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Estado de Minas GERAL

SP prev� 60 milh�es de doses de vacina at� o fim fevereiro


23/09/2020 20:04

O governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), anunciou nesta quarta-feira, 23, que estudo feito em 50 mil pessoas na China indica seguran�a da Coronavac, o imunizante contra a covid-19 desenvolvido em parceria do laborat�rio Sinovac e com o Instituto Butant�. Segundo o governo de S�o Paulo, 94,7% dos volunt�rios n�o apresentaram qualquer efeito adverso - �ndice que se a equipararia a outras vacinas j� amplamente usadas no Brasil, como a da gripe.

O resultado divulgado � referente � aplica��o emergencial de 67.260 doses da Coronavac em um total de 50.027 pessoas, que foi autorizada pelo governo chin�s para alguns grupos, como pacientes de risco e funcion�rios da Sinovac. Por sua vez, o estudo cl�nico - que � realizado em diferentes pa�ses ainda com alta transmiss�o, incluindo o Brasil - est� em fase 3, ainda em andamento. S� esta �ltima pesquisa � que vai atestar ou n�o a efic�cia da vacina.

Mesmo sem resultados cl�nicos conclusivos, a gest�o Doria tem expectativa de conseguir iniciar a vacina��o ainda na segunda quinzena de dezembro. Segundo o governo, S�o Paulo deve receber 60 milh�es de doses at� fevereiro.

De acordo com dados apresentados pela gest�o, apenas 5,3% das pessoas que receberam emergencialmente a vacina na China apresentaram sintomas adversos - a maioria, no entanto, sem gravidade. Entre os efeitos colaterais, o mais comuns foram dor no local de aplica��o (3,08%), fadiga (1,53%) e febre (0,21%).

Destes, s� quatro volunt�rios teriam apresentado quadros considerados mais graves. No grupo, teriam sido relatados sete efeitos colaterais, ao todo, que incluem falta de apetite, dor de cabe�a e febre acima de 38,5�C.

"Esses resultados comprovam que a Coronavac tem excelente perfil de seguran�a e confirma a manifesta��o feita pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), que a indicou como uma das oito vacinas mais promissoras do mundo", afirmou Doria. "A vacina da gripe, por exemplo, apresenta efeitos adversos pouco nocivos em n�o mais do que 10% da totalidade das pessoas."

Estudo cl�nico

Na apresenta��o, Doria chegou a afirmar que a Coronavac tamb�m teria demonstrado efic�cia em 98% dos casos. O �ndice, na verdade, diz respeito � soroconvers�o calculada - ou seja, quantas pessoas teriam apresentado resposta imunol�gica ao coronav�rus, mas ainda sem a garantia de que, de fato, a presen�a de anticorpos protege contra a infec��o.

Presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas disse que ainda � cedo para falar da efici�ncia. "O estudo de fase 3 est� em andamento e os resultados s�o de conhecimento de quem controla o estudo, um organismo internacional", afirmou. "Ainda n�o temos dados dispon�veis sobre a efic�cia. A partir do dia 15 de outubro, podemos ter os resultados de efic�cia que permitir�o o registro da vacina na Anvisa."

No Brasil, os testes em volunt�rios de sa�de come�aram no dia 21 de julho. Segundo o governo, mais de 5,6 mil dos 9 mil m�dicos e param�dicos j� teriam recebido a Coronavac, sem nenhum registro de rea��o adversa at� o momento. A previs�o � que todas as doses para a pesquisa sejam aplicadas at� o pr�ximo m�s.

Ap�s a administra��o das vacinas, os pacientes ainda s�o monitorados por um ano. Essa fase � importante para saber se h� diferen�a de resultado entre o grupo em que o imunizante foi aplicado e o que recebeu placebo - para s� ent�o concluir sobre a efic�cia.

Diretor da Sinovac na Am�rica do Sul, Xing Han demonstrou otimismo em obter bons resultados. "Estamos confiantes com a Coronavac tanto para seguran�a quanto para efici�ncia. Os testes est�o sendo bem feitos e daqui a um ou dois meses j� saem os resultados da fase 3, com curto prazo para registro na Anvisa", disse.

Ainda segundo o representante da farmac�utica, a empresa vai trabalhar "dia e noite" para entregar 60 milh�es de doses a S�o Paulo at� fevereiro de 2020.

Segundo Doria, o primeiro lote com 5 milh�es de doses da Coronavac, produzidas na China, chegar� a S�o Paulo ainda em outubro. Pelo cronograma do Estado, o Instituto Butantan deve produzir mais 40 milh�es de doses at� 21 de dezembro, com expectativa de outras 55 milh�es at� maio de 2021.

"Como governador, tamb�m tor�o para que outras vacinas se mostrem eficientes", disse. "N�o estamos em uma corrida por vacina, mas pela vida. Quanto mais vacinas aprovadas e chanceladas pela Anvisa, mais brasileiros ser�o salvos mais rapidamente."

Na ocasi�o, o governador voltou a afirmar que espera come�ar a vacina��o ainda neste ano. "Deveremos, por �bvio, aguardar a finaliza��o dessa terceira e �ltima fase de testagem e a aprova��o da Anvisa, mas j� em dezembro, na segunda quinzena, poderemos iniciar a imuniza��o de acordo com crit�rios da Secretaria de Sa�de e dos protocolos do Minist�rio da Sa�de."

Especialistas t�m apontado que, al�m da comprova��o da efic�cia e da seguran�a da vacina, a imuniza��o em massa tamb�m ter� desafios log�sticos, como estrat�gias de produ��o, distribui��o e aplica��o do produto. A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) j� disse n�o prever imuniza��o em massa antes de 2022.

"O �nico dado que conseguimos extrair do estudo cl�nico � que aparentemente, a vacina � segura. O que n�o significa que ela protege. Isso veremos com o tempo, observando se as pessoas que foram vacinadas t�m covid-19 ou n�o e indiretamente se elas produzir�o anticorpos", explica Alexandre Naime, chefe da Infectologia da Unesp e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia

O pr�ximo passo, de acordo com R�mulo Le�o Silva Neris, virologista da UFRJ, seria avaliar a combina��o das duas grandezas. "As pessoas precisar�o ser monitoradas, pois a produ��o de anticorpos n�o indica necessariamente uma prote��o imediata. � um fato importante, mas n�o o �nico. H� vacinas que precisamos tomar duas vezes na vida, e outras em per�odos regulares pois a resposta (da imuniza��o) � longa mas n�o permanente. Infelizmente, dada a necessidade de uma vacina contra covid-19, n�o conseguiremos esperar para determinar se a resposta dura muito tempo ou n�o", completa.

Corrida das vacinas

O acordo firmado com a Sinovac permite a transfer�ncia de tecnologia ao Butantan, que poder� tamb�m produzir a vacina. No fim de agosto, o governo paulista tamb�m pediu pelo menos R$ 1,9 bilh�o do Minist�rio da Sa�de para ampliar a previs�o de entrega da vacina Coronavac no pr�ximo ano, de 60 milh�es para 120 milh�es de doses. Doria disse nesta quarta-feira que o governo federal prometeu liberar o primeiro lote de R$ 80 milh�es para apoiar o processo de produ��o.

J� o governo federal assinou acordo com a farmac�utica AstraZeneca, que desenvolve com a Universidade de Oxford (Reino Unido), um imunizante que tamb�m est� na fase 3 dos ensaios cl�nicos, com humanos. Esse contrato tamb�m prev� transfer�ncia de tecnologia, para a fabrica��o de doses no Brasil.

Por sua vez, os governos de Paran� e Bahia fecharam parceria com a R�ssia para testar a vacina Sputnik 5, tamb�m em fase final de testes. Ainda segundo infectologistas, ter mais de um imunizante contra a doen�a pode ser necess�rio para garantir prote��o mais ampla da popula��o.

Nesta semana, a Sinovac anunciou e que vai iniciar o teste da vacina tamb�m na Turquia. De acordo com nota da empresa, em um primeiro momento, 1,3 mil profissionais de sa�de entre 18 e 59 anos ser�o volunt�rios no pa�s, nesta etapa considerada em que � testada a efic�cia do imunizante. Em um segundo momento, 12 mil pessoas da popula��o em geral receber�o uma dose da vacina ou um placebo, no intervalo de duas semanas.

Imunizante est� no centro da disputa pol�tica

Para cientistas pol�ticos ouvidos pelo Estad�o, Doria deve colher benef�cios eleitorais caso a vacina��o se inicie na segunda quinzena de dezembro, como � a expectativa do governo. "Ele provavelmente vai trazer � tona cada uma das declara��es do presidente de desprezo pela pandemia, muitas vezes em posturas anti-cient�ficas. Se isso se concretizar vai ter uma for�a enorme para o Doria, que nunca escondeu desde que foi eleito como prefeito de S�o Paulo o desejo � presid�ncia", afirma o soci�logo, cientista pol�tico e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rodrigo Prando.

Ele afirma que, no caso de uma disputa presidencial entre Doria e Bolsonaro, deve ocorrer uma "guerra de n�meros", em que ser�o levantados o n�mero de mortos e sobreviventes, o quanto foi investido no combate ao coronav�rus e at� quanto foi gasto de aux�lio emergencial. "A grande quest�o � como cada uma das narrativas vai ganhar cora��es e mentes do brasileiro".

O cientista pol�tico Cl�udio Couto, professor da FGV-SP, afirma que Doria pode mostrar que come�ou a resolver o problema antes dos outros. "Isso tem um efeito econ�mico, porque se conseguir vacinar permite voltar as atividades econ�micas. Qualquer ganho que ele tiver vai benefici�-lo para voos futuros", afirma. (Colaboraram Larissa Gaspar e Renato Vieira)


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