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Estado de Minas GERAL

Nobel de Medicina chama aten��o para a hepatite C no mundo


05/10/2020 19:09

O pr�mio Nobel de Medicina concedido aos descobridores do v�rus da hepatite C revela os grandes avan�os feitos no diagn�stico e tratamento da infec��o nos �ltimos 30 anos, mas tamb�m os obst�culos que ainda existem para a erradica��o da doen�a at� 2030, de acordo com a meta da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS).

S�o pelo menos 70 milh�es de casos hoje no mundo, com mais 400 mil mortes por ano, segundo a OMS. No Brasil, cerca de 700 mil pessoas vivem com hepatite C. De acordo com o �ltimo boletim, foram 27.773 mil novos casos e 1574 mortes em 2018. As regi�es mais atingidas do planeta s�o Europa Oriental, Egito, �ndia e partes da �sia. A hepatite C ainda � a principal respons�vel pelos casos de cirrose e c�ncer de f�gado, que podem levar � necessidade de um transplante.

Os pesquisadores americanos Harvey J. Alter e Charles M. Rice e o brit�nico Michael Houghton foram os laureados com o Nobel de Medicina por suas descobertas que levaram ao desenvolvimento de drogas capazes de curar a doen�a em 99% dos casos.

"Pela primeira vez na hist�ria, a doen�a pode ser curada, aumentando as chances de erradica��o do v�rus da hepatite C no mundo", justificou o comit� do Nobel, ao anunciar o pr�mio em Estocolmo.

O grande desafio agora � fazer com que os rem�dios se tornem dispon�veis para todos a um custo mais baixo que o atual, evitando a dissemina��o viral que ainda ocorre sobretudo entre usu�rios de drogas injet�veis. No Brasil, o rem�dio � distribu�do pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS) gratuitamente.

"O que precisamos agora � da vontade pol�tica de erradicar a doen�a", afirmou Alter, depois de saber que havia sido laureado.

Outro grande desafio � a subnotifica��o. Muitas vezes, a infec��o no f�gado leva at� 30 anos para manifestar os primeiros sintomas (por isso � chamada de 'doen�a silenciosa') e as pessoas n�o sabem que est�o infectadas. N�o diagnosticada e n�o tratada a doen�a evolui perigosamente para a cirrose e o c�ncer de f�gado.

Os cientistas j� conheciam os v�rus da hepatite A e B, mas apenas em 1989 o grupo de Alter conseguiu identificar o v�rus da hepatite C.

"Hoje, tomamos como certo que se recebermos uma transfus�o de sangue, n�o vamos ficar doentes", afirmou Rice. "Mas n�o era assim antes de podermos testar todos os estoques de sangue."

Atualmente � a �nica doen�a viral cr�nica que pode ser curada em praticamente todos os casos em apenas poucos meses de tratamento.

"Esse � um dos maiores casos de sucesso da medicina moderna", resumiu o infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do setor de infectologia da Unesp. "Em pouco mais de 30 anos identificamos um agente n�o conhecido, isolamos o v�rus, chegamos a um diagn�stico preciso e desenvolvemos um tratamento capaz de curar a doen�a em 99% dos casos."

No entanto, um dos maiores desafios da hepatite C � a subnotifica��o. Muitas vezes, a infec��o no f�gado leva at� 20 anos para manifestar os primeiros sintomas e as pessoas n�o sabem que est�o infectadas. N�o diagnosticada e n�o tratada ela pode levar � cirrose e ao c�ncer de f�gado -- principais causas de transplante.

Alter, de 85 anos, trabalhou durante d�cadas no Instituto Nacional de Sa�de dos EUA e continua em atividade at� hoje. Houghton, de 69 anos, trabalhou na farmac�utica Chiron, na Calif�rnia, antes de ir para a Universidade de Alberta, no Canad�. Rice, de 68 anos, trabalhou com hepatite na Universidade de Washington, em St. Louis e, atualmente, est� na Universidade Rockefeller, em Nova York.

Alter foi o primeiro a descobrir que muitos pacientes que n�o apresentavam o v�rus da hepatite A ou B tamb�m desenvolviam a inflama��o no f�gado. Por anos, no entanto, inferia-se que haveria um outro v�rus, que eles chamavam de n�o-A e n�o-B, mas n�o se conseguia isol�-lo. Somente em 1989, o grupo de Houghton conseguiu isolar o v�rus.

"Trabalho com hepatite desde os anos 80 e te digo que a gente apanhou, ela deu um baile na gente", afirmou o infectologista Celso Granato, da Escola Paulista de Medicina, referindo-se � dificuldade de isolar o v�rus da hepatite. "Vi muita gente querendo rasgar o diploma."

Posteriormente, o grupo de Rice constatou que o v�rus, de fato, era o respons�vel pela infec��o e o desenvolvimento da doen�a em humanos, levando ao desenvolvimento de testes e tratamentos.

"N�o vemos casos de transmiss�o de hepatite C pelo sangue desde 1997", disse Alter. "Atualmente, podemos curar virtualmente todo mundo que � diagnosticado. Com isso, � poss�vel que consigamos erradicar a doen�a ainda na pr�xima d�cada, como espera a OMS."

Alter e Rice est�o trabalhando atualmente na pesquisa do coronav�rus. Houghton tenta desenvolver uma vacina contra a hepatite C e espera come�ar os testes cl�nicos j� no ano que vem, nos EUA, na Alemanha e na It�lia.

Os tr�s cientistas v�o dividir o pr�mio de dez milh�es de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milh�es). O pr�mio de Medicina anunciado ontem, � o primeiro de seis que ser�o revelados ao longo desta semana. Os demais s�o f�sica, qu�mica, literatura paz e economia.


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