
Na noite de s�bado, 7, e madrugada de domingo, um protesto em Rem�dios II, no munic�pio de Santana, a 20 quil�metros de Macap�, foi reprimido pela tropa de choque do Batalh�o de Opera��es Especiais da Pol�cia Militar. Os agentes dispersaram a manifesta��o, que bloqueou com fogo e pneus uma das vias de acesso � cidade, de cerca de 120 mil habitantes.
Neste s�bado, o governo federal anunciou a retomada do abastecimento de 65% da energia, com um sistema de rod�zio. Moradores, por�m, relatam instabilidade em Macap� e no entorno. A previs�o oficial � que a situa��o seja totalmente normalizada s� no fim desta semana, mas a Justi�a obrigou o restabelecimento da energia no Estado em at� tr�s dias.
Protestos de moradores pela falta de uma solu��o para a interrup��o da rede el�trica e de �gua, que depende de bombas, acontecem desde a �ltima ter�a-feira, 3, em pontos diferentes do Estado, incluindo a capital. Uma subesta��o de energia pegou fogo na ter�a, o que deu origem ao apag�o.
A c�pula da pol�cia amapaense deu aval ao uso do choque contra os atos, que n�o t�m lideran�as definidas. Nos dias anteriores, houve manifesta��es menos tensas em S�o Jos�, Pedrinhas e Muca. Todos s�o bairros de popula��o de baixa renda na regi�o sul de Macap�.
Em Santana, moradores reclamavam da expectativa frustrada de restabelecimento tempor�rio nos bairros situados a partir da Rua Cl�udio L�cia Monteiro, na entrada do munic�pio, via onde funciona o F�rum de Santana. A promessa era a de que teriam energia durante seis horas do s�bado. Em menos de sessenta minutos, o fornecimento caiu.
A mesma oscila��o foi registrada em outros pontos da cidade. � uma realidade que contrasta com a apar�ncia de normaliza��o e resolutividade que o governo federal procura demonstrar. Nas comunidades, a escurid�o completa potencializa o medo da viol�ncia.
A queixa mais comum nas ruas dos bairros � sobre a impossibilidade de usar ventiladores e ar-condicionado. Com isso, os carapan�s, infernais mosquitos borrachudos da Amaz�nia, aproveitam as janelas abertas para tornar as noites quentes desagrad�veis.
Os moradores n�o t�m informa��es sobre os crit�rios do rod�zio para escolha dos bairros que ser�o religados, nem sobre os per�odos em que a energia estar� dispon�vel nas tomadas. "Estamos reivindicando porque n�o aguentamos mais. N�o sabemos mais o que fazer. Estamos sem luz, sem internet, sem comunica��o. Isso n�o � justo. Para uns tem (energia), para outros n�o tem", disse a dona de casa Marta L�cia Moraes, de 47.
Policiais admitem preocupa��o com escalada da revolta
O rel�gio marcava 22h50 de s�bado quando os manifestantes cercaram a equipe de reportagem. Homens e mulheres, jovens e adultos, do bairro Rem�dios II, chegaram se atropelando em desabafos dram�ticos. N�o tem comunica��o, dizia um. N�o tem energia para refrigerar a carne cara, reclamava outro. N�o tem �gua para tomar banho. N�o tem �gua para limpar privadas.
"A gente n�o pode se calar. N�o podemos aceitar isso que est�o querendo impor para n�s. Temos de ir pra rua manifestar, ir atr�s dos nossos direitos. Nossos alimentos est�o acabando, estragando", esbravejou Juliana de Jesus, de 28 anos.
Quatros jovens apareceram com rostos cobertos por camisas para n�o revelar as identidades. � equipe de reportagem, disseram que policiais militares haviam amea�ado prend�-los arbitrariamente, mas sem dar detalhes. "Reportagem? Pode colar, na humildade. Queremos respostas, n�o queremos quebrar nada", afirmou um deles. A tropa de choque chegou sem fazer barulho. Sob comando de um tenente, partiu para cima do grupo com a muni��o de efeito moral. Manifestantes revidaram arremessando paus e pedras.
Ao progredirem em dire��o �s barricadas, recomendaram � reportagem cautela no cruzamento com ruas transversais: a popula��o local costuma ter espingardas e, protegidos pelo escuro, poderiam radicalizar. O acirramento se estendeu por mais uma hora. N�o houve registros de feridos at� o in�cio do dia. Policiais confidenciaram preocupa��o com a escala das revoltas, caso a situa��o n�o volte ao normal em breve.
