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Estado de Minas GERAL

Plano para salvar o Pantanal tem de ser diversificado


27/09/2020 07:00

O maior bioma �mido do mundo tamb�m pega fogo. E muito. O Pantanal brasileiro sofre uma das maiores trag�dias ambientais j� registradas no Pa�s, enquanto volunt�rios e brigadistas tentam apagar o fogo e resgatar animais feridos. Mas, no m�dio e longo prazo, quais seriam os caminhos para recuperar o que foi perdido?

O Estad�o ouviu especialistas da �rea ambiental para tentar obter uma esp�cie de plano de recupera��o do Pantanal, que possa trazer de volta os 19% de territ�rio destru�do, segundo o Instituto Centro de Vida.

No olhar desses estudiosos, a atua��o precisa ser diversificada, multidisciplinar, e envolver comunidades locais, produtores do agroneg�cio, sociedade civil, cientistas e poder p�blico.

"O Pantanal � um sistema absurdamente resiliente. Por isso, parece que as pessoas se esquecem do que aconteceu no passado. A restaura��o visual estar� igual em seis meses, mas uma parte do bioma continuar� vazia", adverte Thiago Izzo, p�s-doutor em Biologia, especialista em Ecologia Evolutiva e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Segundo ele, em pouco tempo poder�o ser vistos animais pequenos e plantinhas, mas as grandes esp�cies n�o nascem de um dia para o outro. "Quem n�o conhece os processos e demandas biol�gicos vai achar que tudo se resolveu, mas o que morreu n�o volta t�o f�cil."

O professor defende que, al�m de remediar, � necess�rio impedir que o fogo ocorra novamente. "� importante que no ano que vem, em mar�o, abril, no m�ximo, j� comecem campanhas de preven��o e fiscaliza��o. Desta vez, a aten��o est� se dando no final do processo", lamenta. O pesquisador compara os inc�ndios deste ano � pandemia do novo coronav�rus: "Nunca hav�amos passado por isso". Apesar do hist�rico de fogo que j� existe no bioma em �pocas e extens�es espec�ficas, Izzo afirma que o inc�ndio desta vez "atingiu propor��es in�ditas".

Uma alternativa para os pr�ximos anos, acrescenta, � a t�cnica de fogo controlado, j� utilizada antes, para impedir que esses grandes inc�ndios saiam do controle. As florestas s�o enormes campos de material combust�vel, como folhas secas, madeiras e arbustos. Com as chamas controladas, parte do material j� vai ser consumido, havendo muito menos mat�ria para ser queimada quando a seca chegar.

No entorno

A responsabilidade por conserva��o e restaura��o, no entanto, n�o � s� do Pantanal: o entorno da regi�o influencia no que acontece no bioma �mido. "As grandes fazendas que est�o aterrando riacho para fazer plantio, por exemplo. S�o milhares de riachos e nascentes d'�gua que secam na �poca com pouca chuva, no Cerrado, e isso diminui a quantidade de �gua que chega ao Pantanal", afirma Izzo.

A professora Janaina Guernica, pesquisadora do c�mpus do Pantanal da UFMS, destaca em seu projeto de pesquisa o peso da atividade miner�ria no aumento da vulnerabilidade do bioma. Segundo ela, a extra��o de min�rio de ferro em Corumb� (MS) tem promovido n�o s� a retirada de esp�cies arb�reas da �rea a ser minerada, mas tamb�m um desequil�brio qu�mico no solo da regi�o - e com isso a revegeta��o fica bastante comprometida. "Uma alternativa seria a produ��o de mudas utilizando o pr�prio res�duo do processo de minera��o, para que a quantidade de nutrientes seja corrigida", explica em v�deo no YouTube da UFMS.

De acordo com o climatologista Carlos Nobre, a utiliza��o corriqueira do fogo para abrir novas �reas ou preparar o terreno para renova��o de pastagem e culturas agr�colas deve ser substitu�da por "novas pr�ticas na agropecu�ria nacional". Ele explica que a agricultura moderna n�o usa fogo e desmata muito menos. Ao contr�rio, o conceito moderno de produ��o regenerativa baseia-se em mosaicos de �reas agr�colas cercadas por restaura��o de ecossistemas naturais, que prestam in�meros servi�os ambientais e beneficiam tamb�m a agricultura, mantendo o fluxo de necess�rios polinizadores e reduzindo os extremos clim�ticos. "Tamb�m a agricultura moderna caminha na dire��o de ser mais periurbana e verticalizada, aumentando a produtividade, buscando a economia circular, criando menos polui��o e res�duos e muito menos agrot�xicos."

Mobiliza��o

Todos os pesquisadores ouvidos pelo Estad�o tamb�m destacaram a import�ncia de uma mudan�a de mentalidade no trato do assunto. "Gera��o de conhecimento com base na mobiliza��o da popula��o local" � o foco de �urea Garcia, doutora em Educa��o Ambiental e fundadora da ONG Mulheres em A��o no Pantanal (Mupan), que atua ao lado das comunidades tradicionais.

De acordo com ela, o combate emergencial ao fogo n�o � suficiente para reverter a situa��o: � preciso uma transforma��o do olhar para o territ�rio. "Quando pensamos no Pantanal, temos uma diversidade de atores e interesses. N�o tem como olhar a curto prazo", afirma. A pesquisadora destaca a import�ncia de disseminar o conhecimento nas comunidades locais. A inten��o � promover discuss�es e levar informa��o a elas, fazendo popula��o e lideran�as locais "reconhecerem o Pantanal enquanto um territ�rio de vida".

"Que essas comunidades tamb�m se sintam parte, que n�o seja somente um espa�o onde vivem, e tenham considera��o em rela��o a conserva��o e sustentabilidade", diz. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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