
Para o professor de rela��es internacionais do Instituto de Educa��o Superior de Bras�lia (IESB) Rafael Duarte, o estrangeiro divide-se entre elogios ao Sistema �nico de Sa�de (SUS) e ao corpo t�cnico de sa�de p�blica; e cr�ticas ao papel do presidente da Rep�blica e �s lideran�as governamentais, estaduais e municipais. “A vis�o do exterior mais t�cnica est� sendo bastante cr�tica dessa dicotomia que a gente percebe na realidade brasileira — a capacidade da pol�tica de estado chamada SUS e o governo, que tem decis�es, no m�nimo, controversas dentro de um quadro mundial”, pondera.
Na tradicional live semanal nessa quinta, Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina para tratamento contra a COVID-19, al�m de criticar as medidas de isolamento social, sobretudo o fechamento das escolas. “Eu, al�m de dizer, l� atr�s, tudo que eu achava que devia ser feito, n�o me omiti, falei da cloroquina, da vitamina D, dessa hist�ria de 'fique em casa, a economia a gente v� depois', que n�o � assim. Est� vindo a conta para todo mundo pagar, e a quest�o de deixar a garotada em casa."
Horas antes da grava��o, o mandat�rio realizou uma parada n�o prevista na agenda oficial. Em Miss�o Velha (CE), o chefe do Executivo caminhou no meio de apoiadores pelas ruas da cidade e, sem m�scara, cumprimentou os bolsonaristas com abra�os e apertos de m�os, provocando uma aglomera��o. Chegou a entrar em um bar da regi�o, onde jogou sinuca com os frequentadores.
Na vis�o do mandat�rio, “o governo (federal) fez tudo para que os efeitos negativos da pandemia fossem minimizados”, como ressaltou durante passagem pela Bahia, em uma visita �s obras da Ferrovia de Integra��o Oeste-Leste, em S�o Desid�rio, na semana passada. Na ocasi�o, ele j� comemorava o fato de, segundo ele, o pa�s estar “praticamente vencendo a pandemia”.
“J� come�a a aparecer, em especial nas m�dias l� de fora, porque a m�dia, aqui de dentro, � dif�cil de aparecer boa not�cia, que o Brasil foi um dos pa�ses que menos sofreram com a pandemia dadas as medidas tomadas pelo governo federal”, disse Bolsonaro. Recentes publica��es em grandes jornais internacionais, como o norte-americano The New York Times ou o franc�s Le Monde, contudo, v�o de encontro � boa imagem internacional do governo brasileiro defendida pelo presidente, que continua a receber cr�ticas diante da atua��o frente � pandemia.
Clipping
Segundo monitoramento realizado pelo instituto de pesquisas Morning Consult, somente nos tr�s primeiros meses da chegada da COVID ao pa�s, pelo menos 25 ve�culos estrangeiros criticaram a condu��o de Bolsonaro, incluindo editoriais e artigos de opini�o. Entre as a��es e comportamentos do presidente que desencadearam as repercuss�es est�o as falas de que a COVID � s� uma “gripezinha”, a afirma��o de que a vacina contra o v�rus n�o ser� obrigat�ria, o veto ao uso compuls�rio da m�scara em locais p�blicos, a provoca��o de aglomera��es diante da clara recomenda��o de distanciamento social e a demiss�o de dois ministros da Sa�de em meio � pandemia.
“O Brasil est� listado entre os pa�ses que tiveram o maior aumento de casos. Agora, em terceiro nesse ranking, porque a �ndia ultrapassou. Tem uma das piores taxas de mortalidade da doen�a no mundo, tamb�m, porque o v�rus se espalhou dos centros urbanos para o interior do pa�s. Mais recentemente, surgiu a indica��o de que a taxa de cont�gio voltou a subir. Ent�o, esses s�o dados objetivos que contradizem o entendimento de que o Brasil tem sido exitoso no combate � pandemia”, analisa o doutor em direito internacional pela USP e professor da FGV Evandro de Carvalho.
Isolamento r�gido e volta � rotina
Brasileiros que moram no exterior entrevistados pelo Correio confirmam a imagem negativa do pa�s l� fora. O casal Walter Fernandes, 36 anos, e Paula Ferreira, 38 anos, nasceu em Santo Andr� (SP), mas vive na It�lia h� nove meses. Na opini�o deles, o Brasil tornou-se alvo de grande preocupa��o da opini�o p�blica internacional. “Os nossos amigos italianos veem com surpresa a forma com que o Brasil encara a pandemia. Muitos n�o conseguem compreender porque diversas pessoas insistem em arriscar a vida, mesmo quando poderiam, e deveriam, ficar em casa”, avalia Walter.