Desconhecida nos pa�ses ocidentais at� poucos meses atr�s, a biofarmac�utica chinesa Sinovac ganhou destaque mundial ao aparecer como uma das l�deres na corrida pela vacina da covid-19 ao lado de multinacionais como Pfizer e AstraZeneca.
Mas enquanto investe na pesquisa daquela que poder� ser sua nona vacina registrada, a biotech de Pequim tem de lidar com uma briga de acionistas pelo controle da empresa que se arrasta h� mais de dois anos e j� teve, no enredo, tentativas de golpe, invas�o de f�brica e at� suspens�o das a��es da companhia na bolsa de valores americana.
Parceira do Instituto Butant� nos testes da Coronavac, a Sinovac atua h� quase 20 anos na �rea de pesquisa e desenvolvimento de vacinas, mas, perto de farmac�uticas multinacionais, � considerada pequena. Seu faturamento em 2019 foi de U$ 246 milh�es, muito inferior, por exemplo, aos U$ 51 bilh�es de receita obtidos no mesmo ano pela Pfizer. Com 910 funcion�rios, a biotech vende, em m�dia, 20 milh�es de doses de seus imunizantes por ano, com 15% a 20% de market share na China.
Nos �ltimos anos, a companhia vem se consolidando como um importante fornecedor de vacinas no pa�s asi�tico, com um portf�lio de oito vacinas. Um eventual sucesso da Coronavac, por�m, deve elevar a Sinovac a outro patamar. A empresa inaugurou, em setembro, uma f�brica com capacidade para produzir 300 milh�es de doses anualmente. E prepara uma nova linha de produ��o para 2021 que pode ampliar esse n�mero para 1 bilh�o.
"Eles receberam investimento do Ali Baba (gigante chinesa do ramo de com�rcio eletr�nico) para construir outra f�brica que tem previs�o de entrega para maio", afirma Dimas Covas, diretor do Butant�.
Mesmo com o crescente interesse mundial, conseguir informa��es sobre a empresa n�o � tarefa f�cil, ao menos para jornalistas de fora da China. Para tra�ar o perfil da companhia, o Estad�o tentou, por um m�s, entrevistar porta-vozes da Sinovac. Para isso, mandou in�meros e-mails a diferentes departamentos da empresa, fez mais de 20 liga��es, pediu ajuda ao Butant� e � Embaixada da China no Brasil, mas n�o obteve retorno da companhia.
As informa��es sobre a hist�ria, as opera��es, a ascens�o cient�fica e os problemas administrativos foram obtidas pela reportagem nos relat�rios apresentados pela Sinovac � Securities and Exchange Commission (SEC), �rg�o que regula o mercado de capitais americano e � equivalente � Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM) brasileira.
Privada, a Sinovac foi fundada em 2001 e, no ano seguinte, obteve o registro de seu primeiro produto: uma vacina contra a hepatite A. Mesmo com suas quatro f�bricas na China, a companhia n�o �, ao menos no papel, chinesa. Sua holding, a Sinovac Biotech, est� registrada em Ant�gua e Barbuda - pa�s conhecido por oferecer atrativos fiscais a empresas - e tem, desde 2009, capital aberto no �ndice Nasdaq da bolsa americana. Suas a��es, por�m, n�o podem ser comercializadas desde fevereiro de 2019 por causa de brigas entre a dire��o atual e grupos de acionistas.
Disputa inclui tentativa de golpe e invas�o a f�brica
Em meio ao desenvolvimento da Coronavac, a Sinovac trava disputas judiciais com acionistas minorit�rios que tentaram, em ao menos duas ocasi�es nos �ltimos anos, tomar o controle da companhia � for�a. Os problemas administrativos, que amea�am as finan�as e at� as opera��es da empresa, envolvem tentativas de golpe, invas�o de f�brica e suspens�o da venda das a��es da empresa na bolsa de valores Nasdaq.
A primeira tentativa de golpe ocorreu em abril de 2018, quando um dos acionistas, acompanhado de dezenas de aliados, invadiu um dos escrit�rios da companhia em Pequim na tentativa de impedir a movimenta��o de funcion�rios e assumir os escrit�rios de executivos, onde estavam documentos financeiros e cont�beis.
O grupo dissidente cortou a energia el�trica do pr�dio, interrompendo a linha de produ��o das vacinas contra hepatite A e influenza, conforme relato feito pela Sinovac no seu mais recente relat�rio anual para investidores. O documento foi consultado pelo Estad�o no site da Securities and Exchange Commission (SEC), �rg�o que regula o mercado de capitais americano.
Por causa da invas�o, a Sinovac foi obrigada a destruir os produtos da f�brica atacada. "Para manter a seguran�a do produto, a Sinovac Pequim suspendeu temporariamente a produ��o na instala��o afetada", disse a empresa no documento. A produ��o ficou paralisada por meses e o preju�zo com as doses descartadas foi de aproximadamente US$ 2 milh�es.
Menos de um ano ap�s a invas�o, em fevereiro de 2019, houve nova tentativa de golpe, desta vez sem viol�ncia f�sica, mas com s�rias consequ�ncias para as finan�as e governan�a da companhia.
De acordo com a Sinovac, os mesmos dissidentes de 2018 se uniram a um fundo de capital para comprar, secretamente, o maior n�mero poss�vel de a��es da empresa na Nasdaq e, assim, passar a ter o controle acion�rio da companhia, em uma pr�tica conhecida no mercado como aquisi��o hostil.
Para prevenir esse tipo de conduta, o acordo de acionistas da Sinovac veta que um mesmo grupo detenha mais de 15% das a��es, regra que foi desrespeitada pelos dissidentes.
Sem entendimento entre os grupos, a dire��o da Sinovac teve de lan�ar m�o da chamada poison pill (p�lula do veneno), pr�tica em que uma empresa oferta no mercado um n�mero expressivo de a��es para aumentar o volume de acionistas e "diluir" o poder de grupos que tenham um porcentual grande de pap�is. Foram 27 milh�es de novas a��es emitidas, aumento de mais de 30% sobre o que a empresa possu�a. A estrat�gia, por�m, � arriscada.
"Isso n�o acontecia no mercado americano havia dez anos. N�o � algo trivial porque traz problemas. A poison pill � como se fosse uma bomba at�mica. A empresa tem aquilo para se defender (de uma aquisi��o hostil), mas n�o deveria usar, pois ela pode trazer danos. Pode depreciar o pre�o da a��o e trazer incerteza ao mercado", explica Henrique Castro, professor da Escola de Economia de S�o Paulo da FGV.
No caso da Sinovac, nem deu tempo de os pre�os ca�rem. Logo ap�s a companhia emitir milh�es de novas a��es, a Nasdaq suspendeu a negocia��o dos pap�is at� que o lit�gio entre acionistas fosse solucionado. O objetivo era proteger os investidores de grandes perdas.
Como o imbr�glio ainda est� na Justi�a, a suspens�o segue at� hoje, o que coloca a Sinovac em situa��o inusitada. Enquanto outras farmac�uticas adiantadas na corrida pela vacina contra a covid veem suas a��es dispararem diante de resultados promissores, as a��es da companhia de Pequim est�o congeladas e valem hoje US$ 6 cada. "Esses epis�dios da Sinovac demonstram problema de governan�a na empresa. Esse tipo de coisa aumenta o risco do neg�cio e traz dificuldade para obter financiamento em um momento crucial da pesquisa", avalia Castro.
Embora a disputa ainda n�o tenha chegado ao fim, a dire��o da Sinovac obteve duas vit�rias este ano. Em maio, a SEC condenou o investidor Jiaqiang Li e sua empresa, a 1Globe Capital LLC, a pagarem US$ 290 mil pela tentativa irregular de substituir o conselho da Sinovac ao se unir secretamente a outros grupos para comprar mais a��es do que o permitido.
Em setembro, a Justi�a chinesa considerou o acionista Aihua Pan e sua empresa, Sinobioway Medicine, culpados pela invas�o � f�brica da companhia em 2018 e determinou que sejam responsabilizados pelas perdas.
Antes mesmo do in�cio das disputas pelo poder, a Sinovac j� havia sofrido desgaste por outra quest�o relacionada � gest�o. Em 2016, um ex-oficial da ag�ncia regulat�ria de medicamentos chinesa foi acusado de cobrar propina de membros da ind�stria de vacinas para acelerar o processo de aprova��o de estudos e registros.
No julgamento do ex-servidor, o presidente da Sinovac, Weidong Yin, que comanda a empresa desde 2003, foi citado como um dos que fizeram pagamentos ao antigo membro da ag�ncia. A den�ncia n�o se confirmou. De acordo com os relat�rios da Sinovac, a Justi�a chinesa n�o acusou Yin de nenhum ato il�cito. No documento da companhia, por�m, n�o s�o fornecidos detalhes do processo. O caso levou � abertura de uma investiga��o na SEC e no Departamento de Justi�a dos EUA. O caso foi encerrado sem que nenhuma responsabilidade ou san��o fosse atribu�da � Sinovac. O Estad�o tentou, durante um m�s, contato com a empresa, mas n�o obteve retorno.
1/3 dos insumos importados vem da china
O mercado farmac�utico chin�s t�m ganhado cada vez mais espa�o n�o s� no desenvolvimento de vacinas como a Coronavac, mas tamb�m no fornecimento de mat�ria-prima para a produ��o de medicamentos ao redor do mundo.
De acordo com relat�rio da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) publicado no fim de outubro com dados sobre a inspe��o internacional de fabricantes de insumos farmac�uticos ativos (IFAs), 35% dos ingredientes de medicamentos b�sicos importados pelo Brasil v�m da China. Nesse aspecto, o pa�s asi�tico s� perde para a �ndia, na��o de origem de 37% desses insumos, segundo a Anvisa.
"Hoje, quase todo antibi�tico que a gente toma � chin�s. Anti-inflamat�rio, rem�dio para hipertens�o arterial, protetor g�strico, medicamento para asma. Tudo isso tem ingrediente vindo da China", explica Nelson Mussolini, presidente do Sindicato da Ind�stria de Produtos Farmac�uticos (Sindusfarma).
Ele destaca que, com a importa��o de grande parte dos insumos, s� a etapa final de produ��o do rem�dio � feita em territ�rio nacional. "As f�bricas sa�ram do Brasil e de v�rios lugares do mundo e acabaram migrando para a �sia. Atualmente, recebemos os ingredientes e s� fazemos a formula��o, o envase, a embalagem e testes de estabilidade e farmacodin�mica", diz.
Mussolini afirma que, como boa parte das f�bricas produtoras de insumos precisam passar por inspe��o sanit�ria do pa�s onde o rem�dio ser� registrado, as empresas chinesas tiveram de se adequar aos padr�es de qualidade internacionais e melhoraram muito seus processos de produ��o nos �ltimos anos.
A Anvisa, inclusive, deve iniciar na pr�xima semana as inspe��es nas f�bricas chinesas que produzir�o os insumos utilizados na produ��o da Coronavac e na vacina de Oxford/AstraZeneca, que tamb�m ter� ingredientes ativos produzidos na China. O resultado sobre as inspe��es deve sair entre o final de dezembro e o in�cio de janeiro.
De acordo com dados da Anvisa, se somadas as inspe��es feitas em f�bricas de insumos sint�ticos e biol�gicos (que incluem mat�ria-prima para vacinas), a China � o segundo pa�s do mundo com mais vistorias realizadas pela ag�ncia brasileira, com 95 certificados de boas pr�ticas ativos no momento.
Custos e moderniza��o. Para Ronaldo Gomes, gerente-geral de inspe��o e fiscaliza��o sanit�ria da Anvisa, os baixos custos e os processos de moderniza��o das empresas chinesas ajudam a explicar a alta produ��o de insumos farmac�uticos no pa�s asi�tico.
"Se formos analisar os insumos farmac�uticos sint�ticos, � poss�vel que o principal motivo (da alta produ��o na China) sejam os custos operacionais mais baixos. Tem tamb�m a quest�o de oferecerem a cadeia produtiva completa, da qu�mica de base at� a qu�mica fina", explica ele. "J� quanto aos insumos farmac�uticos biol�gicos, como os de vacina, que exigem mais inova��o, est�o se modernizando, com parcerias com universidades e institui��es de pesquisa." /F.C.
Empresa tem sede no chamado �Vale do Sil�cio chin�s�
A sede da Sinovac e a maior parte de suas f�bricas ficam estrategicamente localizadas no Parque de Ci�ncia e Tecnologia Zhongguancun, em Pequim, conhecido como o Vale do Sil�cio chin�s. A zona, voltada para inova��o, re�ne empresas multinacionais, startups, universidades e centros de pesquisa.
Nos �ltimos anos, a biotech chinesa, de olho no mercado internacional, ampliou investimentos em ci�ncia e tecnologia e buscou parcerias e certifica��es que atestem a qualidade dos seus produtos e afastem a imagem negativa que alguns pa�ses ainda t�m sobre a ind�stria farmac�utica chinesa.
"Aquela ideia da China ch�o de f�brica, com m�o de obra barata, precariza��o e produto de baixa qualidade � totalmente equivocada. O pa�s tem passado por um upgrade tecnol�gico significativo. Entre 2010 e 2017, o investimento em pesquisa e desenvolvimento cresceu 17% ao ano. Nos Estados Unidos, a m�dia foi de 4,3%", diz Isabela Nogueira, professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio (UFRJ) e coordenadora do Laborat�rio de Estudos em Economia Pol�tica da China (LabChina).
Ela explica que, com maior investimento em ci�ncia e inova��o e o desejo das empresas chinesas de exportarem produtos de maior valor para o mundo, as companhias do pa�s t�m se esfor�ado na busca por certifica��es que atestem boas pr�ticas de produ��o.
No caso da Sinovac, a mais importante chancela veio da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Em 2017, a empresa conseguiu que sua vacina contra hepatite A obtivesse a pr�-qualifica��o da OMS. "A pr�-qualifica��o � como se fosse um registro de uma ag�ncia regulat�ria, s� que dado por um grupo de experts da OMS. Eles fazem vistorias na f�brica e checam os processos. � uma forma de chancelar que aquele produto passou por todos os controles de qualidade", explica Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imuniza��es (PNI).
Ela diz ainda que s� vacinas pr�-qualificadas pela OMS podem ser compradas por ag�ncias da ONU para distribui��o em pa�ses mais pobres ou com dificuldades log�sticas.
Na busca por parcerias e maior integra��o global, a Sinovac j� firmou acordos de coopera��o com institui��es como a farmac�utica GlaxoSmithKline (GSK) e os Institutos Nacionais de Sa�de (NIH), dos EUA. Dos 910 funcion�rios que a companhia tinha em 2019, 154 eram dedicados � pesquisa e desenvolvimento. Desde sua funda��o, a empresa j� registrou 53 patentes.
A Sinovac tamb�m tornou-se membro da Rede de Fabricantes de Vacinas dos Pa�ses em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em ingl�s), criada em 2000, com incentivo da OMS, para apoiar o aprimoramento dos processos de produ��o de empresas de na��es emergentes.
"Fundamos a DCVMN em 2000 porque �ramos poucos laborat�rios em pa�ses emergentes produzindo vacinas. S� as multinacionais produziam, ent�o t�nhamos limita��o de oferta, principalmente � popula��o mais pobre", explica Akira Homma, ex-presidente da DCVMN e assessor cient�fico s�nior de Bio-Manguinhos/Fiocruz, associada � rede. "Um dos objetivos � justamente apoiar os laborat�rios associados a cumprirem os requisitos de qualidade para conseguirem a pr�-qualifica��o", explica ele. A alian�a conta hoje com 41 empresas de pa�ses emergentes e 70 vacinas pr�-qualificadas.
A tentativa de se inserir no mercado internacional � essencial para que a Sinovac consiga expandir seus neg�cios, hoje centrados em seu pa�s de origem. Embora j� tenha exportado seus produtos para 18 pa�ses, a companhia sobrevive gra�as ao mercado dom�stico. No ano passado, 92% das suas vendas foram feitas dentro da China.
Na Am�rica Latina, a Sinovac obteve registro de produtos em ao menos dois pa�ses (Chile e M�xico) e teve o imunizante contra hepatite usado na Guatemala e Honduras. A companhia nunca teve vacina licenciada ou usada no Brasil, segundo a Anvisa e o Minist�rio da Sa�de.
Miss�o do governo de SP a pequim aproximou Butant�
Hoje parceiros no desenvolvimento e nos estudos cl�nicos da Coronavac, o Instituto Butant� e a Sinovac tiveram seu primeiro contato h� alguns anos, por meio da Rede de Fabricantes de Vacinas dos Pa�ses em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em ingl�s), entidade criada em 2000 para apoiar o aprimoramento de empresas de na��es emergentes. Butant� e Sinovac s�o membros da entidade e eventualmente se encontravam nos eventos e reuni�es anuais da alian�a, que possui 41 fabricantes associados.
A rela��o ficou mais pr�xima, no entanto, a partir de agosto do ano passado, quando t�cnicos do Butant� conheceram uma das f�bricas da Sinovac em Pequim durante miss�o do governo de S�o Paulo � China. "Visitamos produtores de vacinas em v�rias partes do pa�s. N�o cheguei a ir � Sinovac porque estava em outra agenda, mas uma equipe do Butant� foi e ficou impressionada. A tecnologia chinesa hoje compete com a das melhores multinacionais", diz Dimas Covas, diretor do instituto.
Dois meses depois, foi a vez da Sinovac retribuir a visita. No final de outubro de 2019, representantes da empresa chinesa viajaram ao Rio para a reuni�o anual da DCVMN e aproveitaram a vinda ao Brasil para conhecer as f�bricas do Butant� em S�o Paulo.
"Foi feito um termo de entendimento com inten��es de coopera��o porque h� produtos que ambas as empresas tinham interesse, como a vacina da dengue. Foram conversas normais, n�o houve nenhum acordo espec�fico. N�o existia nenhum indicativo de que haveria pandemia", diz Covas.
Quando o coronav�rus chegou com for�a ao Brasil, o Butant� iniciou o trabalho de prospec��o de empresas que j� haviam iniciado o processo de desenvolvimento de uma vacina para firmar parcerias. O instituto, diz Covas, chegou a avaliar projetos de v�rias empresas, inclusive de farmac�uticas multinacionais, mas optou por uma empresa menor n�o por acaso. De acordo com o diretor, a proposta mais promissora do ponto de vista tecnol�gico, experi�ncia pr�via e proximidade entre as duas institui��es foi a da Sinovac.
"Levamos em considera��o o fato de n�o ser uma grande multinacional porque uma empresa menor tem interesses mais pr�ximos aos do Butant�. Quando voc� se associa com algu�m igual, voc� n�o fica na posi��o de submiss�o e depend�ncia. Eles tamb�m precisam da gente para realizar os testes cl�nicos, ent�o � uma associa��o de ganha-ganha", destacou.
A rapidez no processo de desenvolvimento da vacina pela Sinovac foi poss�vel gra�as a estudos pr�vios feitos pela companhia de um imunizante contra o coronav�rus causador do surto de SARS em 2002. Na �poca, a companhia chegou a realizar a fase 1 de testes cl�nicos do imunizante, mas n�o p�de conduzir as etapas seguintes pois o v�rus praticamente desapareceu.
A parceria entre Butant� e Sinovac foi tornada p�blica em junho, com um termo de coopera��o, e oficializada em setembro, com a assinatura de um contrato prevendo o fornecimento, ainda neste ano, de 6 milh�es de doses prontas da vacina e mat�ria-prima para a produ��o local de outras 40 milh�es de unidades do produto.
O contrato, que prev� ainda a transfer�ncia completa da tecnologia para o Butant�, determina o repasse de cerca de U$ 90 milh�es do instituto � empresa chinesa. O valor equivale a pouco mais de um ter�o de todo o faturamento da companhia em 2019.
Embora n�o seja o �nico pa�s a firmar parceria com a Sinovac para os testes da Coronavac, o Brasil tornou-se estrat�gico para que a Sinovac finalize o estudo por causa do grande n�mero de volunt�rios que est�o sendo recrutados (13 mil) e dos altos �ndices de infec��o no Pa�s, o que pode acelerar a comprova��o da efic�cia da vacina.
A Coronavac � testada tamb�m na Indon�sia, em 2 mil volunt�rios, e na Turquia, em 1,3 mil participantes. Em outubro, o Chile anunciou que tamb�m participar� da pesquisa com 3 mil volunt�rios e firmou acordo para receber 20 milh�es de doses da vacina.
Dados das fases 1 e 2 dos testes e de uma primeira an�lise da fase 3 feita com 9 mil volunt�rios mostraram que a Coronavac se mostrou segura. Os resultados de efic�cia devem sair at� o fim do ano.
Uso emergencial
Paralelamente aos testes cl�nicos, a Sinovac iniciou, em julho, um programa de uso emergencial da Coronavac em cidad�os chineses. A pr�tica teve o aval das autoridades sanit�rias do pa�s e vale tamb�m para outras farmac�uticas locais que est�o desenvolvendo vacinas contra a covid. Balan�o de dois meses atr�s indicava que cerca de 60 mil pessoas j� haviam tomado o imunizante da Sinovac por meio do programa, a maioria profissionais de sa�de e outros trabalhadores expostos a maior risco de contamina��o. Estariam inclu�dos no programa todos os funcion�rios da Sinovac e seus familiares.
A m�dia estatal chinesa noticiou que, em algumas cidades, a Sinovac abriu cadastro para que qualquer indiv�duo pudesse se inscrever para tomar as doses. O custo, de acordo com o site China Daily, � de U$ 30 por dose, mas n�o ficou claro se � o governo local ou o paciente quem paga.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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