O padre Julio Lancelotti, da Pastoral Povo da Rua, afirma que o arrast�o registrado na Cracol�ndia aconteceu ap�s guardas-civis impedirem que usu�rios de droga ficassem sob a marquise da Esta��o J�lio Prestes para se proteger da chuva de granizo que atingia o centro de S�o Paulo. O relato contraria a vers�o oficial de que o tumulto teria iniciado porque dependentes qu�micos agrediram GCMs.
O epis�dio mais recente de conflito na Cracol�ndia aconteceu na tarde de anteontem. Um grupo que estava no entorno da Pra�a Princesa Isabel depredou ao menos seis ve�culos, invadiu carros e saqueou motoristas.
O tumulto durou cerca de 20 minutos at� ser controlado pela Pol�cia Militar, que mant�m uma base na �rea e tamb�m atuou no conflito, sem que ningu�m tenha sido preso. Na regi�o, comerciantes dizem, ainda, temer novos ataques.
O arrast�o foi filmado por testemunhas. "O que est� sendo divulgado � s� uma parte da narrativa", diz o padre Julio Lancelotti, que atua no acolhimento de moradores de rua, entre eles frequentadores da Cracol�ndia. "Quando come�ou a chuva, muitos procuraram prote��o na marquise da J�lio Prestes, mas a GCM atacou para que eles n�o entrassem."
Em redes sociais, ele publicou v�deo que refor�aria a vers�o, mas n�o flagra o suposto ataque da GCM. As imagens mostram guardas-civis protegendo a Esta��o, que fica perto do "fluxo", onde os usu�rios de drogas se concentram. Ao fundo, � poss�vel ouvir o som aparentemente de bomba.
Para ele, o epis�dio n�o justifica o ataque contra motoristas, mas precisa ser considerado na busca por solu��es. "O tratamento violento gera resposta violenta. Precisamos entender por que chegamos a um ponto t�o dram�tico", diz. "Chama aten��o que a Pol�cia Militar estava a 100 metros do local do arrast�o. Pessoas eram atacadas e havia um crime acontecendo. Por que n�o interveio?"
Secret�rio executivo da PM, o coronel Alvaro Batista Camilo defende que a atua��o foi "r�pida", embora os policiais n�o tenham conseguido pegar os criminosos em flagrante. Ontem, um inqu�rito foi instaurado para identificar os autores, segundo a Secretaria da Seguran�a P�blica (SSP).
"A pol�cia j� est� capilarizada e, quando foi acionada, rapidamente colocou ordem. Entre o come�o da a��o e tudo ser restabelecido, durou cerca de 20 minutos", afirma. "O arrast�o n�o visava as pessoas e ningu�m ficou ferido. Eles queriam os bens, principalmente celular, para trocar por drogas."
Segundo ele, o efetivo policial e o patrulhamento direto tamb�m foram refor�ados ap�s o caso. Dados da pasta mostram, ainda, mais de 1.270 pris�es na Cracol�ndia nos �ltimos dois anos, al�m da apreens�o de 3,6 toneladas de droga e 15 armas de fogo.
"O problema da Nova Luz � complexo. Se fosse simples, j� estava resolvido", diz Camilo. "N�o � um problema s� de pol�cia, precisa de um trabalho conjunto da �rea de Assist�ncia Social e de Sa�de no tratamento e acolhimento dessas pessoas."
Em nota, a Secretaria de Seguran�a Urbana, respons�vel pela GCM, diz que o "fluxo" havia sido transferido da Rua Dino Bueno para a Alameda Cleveland, por retirar materiais de demoli��es em uma quadra da regi�o. "A a��o foi informada e combinada previamente", diz.
A pasta contesta a vers�o do padre. "A GCM iniciou a opera��o, que ocorria dentro da normalidade, no entanto, um grupo de frequentadores passou a arremessar pedras, paus e outros objetos na dire��o dos agentes p�blicos. A injusta agress�o precisou ser contida para preservar a seguran�a de todos na regi�o." Tamb�m segundo a pasta, a GCM "refor�ou o policiamento fixo" e "intensificou as rondas".
Medo
Comerciantes da �rea se dividem entre medo e resigna��o. "A sensa��o � horr�vel, a gente vive inseguro", diz uma lojista, que n�o quis se identificar. "Precisa ter alarme e barra de ferro na porta porque � daqui que tiro meu sustento."
Trabalhando perto do local do arrast�o, Leonardo da Silva, de 47 anos, diz j� estar "bem acostumando". "N�o pode deixar nada f�cil porque levam."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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