Um estudo in�dito feito pela Coordena��o Nacional de Articula��o das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e pela organiza��o Terra de Direitos mostra que desde o in�cio do ano passado o Pa�s registrou pelo menos 49 casos de discursos racistas proferidos por autoridades p�blicas. Desse total, 12 partiram do presidente Jair Bolsonaro.
O levantamento considerou o per�odo a partir de 1� de janeiro do ano passado at� o dia 6 deste m�s. Do total de 49 casos identificados, 20 resultaram em abertura de algum tipo de apura��o, seja por inqu�rito policial, a��o ou procedimento administrativo. At� o momento, contudo, nenhum dos autores foi responsabilizado. E muitos dos casos foram arquivados.
"N�s estamos cansados de pedir provid�ncias �s autoridades e elas rebaterem que isso se trata de liberdade de express�o", comentou Givania Maria da Silva, que integra a Conaq. "Essas autoridades t�m imunidade do cargo, e nosso levantamento mostra que est�o usando isso. A imunidade seria para outro fim, mas as autoridades a usam para proferir suas pr�ticas de racismo."
Entre os registros, 12 partiram do presidente Jair Bolsonaro e outros 12 de deputados estaduais. Chefes de autarquias, de secretarias ou de outros �rg�os de governo (11 casos), deputados federais (6), vereadores (5) e membros do sistema de Justi�a (3) completam a lista.
Nos discursos racistas proferidos por autoridades p�blicas foram mapeados cinco tipos principais: refor�o de estere�tipos racistas; incita��o � restri��o de direitos; promo��o da supremacia branca; nega��o do racismo; e justifica��o ou nega��o da escravid�o e do genoc�dio.
Para Givania, "o discurso do presidente encoraja os racistas". Ela alertou ainda que os crimes mapeados partem de pessoas que, no fim das contas, exercem seus cargos �s custas da popula��o. "(O racismo) � sustentado e fomentado pelas institui��es p�blicas, que, por sua vez, s�o bancadas por nossos impostos."
O Estad�o pediu posicionamento � Secretaria de Imprensa da Presid�ncia da Rep�blica e ao Minist�rio da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos na quinta-feira, mas n�o obteve retorno.
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