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Estado de Minas GERAL

Assassinato no Carrefour refor�a necessidade de investimento contra o racismo


22/11/2020 12:18

Os recorrentes casos de agress�es e assassinatos contra negros por funcion�rios de grandes empresas brasileiras nos �ltimos anos demonstram que precisa haver uma mudan�a estrutural na maneira em que as companhias est�o agindo. Segundo especialistas ouvidos pelo Estad�o, n�o adianta somente punir quem cometeu o crime, mas investir em a��es de combate ao preconceito.

"Est� na hora de o empres�rio assumir posturas efetivas, que podem ter desdobramentos na sociedade tamb�m. O Carrefour, por exemplo, est� na hora de falar sobre racismo em suas unidades do Brasil inteiro. Est� na hora de contratar empresas de seguran�a que fa�am o trabalho sem viol�ncia. De formar funcion�rios para os direitos humanos. Vale tamb�m tornar a apura��o e a puni��o procedimentos correntes e eficientes", afirmou a historiadora Diana Mendes, doutora em Hist�ria Social pela USP e autora de materiais did�ticos na �rea de Direitos Humanos, Cidadania e Diversidade.

Diana trabalhou durante muitos anos com direitos humanos. Ela visitava empresas para ajudar na forma��o dos funcion�rios e a quest�o racial era um dos temas abordados: ensinar sobre o que � racismo e como � poss�vel promover a igualdade, por exemplo.

"No caso do Carrefour valeria contratar pessoas ligadas ao movimento negro capazes de explicar o que � o racismo estrutural. E as pessoas que receberem essa forma��o ter�o de replicar para os outros. Explicar, por exemplo, como abordar uma pessoa no supermercado, qual � a forma n�o violenta?"

O soci�logo F�bio Mariano Borges, da ESPM, exemplificou a falta de preparo das empresas para lidar com racismo pela nota do Carrefour ap�s o assassinato de Jo�o Alberto Silveira Freitas na �ltima quinta-feira. "(A nota) n�o passa de um mero protocolo orientado pelo departamento jur�dico. Essa n�o � a conduta esperada pela sociedade", afirmou.

Borges exemplificou uma poss�vel mudan�a, com um epis�dio recente envolvendo a rede de cafeterias Starbucks, nos Estados Unidos. Ap�s duas pessoas negras terem reclamado de mau atendimento, a empresa decidiu fechar, por uma tarde, todas as suas 8 mil lojas e realizar treinamento a respeito de como combater o racismo. "Isso � o m�nimo que uma empresa deve fazer", afirma.

O caso do Carrefour preocupa ainda mais porque n�o foi isolado. Em agosto deste ano, funcion�rios de uma unidade do Carrefour no Recife (PE) cobriram com guarda-s�is e caixas de papel�o o corpo de um promotor de vendas que morreu durante o trabalho. O supermercado continuou em funcionamento.

Em mar�o do ano passado, Luis Carlos Gomes, negro, tomou uma lata de cerveja no interior da unidade do Carrefour do bairro Demarchi, em S�o Bernardo do Campo. Mesmo ap�s informar que iria pagar pelo item consumido, foi perseguido e agredido por um seguran�a e o gerente do supermercado. Ele teve m�ltiplas fraturas.

A falta de preparo, no entanto, n�o � exclusividade do Carrefour. Em setembro do ano passado, um jovem negro de 17 anos foi torturado ap�s ter sido flagrado roubando uma barra de chocolate no supermercado Ricoy, na zona sul de S�o Paulo. A v�tima relatou ter sido despida, amorda�ada, amarrada e na sequ�ncia ter sido torturada com um chicote de fios el�tricos tran�ados. A Justi�a de S�o Paulo inocentou os ex-seguran�as Davi de Oliveira Fernandes e Valdir Bispo dos Santos da acusa��o de tortura.

Em fevereiro do ano passado, um jovem negro de 19 anos morreu ap�s ser asfixiado por um seguran�a no supermercado Extra, na unidade da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

No m�s seguinte, um homem negro de 38 anos foi torturado e filmado por funcion�rios do supermercado Extra do Morumbi, zona sul da cidade de S�o Paulo. Ele tinha tentado furtar um peda�o de carne. Os seguran�as o amarraram, tiraram suas cal�as e deram choques e vassouradas.

"O racismo estrutural � um conceito que nos ajuda a compreender a forma como o Brasil se estruturou: a partir da viol�ncia e da explora��o sobre as pessoas negras. Mesmo ap�s o fim da escravid�o, a sociedade segue com comportamentos similares. O caso do Jo�o Alberto � um exemplo dessa continuidade. O estado brasileiro precisa constranger empresas a alterar seu padr�o de funcionamento. Os tributos podem ter itens associados ao combate ao racismo e � viol�ncia racial, por exemplo", diz Diana.


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