Nova alta de casos faz hospitais abrirem mais leitos covid e reduzirem cirurgias

Com o novo aumento de casos de covid-19, hospitais privados de S�o Paulo aumentam leitos e reduzem cirurgias n�o urgentes esperando uma segunda onda e unidades do Rio e da Regi�o Sul j� enfrentam um pico de infec��es t�o severo quanto o do primeiro semestre.

Em S�o Paulo, nove hospitais consultados pelo Estad�o tiveram aumento expressivo de interna��es no �ltimo m�s e se viram obrigados a ampliar as alas dedicadas � covid. No Albert Einstein, o total de internados com covid, que h� um m�s era est�vel em 55, chegou ontem a 106. A institui��o reduziu o n�mero de cirurgias eletivas agendadas e vem transformando leitos comuns em UTIs.

"Hoje mesmo (ontem) transformamos dez leitos em semi-intensiva. Quando observamos o aumento de casos, colocamos um limite de 110 cirurgias agendadas por dia", explica Sidney Klajner, presidente do Einstein. Antes da alta de infec��es, o hospital chegou a fazer mais de 150 opera��es di�rias.

No Samaritano e demais hospitais do Grupo Americas, o volume de leitos dedicado � covid foi ampliado em novembro e est� sendo adotada gradual redu��o de cirurgias eletivas de menor complexidade.

No Hospital Alem�o Oswaldo Cruz, uma an�lise do comit� de gest�o de crise determinou a abertura de mais 15 leitos de UTI para covid nas �ltimas semanas. Hoje, o hospital tem 89 internados com a doen�a. "O volume de atendimentos poder� crescer e � fundamental que a popula��o esteja mais consciente e tenha ades�o �s medidas protetivas", diz Antonio da Silva Bastos Neto, diretor executivo m�dico do Oswaldo Cruz.

Na BP - A Benefic�ncia Portuguesa de S�o Paulo, a UTI covid, com 30 leitos, j� est� lotada e a enfermaria chegou a 85% da sua capacidade, com novos leitos sendo adaptados a cada dia para pacientes com coronav�rus. "Temos estrutura f�sica grande, com algumas alas muito flex�veis. H� uma UTI com 53 leitos na unidade Paulista que podemos adaptar para covid caso necess�rio", diz Luiz Bettarello, diretor executivo m�dico e de desenvolvimento t�cnico da BP.

Na rede S�o Camilo, o total de internados nas tr�s unidades chega a 170 - no per�odo de baixa da pandemia, eram 10. "Temos leitos revers�veis que conseguimos adaptar como UTI e j� deixamos como reserva para covid", afirma Fernanda Fontanezi, diretora de unidade do S�o Camilo. Alguns hospitais j� apresentam dados compar�veis aos picos do 1� semestre.

O Santa Catarina, por exemplo, teve recorde di�rio de 73 internados entre os meses de maio e junho. Hoje, s�o 66 hospitalizados com covid. A ocupa��o geral dos 310 leitos � de 83%. "Seguimos monitorando diariamente a evolu��o da covid no Pa�s e adequando nossos leitos de acordo com a demanda", diz a diretora t�cnica do hospital, Christiane Nicoletti.

O Hospital Nove de Julho tem 30% mais interna��es. No Santa Paula, a alta � de 50%. A Santa Casa de S�o Paulo disse estar perto da capacidade m�xima de atendimento. "� bom que o Estado volte a pensar em aumentar leitos de terapia intensiva, em recriar hospitais de campanha e n�o ser displicente �s grandes aglomera��es", diz o presidente do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Cl�nicas e Laborat�rios de S�o Paulo), Francisco Balestrin. Levantamento da entidade aponta que a taxa de ocupa��o das UTIs em hospitais privados atinge 84% e que 35% das institui��es entrevistadas t�m adiado cirurgias eletivas (n�o urgentes).

Outros Estados

A reedi��o da alta de casos do 1� semestre acontece em outros Estados de modo ainda mais cr�tico. No Rio, a taxa de ocupa��o de UTIs da rede privada � de 98% na capital, Baixada Fluminense e Regi�o dos Lagos. O diretor da Associa��o de Hospitais Privados do Estado, Graccho Alvim, afirmou � TV Globo, que h� risco de "colapso total" da rede.

Alguns hospitais j� est�o suspendendo procedimentos eletivos. Relatos de funcion�rios e pacientes confirmam que n�o h� mais vagas dispon�veis para os casos mais graves de covid e que j� tem paciente sendo entubado fora das unidades de tratamento intensivo. "No Rio, a situa��o � de calamidade", resume o presidente da Federa��o Brasileira de Hospitais, Aldev�nio Morato. "J� h� filas de espera e estamos tentando fazer remo��es, mas alguns j� n�o t�m mais vagas."

No Sul, hospitais privados de Porto Alegre, Curitiba e Florian�polis j� registram recordes de internados desde o in�cio da pandemia e suspendem cirurgias (leia mais nesta p�gina).

Em Recife, a m�dia de novos casos di�rios saltou de 22 para 220 em apenas um m�s. O aumento j� sobrecarrega a rede privada. "Em volume de atendimentos na urg�ncia, temos uma segunda onda em Recife que se aproxima do que aconteceu no pico da doen�a em maio", diz o m�dico Jorge Pinheiro, presidente do Sistema Hapvida, que possui 43 hospitais no Pa�s.

RS: pacientes de outras doen�as na fila por vaga

O Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, est� com ocupa��o m�xima dos leitos da CTI covid e da enfermaria. Segundo a gerente m�dica da unidade, Gisele Nader Bastos, ainda h� seis pacientes de outras doen�as � espera de vaga na terapia intensiva. Em s� duas semanas, as interna��es foram de 82 para 97 - somando UTI e enfermaria.

Em novembro, o Moinhos atendeu 200 casos de sintomas gripais em um s� dia - n�mero mais alto desde mar�o, e chegou a restringir atendimento de suspeita de covid por 72 horas, diante da alta procura. "Estamos atendendo fam�lias inteiras infectadas", diz Gisele.

No Hospital Nossa Senhora das Gra�as, de Curitiba, a UTI opera "com mais de 90% da capacidade", diz o diretor executivo, Flaviano Feu Ventorim. "H� dez dias, tivemos de informar � popula��o para n�o encaminhar pacientes graves para l�, pois est�vamos sem leitos e equipamentos nem para reverter um enfarte." O hospital filantr�pico praticamente parou cirurgias eletivas (n�o urgentes), remanejou leitos de outras especialidades para suprir a demanda e refor�ou a equipe.

"O momento que vive S�o Paulo hoje, j� vivemos aqui desde o fim de outubro", diz Rafael Vasconcellos, diretor t�cnico do Hospital Ba�a Sul, de Florian�polis, que espera agravamento nas pr�ximas semanas.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.