As obras para a despolui��o do Rio Pinheiros, promessa do governo Jo�o Doria (PSDB), terminaram 2020 atingindo a marca de terem feito liga��es de esgoto em 120 mil im�veis na cidade de S�o Paulo. Embora a meta seja coletar os dejetos de 533 mil localidades, t�cnicos do governo acreditam que, at� o fim de 2022, o governador possa anunciar o cumprimento da proposta.
Com o rio sem cheiro nem �gua turva, o governo planeja reocupar suas margens, trazendo a popula��o para perto do Pinheiros. O Estado j� assinou concess�es para renovar a ciclovia existente ali e para a constru��o, na �rea da antiga Usina de Trai��o (rebatizada Usina S�o Paulo), pr�ximo � Ponte Estaiada, de um centro de conven��es e gastronomia. Na semana que vem, deve anunciar o resultado de outra licita��o, um chamamento p�blico ocorrido na �ltima ter�a-feira, para a cria��o de um parque linear.
Transformar as margens do rio Pinheiros em ponto de encontro e �rea de lazer � uma das apostas de Doria para se redimir com os moradores da capital paulista - onde sua taxa de rejei��o chegou a 51%, na �ltima pesquisa Ibope, em novembro. Na nova Usina S�o Paulo, concedida por R$ 280 milh�es a um cons�rcio privado, o governador espera que seja criado o que ele chama de "Puerto Madero" brasileiro, em refer�ncia � �rea revitalizada de Buenos Aires, na Argentina.
Obras
As obras de liga��es de esgoto est�o sendo feitas em bairros distantes at� 10 quil�metros do rio, em geral em favelas com casas constru�das irregularmente, que lan�am o esgoto diretamente em 16 c�rregos que des�guam no Pinheiros. Nesses locais, a Sabesp est� construindo dutos de coleta dos dejetos bem ao lado dos c�rregos, e levando at� esse duto os canos dos im�veis que, antes, iam para o rio. Os servi�os s�o complementados pela retirada de sujeira no pr�prio rio.
Parte do otimismo dos t�cnicos est� no fato de que as empreiteiras contratadas para o servi�o s�o remuneradas n�o mediante a conclus�o de novas liga��es, mas sim por resultado (quanto esgoto deixa de ser lan�ado). Quanto antes o c�rrego fica limpo, antes elas recebem. "Elas t�m um est�mulo extra para concluir o servi�o", diz o secret�rio estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido. O rio estar� "despolu�do", segundo as metas, quando a Demanda Biol�gica de Oxig�nio (DBO) for de 30 mg/l. Hoje, � de 75. Quando menor o DBO, mais oxigenada est� a �gua, o que permite a vida.
As metas do governo s�o tidas como "exequ�veis" pela gerente da Causa �gua Limpa da SOS Mata Atl�ntica, Malu Ribeiro. Para ela, o projeto pode de fato retirar o odor do rio. "A forma de fazer, ter uma rede coletora ao lado do rio e essa rede receber os dejetos, tendo em vista que a ocupa��o das casas � irregular, � adequada. Finalmente temos uma solu��o para essas pessoas que eram invis�veis."
Por�m, segundo Malu, com esse �ndice DBO, o Pinheiros s� servir� para navega��o ou para a dilui��o de esgoto. Ela defende que haja um projeto de longo prazo para que a despolui��o seja maior, o que permitiria outros usos. "O m�ximo (DBO) que o rio deveria ter, segundo a legisla��o, � 10", afirma. "A gente venceria esse desafio promovendo uma reurbaniza��o: retirando essas pessoas de �reas irregulares."
Ao visitar as obras, observa-se que as liga��es s�o feitas de canos de pl�stico ligadas aos dutos, seguradas em estruturas de cimento cru que se assemelham � est�tica prec�ria comum das favelas. Por�m, quem recebeu o servi�o em seu lar o aprova. "Em casa n�o tinha muito cheiro de esgoto, era mais para o fim da rua. Mas eles vieram aqui, quebraram o piso e fizeram uma tubula��o para a minha casa e para as duas casas de tr�s", disse a pensionista Edilene Concei��o Dias, de 51 anos, cuja casa foi alvo das obras em julho. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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