Pelas ruas de Macap�, o s�bado, 7, foi de tens�o, preju�zo no com�rcio, pequenos conflitos e busca desesperada por �gua. Sem energia el�trica, as bombas das tubula��es da rede e os sistemas dos po�os artesianos n�o funcionaram.
A capital � um dos 13 munic�pios do Amap� que sofrem com um apag�o desde a noite de ter�a-feira, 3, quando um inc�ndio atingiu uma subesta��o de energia da capital. Amapaenses relataram dificuldade para conseguir �gua e comida ao longo da semana.
Durante a tarde deste s�bado, o Estad�o presenciou moradores em uma tentativa de encher gal�es e baldes de �gua. A 600 metros da resid�ncia oficial do governo do Estado, na regi�o central de Macap�, um grupo descobriu um cano pelo qual corria �gua pot�vel. A terra foi cavada e o cano, furado para a retirada de �gua.
A tubula��o abastecia o quiosque do comerciante Joel Silva, de 46 anos. Um princ�pio de tumulto foi armado. "Todo mundo tem necessidade, voc�s n�o t�m de chegar aqui quebrando", reclamou ele. "Olha o preju�zo que me deram", continuou. Foi o pr�prio comerciante quem tinha feito o encanamento h� sete anos.
� um drama extra para quem vive sob os 33 graus que os term�metros marcaram ontem, com sensa��o t�rmica pr�xima dos 40. Enquanto Joel reclamava, o morador Raimundo da Costa, de 45 anos, apareceu com uma caixa de mil litros para encher de �gua. "O Amap� tem um monte de hidrel�trica e o que tem para n�s � isso daqui", criticou ele.
Nos bairros da periferia da �nica capital brasileira na margem do Rio Amazonas, baldes, garrafas e recipientes s�o vistos a postos em frente �s casas. A �gua ficou cara. Gal�es que eram vendidos a R$ 6 agora saem a R$ 17.
At� carregar a bateria do celular virou neg�cio. Pelos relatos, comerciantes cobram entre R$ 5 e R$ 10 para emprestar as tomadas de estabelecimentos que t�m pequenos geradores.
Coopera��o
Mas a solidariedade tamb�m marca presen�a nas cidades sem energia el�trica. O gerente de um posto de combust�veis de Santana, a cerca de 25 quil�metros de Macap�, liberou o acesso ao reservat�rio abastecido por um po�o. Ele tamb�m autorizou o uso das tomadas. "As pessoas precisam se comunicar com os parentes. Sem �gua e sem energia piora tudo", afirmou o gerente Benedito Batista, 30 anos.
A moradora Marlene Dutra Viana levou ao posto n�o apenas o celular, mas uma bicicleta el�trica. "� o que uso para andar pela cidade, fazer compras", conta. Tornou-se comum, a cada esquina, grupos em volta de uma tomada de energia para carregar os aparelhos de telefone.
A falta de energia comprometeu o j� combalido setor pesqueiro do Estado. No Mercado do Pescado Igarap� das Mulheres, no bairro do Perp�tuo Socorro, em Macap�, comerciantes faziam as contas dos preju�zos com os aparelhos de freezer desligados. Pacus, branquinhas e pescadas apodreciam nas geladeiras. O cheiro forte tomou conta do espa�o. O descarte de quilos de peixes nos cont�ineres de lixo atra�ram urubus.
O apag�o de energia foi mais um golpe enfrentado por comerciantes e pescadores neste ano. Em mar�o, com o in�cio da pandemia do novo coronav�rus, o com�rcio foi paralisado, retornando semanas depois. Pela estimativa do governo, seis mil pescadores atuam na regi�o central de Macap�. O restabelecimento da energia na capital e no entorno, propagado pelo governo, ainda � inst�vel.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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Apag�o no Amap�: peixes apodrecem sem geladeira e aluguel de tomadas vira neg�cio
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