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Estado de Minas NOVO CORONAV�RUS

Confira os principais fatos da pandemia no Brasil at� os 200 mil mortos

Quase 11 meses depois do registro do primeiro caso de COVID-19, pa�s atingiu a tr�gica marca de vidas perdidas; vacina��o segue indefinida


07/01/2021 20:07 - atualizado 07/01/2021 20:30

Médicos atendem paciente com COVID-19 em UTI(foto: SILVIO AVILA/AFP )
M�dicos atendem paciente com COVID-19 em UTI (foto: SILVIO AVILA/AFP )
As horripilantes imagens de in�meros pacientes internados em unidades de terapias intensivas ou mesmo de caix�es sendo enterrados em cemit�rios do pa�s refor�am a tese de que a pandemia do coronav�rus no Brasil est� longe de terminar. Diariamente, pais, m�es, av�s, jovens, maridos, mulheres e muitos profissionais de sa�de s�o vencidos por uma doen�a avassaladora, silenciosa e que leva a um ambiente sombrio. 

Nesta quinta-feira, 7 de janeiro, menos de um ano depois do registro da doen�a em solo nacional, o Brasil contabiliza 200 mil mortes e mais de 7 milh�es de casos num triste cen�rio que ajuda a entender o porqu� de a COVID-19 ter se expandido de forma t�o letal em pouco tempo.

O primeiro caso de coronav�rus no Brasil foi confirmado pelo Minist�rio da Sa�de em 25 de fevereiro do ano passado, em meio ao carnaval. J� o primeiro �bito ocorreu em 12 de mar�o, em S�o Paulo, uma mulher de 57 anos que ficou internada no Hospital Municipal Doutor Carmino Cariccio, na Zona Leste. Menos de quatro meses depois, em 21 de junho, o pa�s j� havia ultrapassado a contagem de 50 mil vidas perdidas, no momento em que tamb�m j� ultrapassava 1 milh�o de infectados.

Em 10 de agosto – ou seja, dois meses e 11 dias ap�s a marca dos 50 mil –, o Brasil chegou �s 100 mil mortes. No m�s de outubro, quando a taxa de infectados voltou a explodir no pa�s, foi a vez de os brasileiros atingirem a faixa de 150 mil entes queridos que perderam a batalha para a doen�a.

A COVID-19 j� � de forma disparada a doen�a que mais vitimou pessoas no Brasil, quadriplicando os 50 mil integrantes mortos da tropa brasileira na Guerra do Paraguai de 1864 a 1870 e tamb�m superando em larga escala os 35 mil �bitos na Gripe Espanhola em 1918. 

Aglomera��es e medicamentos pol�micos

Com exce��o de um breve per�odo entre o fim de agosto e novembro, o Brasil atingiu seguidos dias ultrapassando os 1 mil mortos por dia. � medida em que a doen�a dizimava a popula��o e os hospitais ficavam em colapso, o presidente Jair Bolsonaro e os governantes interpretavam a pandemia de formas diferentes. 

Com declara��es fortes e diretas, o chefe do Pal�cio do Planalto minimizou os efeitos da COVID-19 desde seu in�cio, incentivou aglomera��es sem necessidade, estimulou a volta as atividades ao seu ritmo normal e indicou medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina aos pacientes mesmo sem comprova��o cient�fica. 
 
 
Por fim, se negou a tomar qualquer vacina e defendeu que a popula��o tivesse o direito � escolha do imunizante ou n�o, enquanto na��es inteiras aguardavam ansiosamente pela �nica salva��o da doen�a. � medida que o l�der de um pa�s se recusa a ser vacinado, um novo problema surge no controle da doen�a: v�rios de seus seguidores v�o tomar a mesma atitude. Virologistas afirmam que seria necess�rio vacinar 70% da popula��o para que a doen�a seja controlada. 

Em entrevista recente ao Estado de Minas, o infectologista Una� Tupinamb�s, que integra o comit� de enfrentamento ao coronav�rus em Belo Horizonte, criticou com veem�ncia a atitude de Bolsonaro no enfrentamento � doen�a: “O presidente refor�a o discurso anti-vacina, que � muito triste. Voc� v� um representante m�ximo da popula��o espalhando a cis�o e a disc�rdia no pa�s”.

Minist�rio em crise

Paralelamente aos discursos negacionistas do presidente, o pa�s viveu uma crise institucional e pol�tica envolvendo o Minist�rio da Sa�de, justamente por uma das maiores pol�micas que marcou o per�odo da pandemia: o uso da cloroquina. 

Por discordar da receita de Bolsonaro, o ministro da Sa�de e m�dico Henrique Mandetta – ent�o bra�o-direito do governo federal no controle � doen�a – foi exonerado do cargo em 16 de abril. Outro m�dico, Nelson Teich, foi nomeado para a pasta, mas sua passagem durou apenas 28 dias: o estopim da crise foi novamente a discord�ncia do uso da cloroquina e das medidas de isolamento social. 

Presidente Bolsonaro minimizou os efeitos da COVID-19 desde seu início, incentivou aglomerações sem necessidade (foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)
Presidente Bolsonaro minimizou os efeitos da COVID-19 desde seu in�cio, incentivou aglomera��es sem necessidade (foto: Ant�nio Cruz/Ag�ncia Brasil)


Por fim, quatro meses sem ministro titular, Bolsonaro efetivou o interino, general Eduardo Pazuello, como chefe da Sa�de, numa tentativa de apaziguar a crise e aprovar a todo custo a cloroquina no grupo de medicamentos de enfrentamento � doen�a.

Como justificativa para defender o fim do isolamento, Bolsonaro disse in�meras vezes em entrevistas e transmiss�es ao vivo que estava preocupado com os rumos da economia, que cada vez mais se desestabilizava com o enfraquecimento das atividades econ�micas, ent�o paralisadas por causa da pandemia. 

Por v�rias vezes, alegou que o pa�s n�o poderia parar e que o benef�cio do aux�lio emergencial concedido aos quase 70 milh�es de brasileiros desde o ano passado significaria um rombo enorme nos cofres p�blicos.

Batalha pol�tica

A postura de Bolsonaro no enfrentamento � doen�a levou � troca de farpas com diversos governantes pelo pa�s. O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), foi um dos primeiros a enfrentar o presidente, defendendo sempre a quarentena como meio de frear a transmiss�o da doen�a. O governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, tamb�m assumiu posicionamento contr�rio ao do presidente, endurecendo cada vez mais as atividades econ�micas em seu estado.

Doria tamb�m foi al�m ao anunciar de forma antecipada a compra de 46 milh�es de doses da Coronavac, produzida pelo laborat�rio chin�s Sinovac Biotech em parceira com o Instituto Butantan. O imunizante havia sido rejeitado pelo governo Bolsonaro, que desde o in�cio financiou as pesquisas da vacina AstraZ�nica/Oxford, com participa��o da Funda��o Osvaldo Cruz (Fiocruz), e apoiou, em segundo plano, a compra da Pfeizer. 

H� ainda um acordo encaminhado do governo com a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), por meio do conv�nio Covax Facility. De acordo com o Minist�rio da Sa�de, seriam 300 milh�es de doses de vacinas encaminhadas.

Vacina��o atrasada


A indefini��o acerca da vacina prejudicou a formula��o do Plano Nacional de Imuniza��o (PNI), que por v�rias d�cadas liderou com �xito campanhas contra caxumba, gripe, febre amarela, poliomielite e rub�ola e outras doen�as. A campanha contra a COVID-19 foi lan�ada no m�s passado sem uma data prevista para o come�o da vacina��o. 

“Nosso programa de vacina��o j� foi premiado internacionalmente e constru�do ao longo de d�cadas. Ele � independente de governo, seja os bons ou ruins e at� hoje ningu�m prejudicou essa boa regularidade. A campanha para a vacina do coronav�rus ser� a maior da hist�ria e sem precedentes. O quantitativo de pessoas a serem vacinadas � muito maior que de outras campanhas. Ser� um desafio enorme para o programa, at� porque ele foi gerido a toque de caixa por �timos t�cnicos. Mas precisaria de pelo menos quatro meses para ser elaborado", explicou o pesquisador e coordenador do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas), Fl�vio Guimar�es da Fonseca, em entrevista ao Estado de Minas em 20 de dezembro.

Pressionado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela sociedade, o governo definiu prioridades na vacina��o -  profissionais da sa�de, popula��o idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em asilos e institui��es psiqui�tricas e ind�genas -, mas n�o mencionou no documento as estrat�gias mais importantes, como log�stica de distribui��o, compra de acess�rios ou mesmo contrata��o de profissionais. 

Enquanto mais de 50 pa�ses j� iniciaram o processo de vacina��o, o Brasil ainda esbarra em problemas que atrasam o processo, casos da falta de seringas e de refrigeradores, al�m do fato de a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) n�o ter validado nenhuma das quatro vacinas em estudo. 

O governo prev� um per�odo de 16 meses para que se cumpra o calend�rio de vacina��o. Os primeiros quatro meses seriam destinados aos grupos priorit�rios e o restante aos demais grupos. Pelo menos 50 milh�es de pessoas seriam vacinas nesse primeiro processo. 

“N�o adianta ter vacina dispon�vel se n�o tivermos o material suficiente para aplicar, ou seja, s�o necess�rias agulhas e seringas para administrar a vacina na popula��o. Infelizmente, neste quesito, o planejamento n�o foi o adequado. Em julho, o poder p�blico foi avisado da necessidade de insumos para a aplica��o de vacinas, por�m apenas agora, em dezembro, � que o Minist�rio da Sa�de come�ou a procurar fornecedores. Existe receio das autoridades de sa�de de um real desabastecimento dos insumos utilizados para a aplica��o de vacinas em grande escala para a popula��o”, alerta o biom�dico Ben�sio Ferreira, coordenador do curso de Biomedicina do Centro Universit�rio Internacional (Uninter).

Al�m de ser o primeiro passo para a retomada da vida normal, a vacina se torna a esperan�a de uma na��o inteira que chora copiosamente por uma trag�dia ainda sem data para terminar. Mesmo que o imunizante chegue ao mercado no pa�s, as autoridades de sa�de afirmam que � indispens�vel seguir com os protocolos de seguran�a para evitar a maior dissemina��o da doen�a. 


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