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Estado de Minas AGLOMERA��O

Produtores driblam Justi�a e fazem festas proibidas em barcos no litoral da Bahia

O clima � de festa, mas os organizadores falam em 'passeio tur�stico'.


02/01/2021 13:16 - atualizado 02/01/2021 15:05

(foto: Twitter/Reprodução )
(foto: Twitter/Reprodu��o )
Numa escuna apinhada de gente, a maioria com roupa de banho, o ritmo disco embala a tarde, sob as �guas da Praia da Boca da Barra, na Ilha de Boipeba, no litoral sul da Bahia, tamb�m conhecido como Costa do Dend�. O clima � de festa, mas os organizadores falam em "passeio tur�stico". Os produtores t�m criado estrat�gias para driblar a Justi�a, pois os eventos est�o proibidos na regi�o. Uma delas � chamar de passeio uma festa que cobra R$ 198 pela entrada, com bebida � vontade, DJ e 50 pessoas num espa�o restrito. A aglomera��o � vis�vel.

A festa, chamada de passeio pela organiza��o, recebe o nome de Piratah, como se v� em um picho feito numa bandeira colocada na lateral do barco. "A gente ia cancelar, mas o pr�prio pessoal de Boipeba pediu para mantermos, porque tinha o aluguel do barco, o contrato com os fornecedores das bebidas", defendeu-se um dos organizadores, que n�o quis se identificar e afirmou n�o ter lucro com a produ��o. "Manter foi importante para todo mundo tamb�m. Todo mundo j� tinha reserva aqui, todo mundo veio para c�", emendou, em seguida.

H� outras duas festas ilegais que j� ocorreram ou est�o previstas para acontecer em Boipeba, a Sururu e a Discool, de 28 de dezembro a 2 de janeiro. Elas acontecem de dia, geralmente entre a tarde e o come�o da noite, em barcos. S�o as chamadas "boat partys" - festas no barco, em tradu��o para o portugu�s. A reportagem n�o conseguiu contato com os produtores, todos de S�o Paulo. A prefeitura de Cairu, munic�pio ao qual pertence Boipeba, proibiu, em 17 de dezembro, a realiza��o de festas. H�, ainda, um decreto do governo do da Bahia que pro�be shows e festas, p�blicas ou privadas, independentemente do n�mero de participantes.

A venda de ingressos, para evitar provas e eventuais penaliza��es, tem sido feita a partir de contato com os pr�prios organizadores. As imagens de divulga��o dos eventos acontecem por aplicativos de mensagem e grupos em redes sociais. O p�blico, relataram frequentadores, � formado principalmente por paulistas e mineiros. Como acontecem no mar, esses eventos conseguem driblar melhor a fiscaliza��o. A Capitania dos Portos n�o informou se realizou alguma fiscaliza��o que pudesse flagrar festas clandestinas no mar.

"� um p�blico descolado, que tem informa��o. Artistas, DJs, arquitetos. Aquele p�blico descolado de festa de Pinheiros, sabe?", definiu um rapaz, sob anonimato. A refer�ncia � ao bairro de alto padr�o da zona oeste de S�o Paulo, com concentra��o de bares, restaurantes e casas noturnas. � sin�nimo de badala��o. J� a Ilha de Boipeba � uma comunidade descoberta e mais explorada pelos turistas nos �ltimos anos, atra�dos pelas praias desertas e piscinas naturais, onde moram 15 mil pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

O turismo foi retomado em Boipeba e nas �reas vizinhas, como Morro de S�o Paulo, em setembro, depois de cinco meses de bloqueio ao p�blico externo. A viagem at� a pen�nsula � somente por barco. Carros n�o entram. S�o 662 casos de covid-19 registrados em Cairu e, com a proibi��o de festas no per�odo que antecede o R�veillon, a prefeitura pretendia conter as aglomera��es e festas previstas.

Festas ilegais aconteceriam paralelamente a evento conhecido nacionalmente
As festas ilegais estavam previstas para acontecer em paralelo � Mareh NYE, entre os dias 27 de dezembro e 2 de janeiro, organizada pela empresa Mareh Ag�ncia de Eventos. Os barcos seguiriam a embarca��o principal do festival. "Vamos acompanhar o boat (barco) o mais perto poss�vel e multiplicar sua energia como pista. Teremos nossas pr�prias bebidas, copos e gelo para n�o interferir em nadinha da estrutura do papai Guga", descreve a Piratah, numa plataforma de vendas online.

O "papai Guga" � uma men��o ao paulista Guga Rosseli, produtor e idealizador da Mareh, festival criado em 2003 conhecido por acontecer em para�sos escondidos do Nordeste. No dia 16 de dezembro, no entanto, a festa foi proibida pela Justi�a, depois de o juiz Leonardo Rulian acatar o pedido do Minist�rio P�blico da Bahia. A promotoria entendia que a festa traria riscos � comunidade, por gerar aglomera��es em meio a uma pandemia que, alertam cientistas, est� na "segunda onda". Na Bahia, s�o 484.485 mil casos de covid-19 at� o momento.

As festas "paralelas" foram pensadas quando os ingressos - que custam entre R$ 500 e R$ 750 - da Mareh tinham esgotado. Sem a festa principal para seguir, os organizadores n�o desistiram da realiza��o. "N�o desconhe�o, sei que est�o acontecendo, mas n�o temos nada a ver. Inclusive tentei com eles que cancelassem, pois podia respingar em n�s, mas n�o temos esse direito", respondeu Guga, o chef�o da Mareh, que, apesar do cancelamento, passa o fim de ano em Boipeba.

Segundo a 33º Companhia de Pol�cia Militar, que atende a �rea, nenhuma festa ilegal foi localizada, nem autuada, em Boipeba ou Morro de S�o Paulo. Os policiais ir�o fortalecer a atua��o a partir do desta quarta-feira, 30, at� o dia 3 de janeiro. A prefeitura de Cairu, na fase de mudan�a de gest�o, n�o respondeu aos questionamentos at� o fechamento da reportagem.

A ilha de Boipeba passou a receber maior contingente de turistas desde o �ltimo dia 26 e os quiosques e bares, autorizados a funcionar, realizam festinhas e promovem m�sica ao vivo para os clientes. "A ilha est� lotada, com coisinhas aqui e ali, mas acho que por estarem em locais mais afastados, fica mais dif�cil conseguir ter acesso a todos [eventos ligais]", disse um morador, tamb�m anonimamente. � um movimento parecido ao que ocorre mais ao sul da Bahia, em Cara�va e Trancoso, distritos de Porto Seguro. Depois de uma disputa judicial entre Governo da Bahia e o munic�pio, as festas est�o proibidas nas localidades, mas ocorrem diariamente em condom�nios de luxo.

Na noite da �ltima ter�a-feira, 29, a pol�cia acabou com uma festa que acontecia na casa da cantora Elba Ramalho, em Trancoso, para 700 pessoas. A resid�ncia estava alugada e a artista negou ter qualquer envolvimento com o evento. Disse estar numa missa quando soube da batida policial. A Secretaria de Seguran�a P�blica da Bahia (SSP) n�o tem balan�o oficial de quantas festas clandestinas foram interrompidas neste fim de ano. Mas, a partir das estat�sticas divulgadas na �ltima semana, � poss�vel estimar ao menos 12 eventos irregulares notificados por descumprir a decis�o judicial que pro�be festas e shows - nove delas entre Trancoso e Cara�va.


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