Bi�grafa da agr�noma recolheu hist�rias durante seis anos

A ge�grafa Virg�nia Knabben, que escreveu a biografia de Ana Primavesi (Ana Primavesi - hist�rias de vida e agroecologia, pela editora Express�o Popular), foi uma das pessoas que se encantaram com a agr�noma austr�aca antes mesmo de conhec�-la. "Quando eu ouvi, pela primeira vez, os CDs �Conversas com Ana Primavesi� e o jeito n�tido com que ela explicava as coisas, eu me encontrei na vida", lembra Virg�nia, que se formou em Geografia na Universidade de S�o Paulo (USP). "Eu ouvi os CDs in�meras vezes, tanto que algumas falas sei de cor."

Esses �udios e v�rios outros v�deos com palestras e ensinamentos sobre solos e agroecologia est�o dispon�veis no site anamariaprimavesi.com.br, idealizado e administrado pela pr�pria Virg�nia.

Para a ge�grafa, que tamb�m d� aulas particulares, o que chamou mais aten��o em Ana Primavesi foi o seu "encanto pela natureza". "A maneira como ela apresentava os processos prova que a natureza n�o � algo dif�cil de ser entendido", comenta. "Foi isso o que me 'cooptou' para a agroecologia."

O fasc�nio fez com que Virg�nia Knabben se aproximasse de Ana Primavesi e propusesse a ela e � fam�lia escrever sua biografia. "Um dia, no Parque da �gua Branca (zona oeste da capital paulista), numa manh� de aut�grafos, encontrei a filha dela, Carin Primavesi, e tive a aud�cia de perguntar se podia escrever a hist�ria da m�e dela - que eu n�o tinha a m�nima no��o de qu�o incr�vel era", lembra. "No in�cio, como n�o me conhecia, ficou meio ressabiada, mas depois acabou falando com a dra. Ana e ambas aceitaram."

A partir da�, foram pelo menos seis anos de uma privilegiada conviv�ncia e muita proximidade com a engenheira agr�noma, "que, ao mesmo tempo que era muito direta ao falar o que pensava, n�o era de muita conversa", comenta Virg�nia.

Esse foi um dos motivos, al�m da idade avan�ada, que dificultaram a montagem do "quebra-cabe�as" da jornada de vida da agr�noma, desde a �ustria, passando pela 2� Guerra Mundial, onde perdeu dois irm�os, al�m de tios e primos, e tamb�m foi presa, �s descobertas agron�micas na Universidade de Viena, passando pelo casamento com Artur Primavesi, a migra��o ao Brasil e a recupera��o agroecol�gica do ic�nico s�tio em Ita� (SP), entre outros in�meros acontecimentos.

At� que, pesquisando documentos reunidos ao longo de d�cadas por Ana Primavesi e pela fam�lia, e que estavam guardados num quarto da casa na zona sul de S�o Paulo, Virg�nia encontrou uma "mina de ouro": um di�rio, escrito em alem�o, de Ana Primavesi, que preencheu v�rias lacunas na narrativa.

"Antes, eu ia na casa dela, ela contava uma historinha aqui, outra ali, eu registrava", relembra. "Depois queria saber algum detalhe, mas ela n�o lembrava; a� Carin e seu irm�o, Odo Primavesi, acabavam lembrando e a gente ia costurando a colcha de retalhos", conta Virg�nia, acrescentando que igualmente importante no processo foi a consulta a v�rios precursores da agroecologia, amigos de Ana Primavesi, que, em visitas � casa da agr�noma, no meio de bate-papos, deram contribui��es valiosas � narrativa. "Shiro Miyazaka, por exemplo, muito amigo dela, foi o introdutor da soja no Brasil."

Por fim, com a biografia impressa, Virg�nia relembra o relato de Carin: "O livro chegou na casa da dra. Ana no in�cio da tarde, hora em que ela sempre dormia, logo depois do almo�o. Nesse dia, por�m, ela n�o fez isso. Sentou na sala de TV e l� passou a tarde toda, lendo o livro", conta. "Finalizando, olhou para Carin e disse: mas a Virg�nia est� de parab�ns. O livro est� muito bonito." Virg�nia afirma que guardou esse elogio "para a vida". "Receber um elogio da dra. Ana Primavesi n�o era muito simples."

Hoje o livro est� em sua segunda edi��o, com cinco reimpress�es e 5 mil exemplares vendidos. E, em comemora��o aos 100 anos de Ana Primavesi, outro texto in�dito acaba de ser lan�ado pela editora Express�o Popular: Cartilha da Terra, voltado para extensionistas e produtores rurais, na tarefa de Ana Primavesi de faz�-los conhecer os princ�pios fundamentais da natureza para a produ��o agroecol�gica.