
As conclus�es est�o em artigo que traz os dados completos do estudo financiado pelo Minist�rio da Ci�ncia e Tecnologia e Inova��es (MCTI), cujos resultados parciais foram apresentados em uma cerim�nia no Pal�cio do Planalto que causou pol�mica na segunda-feira.
Na ocasi�o, o governo federal usou um gr�fico de barras tirado de um banco de imagens, sem base nos dados reais da pesquisa, para ilustrar a efic�cia do medicamento. No v�deo de apresenta��o da conclus�o do estudo, um narrador afirma, ao mesmo tempo em que o gr�fico � mostrado, que "o resultado comprovou de forma cient�fica a efic�cia do medicamento na redu��o da carga viral na fase precoce da doen�a".
Na data do evento, o ministro Marcos Pontes justificou que o estudo completo n�o foi apresentado, pois os dados precisavam ser in�ditos para a publica��o em peri�dico cient�fico.
Os dados completos foram publicados ontem, na plataforma medRxiv, que re�ne artigos na vers�o pr�-print, ou seja, que ainda n�o foram publicados em revistas cient�ficas nem passaram por revis�o de outros pesquisadores.
De acordo com informa��es do artigo, 392 pacientes participaram do estudo, dos quais 194 tomaram nitazoxanida por cinco dias e 198 receberam placebo. Foram inclu�dos na pesquisa somente doentes com quadros leves, ainda nos cinco primeiros dias de sintomas.
Ap�s cinco dias de tratamento, o n�mero de pacientes que ainda apresentavam sintomas era similar nos dois grupos: tanto o medicado quanto o placebo, o que indica que a administra��o da droga n�o fez diferen�a. Esse era o chamado "desfecho prim�rio" avaliado no estudo, ou seja, o principal indicador de monitoramento, no qual o medicamento falhou.
J� no seguimento dos pacientes ap�s uma semana, considerado "desfecho secund�rio", o porcentual de doentes que relataram completa resolu��o dos sintomas foi de 78% no grupo que tomou nitazoxanida e 57% no grupo placebo, o que, de acordo com os autores, representa diferen�a estatisticamente significativa.
O �ndice de pacientes que apresentaram exame PCR negativo ap�s sete dias tamb�m foi maior entre o grupo medicado: 29,9% ante 18,2%. N�o foram observadas diferen�as significativas de ocorr�ncia de eventos adversos entre os dois grupos.
O rem�dio, no entanto, n�o foi capaz de reduzir hospitaliza��es pela doen�a. De acordo com o artigo, dez pessoas foram internadas por agravamento do quadro, cinco de cada grupo do estudo. No grupo da nitazoxanida, dois pacientes tiveram de ser transferidos para a UTI.
"O que foi alcan�ado foi benef�cio secund�rio, de redu��o de carga viral, mas isso n�o quer dizer que houve diminui��o da transmiss�o porque n�o foi isso que o estudo se prop�s avaliar", afirma Alexandre Naime Barbosa, chefe da infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), especialista que n�o participou do estudo.
Para a infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a negativa��o mais precoce do PCR pode ter efeito positivo se reduzir o tempo que o doente transmite o v�rus, mas mais estudos s�o necess�rios.