
O Reino Unido autorizou nesta quarta-feira, 30, o uso emergencial da vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela farmac�utica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. A ag�ncia regulat�ria brit�nica (MHRA) aprovou o regime de aplica��o de duas doses completas, com intervalo de 1 a 3 meses. No Brasil, o pedido de uso emergencial pode ser feito na semana que vem pela Fiocruz, que tem acordo com a AstraZeneca. A vacina de Oxford � a principal aposta do governo Jair Bolsonaro para vacinar a popula��o.
� a 2.ª vacina aprovada no Reino Unido, que j� havia dado aval � Pfizer. O imunizante de Oxford era bastante esperado por ser mais barato e de mais f�cil distribui��o. Suas doses podem ser conservadas em freezers convencionais, sem a necessidade de guardar a -70 °C. A Argentina tamb�m liberou o uso emergencial do produto ontem.
Essa vacina � vista como essencial para imuniza��o em massa em pa�ses populosos como o Brasil. A falta de transpar�ncia na divulga��o dos dados dos testes cl�nicos e um erro de dosagem que levou a mais de um resultado de efic�cia haviam motivado questionamentos dos especialistas.
A efic�cia m�dia da vacina, segundo os pesquisadores, � de 70% - abaixo do patamar de 90% de imunizantes como os da Pfizer e da Moderna, mas acima dos 50% recomendados pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). J� o grau de prote��o no grupo de maior risco, os idosos, ainda n�o � conhecido. Mesmo sem esse dado, o governo brit�nico deve iniciar a vacina��o de pessoas acima de 80 anos, trabalhadores de sa�de e residentes de asilos no dia 4.
Munir Pirmohamed, diretor do setor de farmacogen�mica do sistema de sa�de brit�nico (NHS), disse ontem que o imunizante pode ter 80% de efic�cia quando aplicadas duas doses completas com intervalo de tr�s meses. Este dado n�o havia sido divulgado previamente. "Tamb�m analisamos o regime de meia dose (que garante 90% de efic�cia, conforme a AstraZeneca), mas sentimos que os resultados n�o se confirmavam na an�lise completa."
Em uma nova abordagem, o Reino Unido disse que a prioridade ser� dar a 1.ª dose ao maior n�mero de pessoas em grupos de risco, em vez de fornecer as duas doses necess�rias no menor tempo poss�vel. Isso porque dados mostram que a prote��o come�a a fazer efeito 15 dias ap�s a aplica��o da 1.ª dose.
No Brasil
A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) se reuniu ontem com representantes da AstraZeneca no Brasil para discutir uma previs�o de pedido de uso emergencial. A Fiocruz diz que pode apresentar semana que vem a documenta��o necess�ria.
"Estamos analisando todas estas situa��es, mas isso ainda n�o est� definido porque depende de ter as doses de vacina para fazer sentido. Estamos muito avan�ados no processo de registro", disse N�sia Trindade, presidente da Fiocruz. Segundo ela, a Fiocruz deve entregar at� dia 15 � Anvisa os documentos necess�rios para o registro definitivo - autoriza��o diferente daquela que poderia ser pedida j� na pr�xima semana.
Segundo a Anvisa, o prazo de avalia��o � de at� dez dias contados a partir da entrada do pedido formal para uso de emerg�ncia, mas pode ser menor, tendo em vista que informa��es apresentadas na submiss�o cont�nua para registro ser�o consideradas. A medida, diz a ag�ncia, � para evitar "o retrabalho". A Anvisa j� certificou a f�brica da AstraZeneca, na China, que produz o insumo farmac�utico.
A Fiocruz prev� entregar as primeiras doses da vacina de Oxford a partir de 8 de fevereiro. "Com a chegada do Ingrediente Farmac�utico Ativo, em janeiro, podemos contar com a libera��o pela Fiocruz de aproximadamente 10 milh�es de doses em um processo cont�nuo durante o mesmo m�s, chegando a uma produ��o acumulada de aproximadamente 30 milh�es de doses no final de fevereiro, continuamente liberadas em mar�o, em um processo din�mico de entregas", prev� o vice-presidente de Produ��o e Inova��o em Sa�de da Fiocruz, Marco Krieger.
A proposta da Fiocruz � entregar 100,4 milh�es de doses da vacina at� o final do 1.º semestre. O governo investiu R$ 1,9 bilh�o para compra, processamento e distribui��o desse montante. No 2.º semestre, a produ��o passar� a ser 100% nacional e mais 110 milh�es de doses devem ser entregues ao minist�rio, totalizando cerca de 210 milh�es de doses.
Sem calend�rio fechado. O governo, por�m, ainda n�o fechou um calend�rio de vacina��o - M�xico e Argentina j� come�aram. O minist�rio afirmou anteontem trabalhar com duas datas. No cen�rio mais otimista, come�aria em 20 de janeiro. Mas tamb�m informa que o in�cio pode ser at� 10 de fevereiro. O governo paulista prometeu vacinar a partir de 25 de janeiro com a Coronavac, produzida em parceria do Instituto Butant� e o laborat�rio chin�s Sinovac. O imunizante, por�m, n�o teve os dados de efic�cia apresentados e ainda n�o tem registro.
STF prorroga lei que prev� 72h para aval de imunizante
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu ontem manter em vigor trechos de uma norma que prev� prazo de 72 horas para a Anvisa autorizar o uso de vacinas j� registradas por autoridades de sa�de de outros pa�ses. Com a virada do ano, a lei caducaria, porque est� atrelada a um decreto legislativo que fica sem efeito a partir de 2021.
A lei prev� 72 horas para que a Anvisa d� aval ao uso no Pa�s de imunizantes da covid-19 registrados pelas autoridades sanit�rias dos Estados Unidos, Europa, China ou Jap�o. O aval autom�tico s� ser� dado se a ag�ncia n�o se manifestar no prazo. N�o vale o mesmo prazo se estas vacinas tiverem s� aval emergencial no exterior.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.