A Academia Brasileira de Ci�ncias, a Academia de Ci�ncias Farmac�uticas do Brasil e a Academia Nacional de Medicina condenaram, em nota conjunta divulgada neste s�bado, 14, a politiza��o dos ensaios cl�nicos de vacinas contra a covid-19 e o "mau exemplo" e "atitudes irrespons�veis" de v�rios governantes no enfrentamento � pandemia do novo coronav�rus. Na nota, eles ressaltaram a import�ncia da independ�ncia da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).
Na �ltima ter�a-feira, a Anvisa suspendeu o ensaio cl�nico de fase 3 da Coronavac, que est� sendo conduzido pelo Instituto Butant� depois da morte de um volunt�rio. O presidente Jair Bolsonaro comemorou nas redes sociais a suspens�o do estudo do que ele chama de "a vacina chinesa do Doria (Jo�o Doria, governador de S�o Paulo)", levantando suspeitas sobre a isen��o da ag�ncia. As diretorias da Anvisa e do Butant� passaram toda a quarta-feira trocando acusa��es. O ensaio acabou sendo retomado no dia seguinte.
"As orienta��es sobre o registro e a aplica��o das vacinas, considerando as situa��es espec�ficas de nosso pa�s, merecem muita reflex�o e discuss�o para identifica��o correta dos pontos que devem nortear a estrat�gia comum � sociedade brasileira", diz a nota, assinada pelos presidentes das entidades, respectivamente Luiz Davidovich, Ac�cio Alves de Souza Lima e Rubens Belfort Jr. "Essa quest�o n�o pode continuar a ser tratada como briga de torcida e busca de holofotes na m�dia. Mais do que nunca, � necess�ria uma agenda comum, onde evid�ncias cient�ficas possam ajudar a nortear as decis�es. A Anvisa, como ag�ncia m�xima de sa�de, necessita ser respeitada e blindada contra interesses mesquinhos e ignorantes para conseguir manter sua credibilidade."
As academias fizeram, na nota, um apelo para que as decis�es sejam embasadas em conhecimento cient�fico e para que sejam evitadas "atitudes irrespons�veis e danosas � sociedade".
"A atua��o respons�vel e transparente das autoridades governamentais, apoiada no conhecimento cient�fico, � extremamente necess�ria neste momento. Assim, sentimo-nos obrigados a comunicar nossa apreens�o quanto ao comportamento inadequado demonstrado por parte de nossos governantes", continua a nota. "� imprescind�vel resguardar a popula��o e diminuir o n�mero de �bitos e casos graves. Condutas e discursos precisam ser respons�veis para n�o agravar a crise e por respeito �s centenas de milhares de brasileiros mortos. N�o podem ser toleradas, nesta hora t�o dif�cil, a explora��o politico-partid�ria oportunista, declara��es mentirosas e rixas pessoais e institucionais."
Davidovich, Lima e Belfort Jr. criticaram tamb�m o mau exemplo dado por pol�ticos que n�o seguem as medidas de preven��o � doen�a. "O distanciamento f�sico e o uso constante de m�scaras, reconhecido em todo o mundo como necess�rios para mitigar o alastramento da pandemia, seguem com frequ�ncia sendo desrespeitados por muitos pol�ticos que, assim, podem contribuir pelo mau exemplo para mais �bitos", pondera o texto. "Infelizmente, interesses menores, muitas vezes oportunistas e relacionados a situa��es eleitorais ou comerciais, tamb�m est�o presentes neste cen�rio e precisam ser identificados e neutralizados para o bem comum."
E conclu�ram ressaltando a import�ncia das a��es coordenadas: "as Academias Brasileira de Ci�ncias, de Ci�ncias Farmac�uticas do Brasil e Nacional de Medicina v�m novamente ressaltar a import�ncia do di�logo, da constru��o de uma agenda comum e transparente e a necessidade de trabalharmos juntos neste grande pacto nacional pela sa�de e pela vida."
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