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Estado de Minas GERAL

Homem negro morre espancado por seguran�as em Carrefour do RS


21/11/2020 07:08

Um homem negro foi espancado e morto por dois homens brancos em um supermercado Carrefour, na zona norte de Porto Alegre, na noite desta quinta-feira, 19, v�spera do Dia da Consci�ncia Negra. Um dos agressores era seguran�a do local e o outro, policial militar tempor�rio e as investiga��es apontam que ele fazia "bico" de vigilante. A v�tima, Jo�o Alberto Silveira Freitas, tinha 40 anos, e foi imobilizada pelos vigias, com o joelho de um deles nas suas costas. O laudo m�dico apontou morte por asfixia. Os seguran�as foram presos e ser�o indiciados por homic�dio. A Pol�cia Civil disse apurar motiva��o racial.

V�deos compartilhados nas redes sociais mostram parte das agress�es e o momento que Jo�o Alberto � atendido por socorristas. Em uma das grava��es, ele � derrubado e atingido por ao menos 12 socos. Ao fundo, uma pessoa grita "vamos chamar a Brigada (Militar)".

Uma mulher de camisa branca e crach�, que tamb�m seria funcion�ria do Carrefour, aparece ao lado dos agressores, filmando. Ela j� foi identificada e ser� ouvida. Outro registro mostra a v�tima desacordada e h� marcas de sangue no ch�o.

Milena Alves, de 43 anos, mulher da v�tima, disse � R�dio Ga�cha que o marido havia feito uma brincadeira com a m�o para uma atendente do Carrefour, que teria interpretado como ofensa ou at� tentativa de agress�o. "Ele simplesmente acenou com a m�o. Era muito brincalh�o." Ela foi pagar as contas e o marido se afastou. Ao descer a escada rolante, contou ver dois seguran�as correndo. "Quando cheguei l� embaixo, ele j� estava imobilizado. Ai pediu: 'Milena, me ajuda'. Fui, os seguran�as me empurraram. Fui ver e j� estava morto", diz.

Vizinho da v�tima, Paul�o Paquet� contou ao Estad�o ter visto o espancamento. Segundo ele, as agress�es duraram sete minutos. "Eu estava a uns 10 metros quando come�ou. Tentamos intervir, mas n�o conseguimos." Segundo relata, cerca de outros oito seguran�as ficaram no entorno, impedindo a aproxima��o de quem tentava conter as agress�es. "A gente gritava 't�o matando o cara', mas continuaram at� ele parar de respirar, fizeram a imobiliza��o com o joelho no pesco�o do Beto, como foi com o americano." Paquet� se refere a George Floyd, negro morto por um policial branco nos EUA, em maio. O caso motivou protestos.

Ainda de acordo com Paquet�, alguns motoboys que filmaram a viol�ncia tiveram os celulares tomados para n�o registrar toda a a��o. Ele ainda disse que h� outros relatos de trucul�ncia por parte de seguran�as do supermercado no bairro.

Os dois seguran�as terceirizados do Carrefour, Giovane Gaspar da Silva, PM tempor�rio, e Magno Braz Borges ser�o indiciados por homic�dio triplamente qualificado - por motivo f�til, asfixia e impossibilidade de defesa da v�tima. Segundo a delegada Roberta Bertoldo, da 2� Delegacia de Homic�dios e Prote��o � Pessoa, mais envolvidos s�o investigados por omiss�o de socorro. � tarde, ela disse que n�o ver "cunho racial" no crime. � noite, a chefe de Pol�cia do Estado, delegada Nadine Anflor, afirmou que ainda apuram se houve motiva��o racial.

Empresas

O CEO global do Carrefour, o franc�s Alexandre Bompard, afirmou que a empresa "n�o compactua com racismo e viol�ncia" e que pediu ao Carrefour Brasil que haja "revis�o completa" do treinamento dos colaboradores e de terceiros sobre seguran�a, respeito � diversidade e valores de respeito e rep�dio � intoler�ncia. Com mensagens em portugu�s no Twitter, afirmou que as imagens "s�o insuport�veis".

Em nota, o Carrefour Brasil classificou a morte de "brutal" e disse que adotar� "medidas cab�veis para responsabilizar os envolvidos". Prometeu romper contrato com a empresa respons�vel pelos seguran�as e que o funcion�rio no comando da loja durante o ato "ser� desligado".

O Grupo Vector, empresa terceirizada de seguran�a, disse n�o tolerar viol�ncia e que "se sensibiliza" com a fam�lia da v�tima. Ainda alegou que os colaboradores recebem treinamento que zela pelo respeito � diversidade. O Comando da Brigada Militar destacou que um PM tempor�rio (fun��o de um dos agressores) s� pode realizar fun��es administrativas e n�o policiamento nas ruas. Disse ainda que ele ser� retirado da corpora��o.

'N�s esperamos justi�a', diz pai de morto

Jo�o Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, lamentou nesta sexta-feira, 20, a morte de seu filho, Jo�o Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, espancado e morto no estacionamento do Carrefour. "N�s esperamos por Justi�a. As �nicas coisas que podemos esperar � por Deus e pela Justi�a. N�o h� mais o que fazer. Meu filho n�o vai mais voltar", disse.

Segundo Freitas, enquanto estava sendo agredido, o filho tentou pedir socorro � mulher, Milena Borges Alves. "Ela me contou que o seguran�a apertou o meu filho contra o ch�o, e ele j� estava roxo. Fazia sinal com a m�o para ela fazer alguma coisa, tirar o cara de cima e um outro seguran�a empurrou a Milena."

Na entrada do Departamento M�dico Legal, ele relatou que estava num culto evang�lico quando recebeu a liga��o da nora pedindo ajuda. "Foi uma coisa horr�vel. Espero que ningu�m passe por isso. Perder o filho daquela maneira, sendo agredido bruscamente por fac�noras. Chamar aquilo de seguran�a � desmerecer os verdadeiros seguran�as. Eu n�o sei o que leva a pessoa a agir desta forma. Para mim este crime teve um grau de racismo. N�o � poss�vel, uma pessoa ter tanta f�ria de outra pessoa. Espero que a Justi�a seja feita", desabafou.

"Quando eu cheguei os param�dicos j� estavam nos �ltimos atendimentos. Logo em seguida, ele n�o teve mais recupera��o. Agora, n�o temos mais o que fazer", disse emocionado.

� reportagem, o pai descreveu o filho como um homem tranquilo. Al�m disso, comentou que a v�tima e a esposa h� anos fazem compras no mesmo supermercado. "Eles frequentavam o mercado quase todos os dias. Ele at� me incentivou a fazer um cart�o do mercado. Nunca tivemos problemas e nunca discutimos ou batemos em ningu�m", afirmou o pai logo ap�s a morte do filho.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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