Indicado na quinta-feira, pelo presidente Jair Bolsonaro, para a dire��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), o tenente-coronel Jorge Luiz Kormann faz coro a teses reprovadas pelo pr�prio �rg�o que poder� comandar. No Twitter, o militar endossa mensagens contr�rias � Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e tamb�m cr�ticas � Coronavac, vacina contra a covid-19 que est� sendo desenvolvida pelo laborat�rio chin�s Sinovac em parceria com o Instituto Butant�. O �rg�o � vinculado ao governo de S�o Paulo, comandado por Jo�o Doria (PSDB), advers�rio pol�tico de Bolsonaro.
A indica��o de Kormann ocorre no momento em que a Anvisa est� sob questionamento quanto � sua autonomia para analisar o registro de vacinas. As cr�ticas se avolumaram ap�s Bolsonaro comemorar e apontar como vit�ria pessoal sobre Doria a decis�o da ag�ncia de suspender justamente os testes da Coronavac.
Na segunda-feira, minutos ap�s a Anvisa anunciar a suspens�o dos estudos, Kormann curtiu no Twitter publica��o do empres�rio Leandro Ruschel, que afirmava: "Todo mundo sabe que o Doria � o 'China Boy'. Mas nessa hist�ria da vacina, t� ficando at� constrangedor". No entanto, ap�s avaliar dados de um comit� internacional, a Anvisa autorizou o retorno do ensaio na quarta-feira.
Atual secret�rio executivo adjunto do Minist�rio da Sa�de, o militar mostra ainda apoio a publica��es do escritor Olavo de Carvalho, tido como guru do bolsonarismo. Segundo fontes que acompanham os trabalhos da Sa�de, Kormann � fiel seguidor de ideias do presidente Bolsonaro, como o uso do "kit-covid", tratamento que usa medicamentos sem efic�cia comprovada contra a pandemia, como a hidroxicloroquina. A pr�pria Anvisa n�o indica esse uso na bula do medicamento.
Kormann fez poucas publica��es em suas redes sociais. No Twitter, h� duas intera��es com o vereador no Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, sobre um conflito entre Ir� e Israel, em maio de 2018. Em abril do mesmo ano ele considerou "rid�cula, infame", em publica��o do Estad�o no Twitter, uma den�ncia apresentada pela ex-procuradora-geral da Rep�blica Raquel Dodge contra Bolsonaro por racismo.
O indicado � Anvisa tamb�m curtiu publica��o de 27 de setembro do escritor Guilherme Fiuza que fala em "parceria" da OMS com a "ditadura chinesa". "Se voc� ainda n�o acredita na parceria saud�vel da OMS com a ditadura chinesa, fique em casa. Com mais seis meses de tranca voc� vai estar chamando urubu de meu louro e lockdown de ci�ncia", afirmava a publica��o.
Kormann interagiu com mais de uma publica��o de Bolsonaro em defesa da hidroxicloroquina. Em setembro, ele curtiu v�deo do presidente no Twitter que acompanhava a mensagem: "Milhares de vidas poderiam ter sido salvas caso a HQC n�o tivesse sido politizada".
Se for aprovado para comandar a Anvisa, Kormann ter� de lidar com assuntos variados, al�m de aprovar o registro de medicamentos. A pauta inclui fiscaliza��o sanit�ria de portos, aeroportos e fronteiras. Tamb�m define regras sobre agrot�xicos, cigarro, alimentos, cosm�ticos e produtos para sa�de, como pr�teses. Em uma canetada, a ag�ncia tem pode interditar grandes f�bricas ou aplicar multas. Diretores do �rg�o costumam dizer que t�m mais de 25% do PIB nacional nas m�os. Ela tem ainda papel de lideran�a em discuss�es internacionais sobre vigil�ncia sanit�ria, como as que ocorrem na OMS.
Procurado pelo Estad�o, o militar disse que n�o tinha "nada a declarar" e negou se posicionar sobre as redes sociais, sobre vacina��o ou OMS.
Para assumir uma das cinco diretorias da ag�ncia, o militar precisa ter o nome aprovado por comiss�o e plen�rio do Senado. E, de quebra, sobreviver � guerra pol�tica pelo cargo. Este ano, Bolsonaro j� recuou de duas outras indica��es.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
GERAL