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Estado de Minas PANDEMIA

'� o funk unido � medicina":�MC Fioti grava novo v�deo de 'Bum Bum Tam Tam' na sede do Butantan

Em entrevista � BBC News Brasil, funkeiro pede respeito ao ritmo e conta detalhes da grava��o do 'hino da vacina' dentro do instituto paulista


15/01/2021 08:37 - atualizado 15/01/2021 10:38

Em nova versão, funkeiro
Em nova vers�o, funkeiro "vai pedir paz e sa�de para a popula��o e a cura para o coronav�rus" (foto: Felipe Max/Divulga��o)

O "Bum Bum Tam Tam" chegou ao Butantan. Agora, literalmente.

Nesta sexta-feira (15), depois de alcan�ar quase 1,6 bilh�o de visualiza��es do v�deo "Bum Bum Tam Tam" no YouTube, o funkeiro MC Fioti gravar� uma nova vers�o do sucesso descrito como o "hino da vacina" nos corredores da sede do instituto Butantan, em S�o Paulo.

Lan�ada em 2017, a m�sica al�ou o clipe do paulista de 26 anos aos 30 v�deos mais vistos da hist�ria do YouTube em todo o mundo. Nas �ltimas semanas, ela ganhou novo impulso com o avan�o nos testes da CoronaVac, a vacina da farmac�utica chinesa Sinovac que est� sendo desenvolvida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan.

O an�ncio foi feito pelo pr�prio MC Fioti em entrevista v�deoconfer�ncia ï¿½ BBC News Brasil.

"Vamos fazer o novo clipe baseado no contexto original da Bum Bum Tam Tam", conta o funkeiro. "Na nova vers�o, o g�nio d� tr�s desejos: a gente vai pedir paz e sa�de para a popula��o e a cura para o coronav�rus", revela Fioti.

O v�deo original mostra uma par�dia com refer�ncias ao cl�ssico Mil e Uma Noites, incluindo um "g�nio da l�mpada" concede desejos a MC Fioti e sua trupe, em uma esp�cie de har�m.

A letra foi atualizada para a nova grava��o: "A vacina envolvente que mexe com a mente / de quem t� presente. A vacina saliente / vai curar muita vida e salvar muita gente. Vem c� vacina, tam / Vem c� vacina tam tam tam".

"O nosso funk est� se agregando � medicina e isso nunca aconteceu na hist�ria", diz o m�sico, que diz ainda tentar entender como a m�sica acabou sendo associada � vacina.

"N�s soubemos pelos memes."

Apoio � vacina

Em meio � polariza��o em torno da vacina, MC Fioti defende a imuniza��o. 

"Fico muito feliz porque de alguma forma estou podendo ajudar atrav�s da m�sica, com alegria, e incentivando as pessoas a tomar a vacina. Tem muita gente aqui no Brasil que fica em cima do muro, que n�o quer tomar a vacina e tal", diz.

"Eu vou tomar. Com certeza."


A vacina da farmacêutica chinesa Sinovac está sendo desenvolvida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan(foto: Getty Images)
A vacina da farmac�utica chinesa Sinovac est� sendo desenvolvida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan (foto: Getty Images)

O governo de S�o Paulo anunciou em 12 de janeiro os resultados finais dos testes de efic�cia da CoronaVac.

De acordo o diretor de pesquisa do Instituto Butantan, Ricardo Pal�cios, os estudos apontaram que a efic�cia geral da vacina � de 50,38%. O dado foi obtivo com testes feitos em 12.508 volunt�rios no pa�s, todos profissionais de sa�de. Segundo Pal�cios, os profissionais de sa�de foram escolhidos porque t�m uma exposi��o maior ao v�rus.

Esse dado � a taxa global de efic�cia da CoronaVac, ou seja, os desfechos prim�rios, que incluem todas as pessoas que ficaram doentes independentemente da gravidade da doen�a.

Nenhum dos infectados precisou de interna��o hospitalar, informou o Instituto Butantan. Com base nesta s�rie de resultados, o governo paulista e o Butantan enviaram � Anvisa o pedido de autoriza��o para o uso emergencial e o registro definitivo da vacina no pa�s.

Uma decis�o deve ser anunciada neste fim de semana.

"Acredito que Bach ia amar"

O que muita gente n�o n�o sabe � que a flauta que funciona como fio condutor de "Bum Bum Tam Tam" � um trecho alterado de uma melodia do s�culo 18.

Vem de Partita em L� menor para flauta solo, composta pelo alem�o Johann Sebastian Bach, a "flauta envolvente que mexe com a gente" descrita na letra do funk.

� reportagem, MC Fioti descreve o funk como um ritmo diverso, fruto de influ�ncias que v�o do rap norte-americano aos cl�ssicos. Acima de tudo, diz o paulista, � "um ritmo nosso, brasileiro".

"�s vezes, n�s valorizamos uma m�sica que � de fora e n�o valorizamos a nossa. O ator de fora e n�o o nosso. O diretor de cinema de fora e n�o o nosso. Ent�o vamos come�ar a valorizar a cultura brasileira porque � isso nosso, a gente n�o pegou de ningu�m."

Aos cr�ticos do ritmo, que associam o funk � viol�ncia ou ao sexo, Fioti pede para que "n�o julguem o livro pela capa".

"Muitas vezes as pessoas n�o conhecem a hist�ria, n�o convivem com o estilo e querem falar pelo passado. Eu pe�o que parem de criticar, porque mudou a nossa vida e est� mudando muitas vidas de jovens na periferia. Quantas pessoas trabalham com o funk hoje e levam o alimento para dentro de casa? Isso � errado? Isso salva vidas, tira do crime, tira moleque da rua", diz.

"Voc� n�o precisa amar o funk. S� para de falar que ele n�o presta porque voc� est� promovendo disc�rdia sobre um movimento que passa muito sufoco, sofre muito e aos poucos est� vencendo", diz. 

"Eu entendo que tem as letras de ousadia e as letras conscientes. E tem tamb�m a realidade, o 'proibid�o' que eles chamam. N�o � porque voc� n�o gosta da m�sica de ousadia que n�o vai gostar da consciente. N�o � s� porque nessa aqui fala "bumbum" que voc� tem que desprezar o contexto todo."

O MC relembra como transformou os acordes originais de Bach em funk.

"Escuto muitos estilos de m�sica para ter ideias e samplear. Foi atrav�s do (rapper norte-americano) Dr. Dre que conheci o Bach. Ele j� sampleou Sebastian Bach. Eu falei: caramba, quem � Sebastian Bach? Peguei o nome dele e pesquisei no YouTube e comecei a ver as partituras. E foi a� que achei a de 'L� menor'. Achei a flauta, tive a ideia, baixei o arquivo, sampleei e criei a letra. Foi de momento. E essa flauta mudou minha vida", lembra.

Como Bach reagiria � nova vers�o?

"Pelo sucesso que foi, eu acredito que ele ia amar, ia gostar, ia achar legal. Acredito que sim."

"Come�o a chorar"

Nascido em Itapecerica da Serra e criado nos arredores do Cap�o Redondo, na periferia de S�o Paulo, MC Fioti conseguiu resgatar os acordes do autor cl�ssico alem�o para al�m dos bailes funks brasileiros - pessoalmente, ele se apresentou em pelo menos 14 pa�ses europeus. 

Nas �ltimas semanas, com o novo boom gerado pela associa��o de sua m�sica mais famosa ao nome do instituto respons�vel pela vacina CoronaVac no Brasil, viu um salto de 284% na procura pela can��o na plataforma de streaming Spotify. 

De carona, uma vers�o da m�sica gravada por membros da Orquestra Sinf�nica da Bahia voltou a viralizar. 

A reportagem pergunta como o jovem se sente.

"Muito grato. Eu vim da periferia. Minha m�e cuidou de mim e dos meus irm�os sozinha. Ela sempre trabalhou de empregada dom�stica, sempre sofreu. Tamb�m sofria agress�o dom�stica pelo pai dos meus irm�os. Ent�o eu consegui mudar a hist�ria da minha m�e e da minha fam�lia", diz o funkeiro, emocionado.

"O que me faz mais feliz � que hoje n�o falta nada na minha fam�lia, na mesa, e minha m�e n�o precisa mais trabalhar. Eu n�o tenho nem palavras, se come�ar eu come�o a chorar. De verdade. A hist�ria � linda mas tamb�m � triste."


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