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Estado de Minas O problema persiste

At� 40% de recuperados da COVID-19 t�m sequelas; cresce desafio nos hospitais

H� poucas pesquisas nacionais sobre o assunto. A maioria est� em desenvolvimento. Brasil registra mais de 5,2 milh�es de pessoas curadas


15/11/2020 16:00 - atualizado 15/11/2020 16:55

(foto: Reprodução/Internet/saudebemestar.com.pt)
(foto: Reprodu��o/Internet/saudebemestar.com.pt)

Ap�s quase nove meses do registro do primeiro caso de coronav�rus no pa�s, o desafio dos hospitais se multiplica. De um lado, algumas institui��es privadas registram alta de infectados. Do outro, os recuperados, mas que ficaram com sequelas ou sintomas prolongados, tamb�m s�o foco de aten��o. De 17.044 pacientes que ficaram internados nos hospitais municipais em S�o Paulo por COVID-19, 7.136 foram acompanhados ap�s o per�odo de infec��o - 42% do total.

Os dados s�o da pr�pria Secretaria Municipal da Sa�de. O porcentual est� pr�ximo da proje��o de pesquisa do Hospital das Cl�nicas sobre pacientes com sequelas ou sintomas prolongados. De 1,5 mil internados no hospital de mar�o a abril, os especialistas projetam �ndice entre 30% e 40% de pacientes com sequelas.

Esses s�o alguns dos poucos dados dispon�veis sobre o tema. Na Secretaria Estadual da Sa�de, a descentraliza��o da rede de assist�ncia e a falta de filtros mais espec�ficos no banco de dados (Datasus) dificultam rastrear os pacientes. Infectologista da Universidade Federal do Rio (UFRJ) e especialista no tema, Rafael Galliez afirma que h� poucas pesquisas nacionais sobre o assunto. A maioria est� em desenvolvimento.

Nem o Minist�rio da Sa�de fez essa conta ainda. Conforme a pasta, o pa�s registra 5.256.767 curados. "Do ponto de vista cl�nico, n�o � correto considerar um paciente recuperado apenas a partir do teste PCR negativo. A recupera��o � complexa", diz Rodrigo Stabeli, pesquisador da Fiocruz e professor de Medicina da Universidade Federal de S�o Carlos (UFSCar).

No Hospital Delphina Aziz, em Manaus, a ocupa��o de leitos de UTI no fim de outubro era de 96%. Das 90 vagas, 60% eram ocupadas por pacientes em recupera��o das sequelas.

Stabeli acredita que a COVID pode repetir as crises de zika e chikungunya. "A epidemia de zika criou uma gera��o de microc�falos, que necessitam de acompanhamento cognitivo e fisioter�pico no SUS. A crise causada pelo chikungunya persistente causa artrite reumat�ide que atinge pacientes por quase dois anos", diz. "Mesmo com vacina eficaz, provavelmente viveremos per�odos sazonais de coronav�rus, como ocorre com a influenza", afirma ele.

Maria Daniela Bergamasco, coordenadora do Servi�o de Controle de Infec��o Hospitalar do Hcor, explica as nomenclaturas. "Sintoma � a queixa ou manifesta��o do paciente. Sintomas prolongados s�o os que permanecem mesmo ap�s fase aguda da doen�a. O termo 'sequelas' � usado quando ele passa por condi��o cl�nica que deixa consequ�ncias muitas vezes permanentes para a sa�de", diz.

Reabilita��o

Especialistas do Instituto de Reabilita��o Lucy Montoro, que recebe pacientes que tiveram alta em outros hospitais, se deparam com v�rias faces do problema. A principal � a insufici�ncia respirat�ria. Paralelamente, muitos pacientes apresentam problemas de locomo��o. Foi o que houve com a pediatra e infectopediatra Daniela Vinhas Bertolini, de 48 anos. Nos 39 dias em que ficou no hospital (11 na UTI), ela n�o teve grande comprometimento respirat�rio. A principal complica��o foi a s�ndrome de Guillain-Barr�, doen�a na qual os anticorpos atacam os v�rus, mas tamb�m c�lulas nervosas. "Me sentia como se tivesse ca�do em um tanque de areia movedi�a."

Por causa da complica��o, teve de emendar uma interna��o na outra. Ap�s ter alta da COVID em 7 de outubro, iniciou o processo de reabilita��o dez dias depois no instituto. Ficou s� dez dias com as filhas, Giovanna, de 17 anos, e Luana, de 14, e o marido, Jo�o, de 55 anos. Hoje, continua internada na quarta semana de reabilita��o. Os m�dicos apontam evolu��o de 60%. "Sentia muita fraqueza nos bra�os e nas pernas. N�o tinha estabilidade nem equil�brio para ficar em p�. Ainda tenho longo caminho de fortalecimento, mas estou bem melhor."

Quanto mais cedo os pacientes iniciam a reabilita��o, melhores ser�o a resposta e a recupera��o funcional, explica o fisiatra Fernando de Quadros Ribeiro. "O programa de reabilita��o precoce tem feito toda a diferen�a. Recebemos pacientes quatro ou seis meses ap�s a alta da COVID que n�o receberam tratamento reabilitacional e que continuam com falta de ar, fraqueza e dor", diz o especialista do Instituto Lucy Montoro. "Essas queixas podem se tornar cr�nicas e impedir que o paciente retome plenamente o estilo de vida que possu�a."

Para ele, algumas incapacidades podem ser comparadas ao quadro de outras doen�as. "A falta de ar sentida por alguns pode ser comparada �s doen�as cr�nicas de pulm�o. A falta de iniciativa se refere a casos severos de depress�o. Alguns podem apresentar complica��es mais dram�ticas, como o AVC."

Dos dez leitos do instituto, dois estavam ocupados por pacientes que se recuperam da COVID no dia da visita do Estad�o, na �ltima ter�a-feira; outros tr�s tiveram alta semana passada. Desde maio, 40 pacientes j� se beneficiaram do programa.

Um dos pacientes que tiveram alta foi o ex-coletor de lixo Antonio Pissirili, de 73 anos. Ap�s 23 dias internado para se curar da COVID e mais 35 para reabilita��o, ele se diz 80% recuperado. As caminhadas, por�m, ficaram mais curtas. "Se ando 500 metros, tenho de parar." Ele ainda sente formigamento nas pernas e toma medicamento com frequ�ncia para dores nas costas. Ele teve a mesma s�ndrome da paciente Daniela Vinhas. Tamb�m h� cicatrizes emocionais. A mulher, Natalia, diarista de 57 anos, conta que o marido est� mais nervoso e agitado do que antes da doen�a e precisa tomar antidepressivo. O marido, diz ela, tem medo de se infectar novamente.


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