As atividades agropecu�rias n�o s�o o principal respons�vel pelo desmatamento da Amaz�nia, afirmou nesta quinta-feira o superintendente da Pol�cia Federal (PF) no Amazonas, Alexandre Saraiva. A derrubada da floresta � feita, principalmente, para a extra��o ilegal de madeira e para a grilagem de terras, a cargo de uma "organiza��o criminosa", segundo o delegado. "N�o estou dizendo que o setor agr�cola n�o tenha cota de responsabilidade no desmatamento, mas uma grande parte do desmatamento � produzida por uma organiza��o criminosa", afirmou o superintendente da PF no Amazonas.
"O tr�fico internacional de madeira � a mola mestra do desmatamento", acrescentou Saraiva, num painel durante a Semana BNDES Verde, iniciada na �ltima segunda-feira, 19, com semin�rios transmitidos pela internet todos os dias at� a sexta-feira, 23. "O desmatamento � feito por uma organiza��o criminosa, com tent�culos em v�rias �reas da sociedade, incluindo o servi�o p�blico", completou o superintendente da PF no Amazonas.
Segundo Saraiva, investiga��es como as da Opera��o Arquimedes mostraram que servidores p�blicos de �rg�os ambientais, incluindo estaduais, participam de esquemas de extra��o ilegal de madeira, dando licen�as fraudulentas para a explora��o de terras. Por isso, o combate ao desmatamento passa pela investiga��o e o enfrentamento do tr�fico internacional de madeira.
O Superintendente da PF no Amazonas destacou que a observa��o de campo mostra que as �reas desmatadas na Amaz�nia n�o s�o ocupadas por produ��o agropecu�ria. Em geral, as terras ficam degradadas, ap�s a extra��o de madeira para o tr�fico internacional, e depois s�o griladas.
Para sustentar a observa��o, Saraiva citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), que apontariam que, nos �ltimos dez anos, o rebanho bovino de Apu� (AM), munic�pio onde o desmatamento mais cresce, se manteve inalterado em torno de 140 mil cabe�as. Enquanto isso, � poss�vel encontrar, em sites nos Estados Unidos e na Europa, o ip� brasileiro a pre�os equivalentes aos de madeiras nativas desses locais, como o pinus.
Saraiva aproveitou para criticar a postura de pa�ses europeus, que cobram do Brasil o controle do desmatamento, mas fazem pouco pelo controle da compra de madeira ilegal. Segundo o superintendente da PF no Amazonas, enquanto a legisla��o da Uni�o Europeia (UE) imp�e severas regras de rastreabilidade da carne bovina exportada pelo Brasil, nada cobra sobre a origem da madeira brasileira e amaz�nica vendida na Europa.
Desmatamento
Alexandre Saraiva tamb�m afirmou que � otimista em rela��o ao sucesso no combate � derrubada ilegal da floresta. "A situa��o � grave, mas estamos trabalhando", afirmou Saraiva no painel da Semana BNDES Verde.
Segundo o delegado, nos �ltimos dois anos, houve avan�os nas ferramentas tecnol�gicas dispon�veis para combater os crimes ambientais na Amaz�nia. Saraiva frisou que a extra��o de madeira em �reas de conserva��o � ilegal porque s�o terras da Uni�o, um bem p�blico, que, al�m disso, "t�m valor".
"Vim h� dez anos para a Amaz�nia, como volunt�rio. N�o tinha otimismo, mas, depois desse tempo, sou otimista, acho que vamos reverter o quadro", afirmou Saraiva.
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