"Quando o material particulado entra pelas narinas, os alv�olos n�o conseguem filtrar, de t�o pequenos que s�o, ent�o vai direito para a corrente sangu�nea", descreve o presidente do Proam. "H� estudos que o associam a problemas no sistema respirat�rio e tamb�m acaba sendo um elemento carcinog�nico, ou seja que potencializa o desenvolvimento de c�ncer."

� o excesso de poluentes no ar que "escurece" a chuva, diz o pesquisador: "A �chuva negra� n�o � prejudicial, ela limpa a cidade: tira da atmosfera e lan�a na �gua". O problema, diz Bocuhy, � que a chamada polui��o difusa - detritos acumulados que a �gua retira do ar ou das superf�cies, como asfalto, ve�culos e constru��o - vai parar nos rios. "Ela � carregada para o solo, escorre superficialmente e acaba nos mananciais."

Participante de pesquisa que monitora a presen�a de poluentes a atmosfera, Eduardo Landulfo, do Instituto de Pesquisas Energ�ticas e Nucleares (Ipen-Cnen), explica que a "chuva negra" pode se formar por duas situa��es. A primeira � quando a carga se encontra com uma nuvem de chuva, os materiais se agregam e h� precipita��o. J� a segunda acontece quando a "pluma de fuma�a" se forma abaixo da nuvem. "Se chover, a �gua capta essa sujeira e a� transforma na �chuva negra�."

Segundo afirma, os principais impactos da chuva s�o relativos � polui��o difusa, mas sem grandes riscos para pessoas ou bens. "Como h� compostos de nitrog�nio e oxig�nio, poderia acidificar, mas essa hip�tese � s� se chover por v�rios dias, com efeito prolongado", explica. "Se chover um dia s�, � s� lavar o carro, para n�o ficar sedimentos, aqueles pontinhos pretos, que podem comprometer a lataria."