Emiss�es de gases estufa no Brasil subiram 9,6% em 2019 com alta no desmatamento

O Brasil aumentou sua contribui��o no ano passado com o aquecimento global. As emiss�es de gases de efeito estufa, como o g�s carb�nico, subiram 9,6% em 2019. No primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, a alta de desmatamento, principalmente na Amaz�nia, foi a principal respons�vel pelo aumento de emiss�es.

Os dados s�o do Sistema de Estimativas de Emiss�es de Gases de Efeito Estufa (Seeg), ligado ao Observat�rio do Clima. De acordo com o levantamento, o Pa�s lan�ou no ano passado na atmosfera 2,17 bilh�es de toneladas brutas de di�xido de carbono equivalente (CO2e), ante 1,98 bilh�o de toneladas de CO2e em 2018. Com o aumento, fica mais dif�cil para o Brasil cumprir sua meta interna de redu��o de emiss�es at� 2020, que tinha sido estabelecida na Pol�tica Nacional sobre Mudan�a do Clima (PNMC), de 2010.

"O PIB nacional no mesmo ano subiu 1,1%, o que sugere que as emiss�es no Brasil, diferentemente das da maioria das outras grandes economias, est�o descoladas da gera��o de riqueza", indicaram os pesquisadores respons�veis pela an�lise.

O Seeg, que chega a sua oitava edi��o, estima, de modo independente ao invent�rio que tem de ser feito pelo governo federal, quanto foram as emiss�es da cada setor da economia a cada ano, seguindo metodologia recomendada pela ONU para fazer esse tipo de c�lculo. De acordo com o levantamento, o setor de mudan�a do uso da terra, onde entram os dados de desmatamento, teve uma alta de 23% no passado, respondendo por 968 milh�es de toneladas de CO2e. Em 2018, o setor emitiu 788 milh�es de toneladas de CO2e.

O dado reflete a alta de 34% no desmatamento da Amaz�nia no per�odo de agosto de 2018 a julho de 2019, em rela��o aos 12 meses do per�odo anterior, batendo pela primeira vez, desde 2008, a marca de 10 mil km� de devasta��o na regi�o. A pol�tica de clima tinha como meta principal que o desmatamento da Amaz�nia ca�sse 80% at� 2020 (em rela��o � m�dia observada entre 1996 e 2005), chegando a cerca de 3,9 mil km�.

Segundo a an�lise feita pelo Seeg, por�m, desde que a PMNC entrou em vigor, as emiss�es do setor de uso da terra cresceram 64% no Brasil. Altas recentes acabaram jogando por terra um grande esfor�o que tinha sido feito de redu��o do desmatamento at� 2012.

"Estamos numa contram�o perigosa. Desde 2010, ano de regulamenta��o da lei nacional de clima, o Pa�s elevou em 28% a quantidade de gases de efeito estufa que despeja no ar todos os anos, em vez de reduzi-la", disse Tasso Azevedo, coordenador do Seeg, em nota � imprensa.

"No ritmo em que est� e com os indicativos de que dispomos, o Pa�s n�o consegue cumprir a meta de 2020 e se afasta da de 2025", complementa. A meta total para 2020 era de reduzir as emiss�es nacionais de 36,8% a 38,9% em rela��o � trajet�ria que se imaginava que elas fossem seguir quando a pol�tica foi aprovada. De acordo com os c�lculos do Seeg, mantida em 2020 a varia��o m�dia das emiss�es dos �ltimos dez anos, o Pa�s ultrapassar� em cerca de 9% o limite menos ambicioso da meta.

Considerando que o desmatamento observado entre agosto do ano passado e julho deste ano dever� vir ainda mais alto que no ano anterior, a expectativa � mesmo que as emiss�es ficar�o mesmo al�m da meta. Sobre 2025, Azevedo se refere ao compromisso feito pelo Brasil junto ao Acordo de Paris, de reduzir em 37% as emiss�es totais at� aquele ano, na compara��o com o que era emitido em 2005.

"O Pa�s j� chega devendo em 2021, ano em que deveria ter in�cio o cumprimento da NDC, nossa meta nacional no Acordo de Paris", diz Marcio Astrini, secret�rio-executivo do Observat�rio do Clima. "Com um governo negacionista da mudan�a clim�tica e que nem sequer entregou um plano de implementa��o da NDC at� agora, nossa participa��o no Acordo de Paris se resume a uma assinatura num peda�o de papel. Isso ter� consequ�ncias s�rias para a inser��o internacional do Brasil e para nosso com�rcio exterior", disse.