Um aumento no fluxo de pessoas de classes mais altas em bares e restaurantes, juntamente com a expectativa de vacina��o contra a covid-19 nos pr�ximos meses, s�o apontadas como as principais causas do aumento da ocupa��o de leitos tanto de unidades de terapia intensiva (UTI) como de enfermaria espec�ficos para o tratamento da doen�a em hospitais privados de Belo Horizonte.
A ocupa��o de leitos de enfermagem para covid-19 dos 22 hospitais privados de Belo Horizonte quase dobrou em um m�s, conforme apontam dados da prefeitura da cidade. Em 3 de novembro, a ocupa��o era de 28,9%, de um total de 537 leitos. J� no levantamento divulgado na segunda-feira, o porcentual de uso era de 54,4%.
Houve avan�o expressivo no per�odo tamb�m em rela��o � ocupa��o dos leitos de unidade de terapia intensiva voltados para o tratamento da doen�a. Em 3 de novembro, a utiliza��o era de 30,8% de um total dispon�vel de 266 leitos, porcentual que, no dia 1�, j� ultrapassa a metade da capacidade, batendo 51,5% de vagas ocupadas.
Uma das principais redes hospitalares da Grande Belo Horizonte, a Mater Dei, com unidades na capital e uma para atendimento �s cidades de Betim e Contagem, na Regi�o Metropolitana, tinha, em 1� de novembro, no conjunto de suas unidades, 23 pacientes internados com covid-19, sendo sete em UTI. Outros 11 tinham suspeita da doen�a, dos quais cinco estavam em leitos de unidades de terapia intensiva.
Na �ltima ter�a, 1� de dezembro, o total de pacientes nas tr�s unidades com diagn�stico confirmado para a doen�a era de 75, ou seja, mais do que o triplo do verificado no in�cio de novembro, com 30 sob tratamento em unidades de terapia intensiva. Outros 11 estavam com suspeita de contamina��o, dos quais cinco estavam em tratamento intensivo.
O hospital afirma em nota que a alta nos casos de covid-19 era esperada. "Os nossos sistemas tinham previsto um aumento de demanda, como realmente aconteceu na �ltima semana, mas a rede est� preparada uma vez que as estruturas e equipes n�o foram desmobilizadas e continuamos com os protocolos de atendimento, mesmo quando houve um menor n�mero de casos."
Segundo a Mater Dei, n�o houve interrup��o no atendimento de outras especialidade m�dicas. "Os tr�s hospitais da rede est�o estruturados e preparados para atender � demanda, com protocolos de atendimento, fluxos separados e seguran�a para pacientes com covid-19 e de outras especialidades m�dicas uma vez que existem sintomas, exames preventivos, procedimentos e cirurgias eletivas agendadas e rastreamento oncol�gico que n�o podem esperar. A literatura mundial j� vem demonstrando os efeitos delet�rios de postergar atendimento m�dico-hospitalar durante a pandemia."
Em outro hospital da cidade, o Fel�cio Rocho, um dos mais tradicionais da capital, registrou entre a �ltima quinta-feira, 26, e ter�a, 1�, mais 56 casos confirmados de covid-19. Conforme o relat�rio do dia 1� divulgado pela institui��o de sa�de, 16 pacientes est�o internados na unidade de terapia intensiva do hospital com a doen�a.
Questionado sobre as medidas adotadas em rela��o ao aumento nos casos de covid na capital e a possibilidade de uma segunda onda, o Fel�cio Rocho informou que n�o se posicionaria sobre o assunto. A capital mineira registra 54.754 casos de covid-19 com 1.662 mortes, conforme o relat�rio da prefeitura do dia 1� de dezembro. Em 3 de novembro eram 48.707 casos com 1.494 mortes. Ou seja, uma alta de 12,4% no n�mero de casos e de 11,2% no n�mero de �bitos no per�odo.
A Unimed-BH, assim como a administra��o dos outros hospitais, confirmou crescimento nos casos confirmados de covid-19 em sua rede nas �ltimas semanas. A empresa vem pedindo a clientes que utilizem sistema de consulta via internet. "O atendimento online contribui para diminuir a propaga��o do v�rus, evita o aumento do tempo de espera e garante maior seguran�a aos clientes", diz a empresa.
A institui��o de sa�de n�o informou dados para compara��o da alta nos casos de covid-19 e informou apenas que, atualmente, h� 72 pacientes internados com a doen�a em sua rede. A Unimed-BH afirma que "tem monitorado diariamente suas unidades pr�prias e que a ocupa��o encontra-se em taxas seguras e adequadas para o atendimento de seus clientes".
O infectologista Dirceu Greco afirma que a situa��o nos hospitais pode piorar principalmente levando-se em conta o fim do ano. "Muitos pacientes me perguntam se � poss�vel fazer festas com oito pessoas, no m�ximo. � bom lembrar que essas pessoas ter�o contato com mais gente. O risco est� a�. N�o tem sentido festinha num momento desses", aponta o especialista.
Os n�meros nos hospitais particulares chegaram aos atuais patamares, na avalia��o de Greco, por causa da elevada exposi��o da popula��o de maior poder aquisitivo em um momento em que a pandemia ainda n�o est� controlada. "Os bares da Zona Sul, por exemplo, est�o lotados". O m�dico diz ainda que a possibilidade de chegada da vacina tamb�m pode ter contribu�do para o aumento da circula��o das pessoas. Greco lembra, no entanto, que ainda n�o se sabe a partir de quando a imuniza��o ter� in�cio no Brasil.
Procurar informa��es em Belo Horizonte sobre como o paciente deve se comportar em rela��o aos sintomas da covid-19 n�o � algo simples. Nas r�dios uma propaganda do Minist�rio da Sa�de afirma que, seja qual for o sintoma notado, � preciso procurar o posto de sa�de para "in�cio do tratamento precoce".
"Tratamento precoce" � a forma usada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para defender o uso da cloroquina para tratamento da covid, medicamento que n�o � indicado para o combate da doen�a por n�o haver qualquer comprova��o cient�fica de que resolva o problema. Por outro lado, m�dicos e autoridades p�blicas orientam a popula��o a somente procurar atendimento quando perceber sintomas mais graves da covid, como falta de ar. Na hip�tese de sintomas mais leves, a indica��o � a perman�ncia em casa com isolamento.
Ainda na primeira
A Central dos Hospitais de Minas Gerais, que representa as empresas do setor no Estado, afirma que n�o se pode falar em segunda onda de covid-19 "quando ainda n�o tivemos o final da primeira", diz a entidade, em nota. "O que houve foi um aumento da taxa de contamina��o que estava sinalizada como verde e agora foi para amarela". A declara��o � em refer�ncia ao �ndice de transmiss�o do v�rus, divulgado pela prefeitura, que nesta segunda-feira estava em 1,03, na faixa amarela. Valores abaixo de 1 ficam na faixa verde.
Para a Central dos Hospitais, "o importante � tranquilizar a popula��o de que o que vimos no 2� trimestre deste ano possivelmente n�o ocorrer� novamente, ou seja, falta de EPI (equipamento de prote��o individual), altas taxas de mortalidade, hospitais lotados etc".
A entidade afirma ainda que, se necess�rio, haver� aumento na oferta de leitos. "Quando houve a queda de pacientes contaminados ou com suspeita de contamina��o por covid-19 os hospitais foram remanejando seus leitos para as demais demandas existentes. Com o crescimento dos casos, � natural que haja uma retomada gradativa destes leitos para atender aos pacientes com covid-19. Lembrando que os hospitais possuem leitos e/ou alas exclusivas para os pacientes com covid-19 e/ou doen�a com possibilidade de cont�gio".
GERAL