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Estado de Minas GERAL

Novo polo de arranha-c�us, Tatuap� inaugurar� maior pr�dio de S�o Paulo


26/10/2020 12:00

Os pr�dios erguidos nas �ltimas d�cadas no Tatuap� parecem nanicos perto dos novos arranha-c�us em obras no distrito da zona leste de S�o Paulo. Em 2021, a regi�o passar� a ter o maior residencial e o maior edif�cio da cidade, destronando um recorde de mais de cinco d�cadas do Mirante do Vale, no centro.

Mais do que isso, as constru��es tamb�m devem consolidar a regi�o como polo corporativo e residencial de alto padr�o, rivalizando com eixos da zona sul. Para a incorporadora respons�vel pelos projetos, o Tatuap� poder� se tornar uma vers�o "melhorada" da Avenida Berrini, com funcionamento n�o restrito ao hor�rio comercial.

O futuro maior pr�dio de S�o Paulo � o Platina 220, com 172 metros de altura, 2 a mais do que o atual recordista. Ele ter� uso misto e reunir�, em uma �nica torre, quartos de hotel, apartamentos (de 35 a 70 m2), escrit�rios, lojas e lajes corporativas.

Esse tipo de perfil de uso se repete com pequenas varia��es nos demais cinco edif�cios do chamado Eixo Platina, idealizado pela incorporadora Porte. Parte dos demais lan�amentos inclui tamb�m coworking, centro de conven��es e o que � anunciado como o futuro maior teatro da Am�rica Latina.

Moniza Camilo, coordenadora de incorpora��o e novos neg�cios da empresa, afirma que esse modelo � uma forma de atender uma demanda da popula��o local que, ao ascender profissional e economicamente, acaba migrando para outras regi�es da cidade, mais pr�ximas dos atuais eixos de neg�cios.

"� uma forma de tentar promover um equil�brio em S�o Paulo, de trazer equipamentos que fazem sentido para a regi�o", justifica, ao citar lajes corporativas e apartamentos pequenos como exemplos. Para ela, esse tipo de empreendimento tamb�m pode atrair moradores de outras partes da cidade para o Tatuap�.

Paralelo � Radial Leste e a esta��es de metr�, o Eixo Platina aplica propostas urban�sticas incentivadas pelo atual Plano Diretor, como a fachada ativa (com�rcio no t�rreo), por exemplo, e tamb�m se prop�e a alargar as cal�adas do entorno e investir em paisagismo e mobili�rio urbano. Por outro lado, outro empreendimento da Porte no distrito, o Figueira, futuro maior residencial da cidade, desbancando o Complexo Cidade Jardim, na zona sul, tem 168 metros porque foi projetado antes da mudan�a na legisla��o, que hoje restringe espig�es nos miolos de bairro.

Com entrega para junho, o Figueira � focado em um p�blico que o mercado chama de "premium" e, por isso, deve ter impacto reduzido no fluxo de moradores no entorno. Ao todo, s�o 48 apartamentos, dos quais 47 deles t�m 337 m2, quatro su�tes e cinco vagas, al�m de uma cobertura duplex com 594 m2.

Moradores divididos

A novidade � tema frequente nas ruas e nas redes sociais de moradores da regi�o, que est�o divididos. Enquanto parte usa adjetivos como "horr�vel", "cafona", "desnecess�rio" e "esquisito", a outra comenta com "maravilhoso", "magn�fico" e "top".

Os mais saudosistas lembram de d�cadas passadas em que a regi�o praticamente n�o tinha constru��es verticais. Outros brincam com a situa��o, dizem que a sombra chegar� at� outros distritos da zona leste e fazem compara��es com Balne�rio Cambori�, cidade catarinense que concentra os maiores arranha-c�us do Pa�s, inclusive o recordista nacional, com 280 metros de altura (o mundial fica em Dubai, com 829m).

Morador do distrito, o urbanista Lucas Chiconi � cr�tico de alguns aspectos dos projetos, especialmente ap�s um dos empreendimentos do Eixo Platina demolir um ter�o de uma antiga vila. "Era um dos nossos referenciais mais afetivos", diz sobre o conjunto, cuja maior parte restante foi posteriormente derrubada por outro propriet�rio sem liga��o com a incorporadora.

Ele tamb�m lamenta que esse aumento do interesse pela regi�o leve ao encarecimento do custo de vida local, o que afirma j� ocorrer com a sa�da de moradores para bairros mais distantes. "Esse progresso � para quem? O pre�o das coisas est� aumentando", questiona.

Tamb�m urbanista e da regi�o, Cirlene Mendes da Silva � mais otimista em rela��o aos projetos e fala do potencial para aproximar a moradia do emprego, mantendo a popula��o da zona leste na zona leste. Ela destaca que o distrito come�ou a se verticalizar mais a partir dos anos 90. O movimento - no come�o mais pronunciado no bairro An�lia Franco , ganhou refor�o no com�rcio e servi�os paulatinamente, em especial ap�s a inaugura��es de shoppings. Antes disso, a chegada do metr� j� havia transformado a regi�o.

"O Tatuap� sempre teve um uso preponderantemente residencial. Desde a d�cada 70/80, muita gente de outros bairros da zona leste ia ao Tatuap� pela maior oferta desses servi�os e com�rcio", diz. "Havia pr�dios comerciais mais espor�dicos, mas n�o corporativos para empresas grandes, multinacionais. Tinha escrit�rios com m�dico, dentista, advocacia. Dentro da zona leste, � o distrito com maiores condi��es, vai trazer outro padr�o para o Tatuap�."

Passado e futuro

O processo de verticaliza��o em S�o Paulo come�ou na primeira d�cada do s�culo 20, no centro, e se expandiu nas seguintes, com constru��es hoje ic�nicas, como os edif�cios Martinelli, Altino Arantes (atual Farol Santander), Mirante do Vale e It�lia. Esse movimento se expandiu por outros distritos, mas mudou com a cria��o de leis que cobram para construir acima do coeficiente m�ximo m�nimo e limitam a altura limite.

Hoje, dos 25 arranha-c�us constru�dos ou lan�ados, 17 est�o na zona sul, especialmente nos distritos de Itaim Bibi, Morumbi e Santo Amaro. Na zona leste, os �nicos representantes s�o os ainda n�o entregues Figueira e Platina 220 e o Josephine Baker, inaugurado em 2014, na Vila Formosa, com 143 m.

Como explica a professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie Nadia Somekh, a capital teve uma redu��o no ritmo de verticaliza��o em 2004, que acabou se tornando mais intensa em outros munic�pios da regi�o metropolitana. "(A verticaliza��o) � resultado do movimento dos capitais e dos interesses do setor imobili�rio, mais do que a regulamenta��o", diz autora do livro A Cidade Vertical e o Urbanismo Moderno.

Hoje, o desenvolvimento desse mercado ocorre de forma fragmentada, em submercados aquecidos, a exemplo do Tatuap� ou de eixos da zona sul, como o entorno das Avenidas Berrini, das Na��es Unidas e Chucri Zaidan, dentre outras. Mesmo com a retomada mais recente, a especialista destaca que a demanda por grandes edif�cios corporativos pode mudar com a perman�ncia do home office ou trabalho h�brido ap�s a pandemia.

Doutorando em Arquitetura e Urbanismo e diretor de uma incorporadora, Hugo Louro e Silva explica que a verticaliza��o � um procedimento que depende de maior investimento, para adotar-se tecnologias e t�cnicas que garantam a seguran�a e efetividade da constru��o. "� muito mais caro construir do que um pr�dio de 18 ou 20 andares."

Por isso, ele ressalta, esse tipo de constru��o acaba restrito a �reas mais valorizadas, nas quais as incorporadas t�m mais certeza da procura. Dentro dessa l�gica, ele v� que o perfil do Tatuap� deve mudar ainda mais. "Em curt�ssimo prazo, vai virar um mix da densidade de Moema (mediana) com a solu��o geom�trica de Balne�rio Cambori�. E pode ser que isso ocorra daqui a 20 anos na Penha ou no Belenzinho."

Mirante do Vale

Erguido aos p�s do Vale do Anhangaba� e do Viaduto Santa Ifig�nia, o Edif�cio Mirante do Vale chega aos 54 anos em um momento de renova��o. Hoje ainda o maior pr�dio da cidade e antes o mais alto do Pa�s por d�cadas, est� em um processo de convers�o de uso informal, em que ao menos dezenas de conjuntos est�o sendo transformados em apartamentos, atraindo moradores pela primeira vez.

Tamb�m chamado de Pal�cio W. Zarzur, o pr�dio � originalmente comercial, reunindo milhares de escrit�rios de empresas e profissionais liberais, e passou a viver a transforma��o recente ao adotar uma portaria 24 horas. Isso atraiu o interesse de compradores de diferentes portes, que, com uma �nica unidade ou v�rias em diferentes andares, apostam em loca��o de curto e de longo prazo ofertada em plataformas como Airbnb, Booking e Quinto Andar, e tamb�m por meio de imobili�rias.

Uma dessas pessoas � a produtora Viviane Dias, de 37 anos, que est� terminando a reforma de uma unidade do 24.� andar, cujo andamento divulga em um perfil de Instagram chamado Loft Mirante do Vale. Vizinha do pr�dio, ela percebeu por acaso que as luzes durante a noite se tornaram mais frequentes e resolveu se informar na portaria. Em menos de um m�s, j� tinha adquirido o im�vel.

"A gente sabe que � uma regi�o de muita procura, de gente para fazer curso, trabalhar, conhecer a regi�o, que tem turismo no entorno", justifica. Para ela, o Mirante pode se tornar "o novo Copan" - cujos apartamentos atraem ensaios fotogr�ficos, turistas e paulistanos pela paisagem - se receber mais investimentos em melhorias.

Um dos setores que tamb�m t�m apostado no pr�dio � o de coliving, com ao menos duas empresas do tipo com apartamentos em obras ou j� ocupados, com o formato de morador �nico (pelo tamanho dos espa�os, adaptados para ser um studio ou quitinete). Uma delas � a Yuca, que tem duas unidades no edif�cio, ambas com fila de espera.

Segundo Rafael Steinbruch, s�cio-fundador da empresa, o Mirante chama a aten��o pela localiza��o e acessibilidade a diferentes tipos de transporte e atra��es, al�m da vista. "Para o paulistano, ainda existe muita desconfian�a com o centro. Tem at� maior aceita��o com gente de fora", diz ao citar um dos inquilinos que ele tem no pr�dio, um franc�s.

"� um exemplo de que diferentes usos conseguem conviver harmoniosamente, � democr�tico, n�o sobrecarrega o pr�dio. � muito mais sustent�vel o uso misto do que o uso s� residencial ou comercial", defende.

At� hoje, a empresa que construiu o edif�cio, a W. Zarzur, ocupa os �ltimos andares, onde est�o seus escrit�rios e cuja cobertura costuma alugar para festas e eventos. "Foi muito arrojado naquele momento fazer mais de 50 andares, de levar material l� em cima. A log�stica era muito diferente do que se vivia no contexto na �poca, sem grua, sem concreto bombeado", comenta Rog�rio Atala, diretor executivo de engenharia.

Projetado pelo engenheiro Waldomiro Zarzur juntamente com o arquiteto engenheiro Aron Kogan, o pr�dio tem 51 andares e 170 metros. Para Atala, mesmo com um edif�cio em obras no Tatuap� prestes a se tornar o maior da cidade, o Mirante seguir� um �cone. "Ser mais alto n�o � s� o que vale. A vista que tem aqui � algo �nico e gera curiosidade."

Embora diga desconhecer o uso misto informal, ele cr� que o espa�o tem potencial para atrair moradores. "Se isso acontecer, acho que vai ter uma demanda. Os jovens est�o querendo voltar a morar no centro." Procurada, a administra��o do edif�cio negou haver apartamentos no local e n�o concedeu entrevista. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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