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Estado de Minas GERAL

Ap�s festas, crescem surtos familiares


17/01/2021 16:00

Ap�s quase um ano de quarentena rigorosa, em que s� filhos e netos sa�ram para as compras essenciais, o casal Enrico Miotto, de 81 anos, e Vincenzina Miotto, de 79, achou que seria seguro reunir a fam�lia no s�tio em Socorro, interior de S�o Paulo, para o Natal. Afinal, o lugar � amplo e espa�oso, todo mundo de m�scara. Foram 14 pessoas. No dia 26, a matriarca come�ou a tossir. Em seguida, outras pessoas se queixaram de gripe. Todos que celebraram juntos o Natal contra�ram a covid-19.

Cinco parentes foram hospitalizados. O casal octogen�rio foi parar na UTI do Hospital Santa Catarina, na regi�o da Avenida Paulista. Desde 4 de janeiro, ficaram em leitos pr�ximos, um ao lado do outro numa luta compartilhada. Foi duro. Covid e, em seguida, pneumonia. No dia 7, dona Vincenzina saiu da UTI. Fez quest�o de ver o marido, o que emocionou o time do hospital. Um ajudou o outro. Enrico deixou a unidade de interna��o intensiva no dia 10 de janeiro. Todos sobreviveram. Hoje, est�o bem, mas o retorno com o pneumologista ser� dentro de 15 dias.

O drama dos Miotto se repete na pandemia. M�dicos, por�m, viram nas �ltimas semanas alta de surtos familiares, em que um parente transmite para outros. A covid n�o est� s� nas estat�sticas: est� dentro de casa. "O aumento do surto entre familiares e amigos nas �ltimas duas semanas � evidente", diz a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Em�lio Ribas. "Houve aumento sens�vel em rela��o a semanas anteriores. In�meros casos de pai, m�e e filho contaminados", afirma a cardiologista Nicolle Queiroz, que atende casos de covid nos hospitais S�o Luiz e S�o Camilo.

A influ�ncia desses casos no crescimento geral da pandemia ainda ser� observada nas pr�ximas semanas, observa M�rcio Bittencourt, mestre em Sa�de P�blica e m�dico do Hospital Universit�rio da USP. "A evolu��o da transmiss�o depende do contato interpessoal. Se os n�veis atuais se mantiverem, a proje��o � de persist�ncia de transmiss�o comunit�ria intensa."

De acordo com o Comit� de Contingenciamento da Covid de S�o Paulo, ligado ao governo paulista, o Estado deve chegar a um pico de interna��es em uma semana, mesma previs�o de Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da USP. "Na semana que vem, v�rios munic�pios v�o observar a satura��o no sistema de sa�de em S�o Paulo, Rio, Mato Grosso do Sul e no Sul. At� o fim de janeiro, os n�meros ser�o indecentes", diz Alves. O colapso dos hospitais de Manaus, que ficaram horas sem oxig�nio na quinta, p�e m�dicos em alerta.

"Festas de final de ano, feriados e at� aglomera��es familiares, dentro de casa, no Natal e r�veillon, acabaram colaborando para que a transmiss�o fosse maior", afirma Dania Abdel Rahman, infectologista do Hospital Albert Sabin de S�o Paulo. "Muitas pessoas n�o sabem que est�o com o v�rus porque n�o t�m sintomas, e acabam transmitindo o v�rus para outros".

Foi o que aconteceu com um universit�rio de 23 anos. No fim do ano, ele viajou com a namorada para Florian�polis, onde mora o restante da fam�lia. L�, participou de uma festa com primos e a irm�. Na volta, visitou uma tia paterna, de 55 anos. Quando come�ou a sentir os primeiros sintomas, fez o teste. Positivo. Foram 16 a 18 pessoas contaminadas. Hoje, ele e a namorada est�o em isolamento; a tia foi diagnosticada com pneumonia e se trata em casa. "Est�o muito sem gra�a com o que houve", conta a m�e do jovem, a publicit�ria Cristina Pereira, que prefere preservar o nome do filho. "Estou chateada e preocupada. Acho que existem muitos mais casos parecidos com esse. Jovens, de maneira geral, v�o se conscientizar um pouco mais. Estavam subestimando demais a doen�a. A mensagem para os jovens �: fiquem em casa".

Novo perfil da pandemia. Isso significa que a conta das festas de final de ano est� s� come�ando a chegar. No Estado, as interna��es subiram 19% de 29 de dezembro a 12 de janeiro, mas faltam dados de surtos familiares, por problemas de testagem e rastreamento. Esses surtos integram uma mudan�a no comportamento da pandemia no Pa�s nos �ltimos meses, aponta Rodrigo Stabeli, pesquisador da Fiocruz. "Houve mudan�a no perfil epidemiol�gico da doen�a. A curva de casos mudou da faixa dos 40 a 60 para a fase dos 20 a 45 anos. Alguns trabalhos mostram que a aglomera��o de jovens tem levado a doen�a para dentro de casa. J� aconteceu na Espanha e na Alemanha."

No Reino Unido, o rastreamento da contamina��o familiar foi decisivo para decretar lockdown, o terceiro do pa�s, em vigor desde o dia 5. Hoje, a maior parte dos pa�ses da Europa mapeia os contatos dos infectados para prevenir as hospitaliza��es nas semanas seguintes.

A contamina��o dos familiares, na mesma casa, mostra outra face da pandemia: como cuidar de si pr�prio e do outro. As irm�s F�tima, de 63 anos, Eliete, 67, e Elita, 75, fizeram tudo certinho na quarentena. Sair de casa s� mesmo para compras essenciais. No Natal, receberam mais quatro parentes para um churrasco no quintal da casa onde moram em Canga�ba, zona leste de S�o Paulo. O v�rus se espalhou entre os familiares e cinco se contaminaram. Felizmente, ningu�m precisou de interna��o.

"Como somos tr�s irm�s, uma cuida da outra com os rem�dios e a parte emocional", conta F�tima Lopes. No 10.� dia de diagn�stico de covid, ela ainda tosse na hora de falar. Reclama de dores nas costas e da falta de olfato e de paladar. Curiosamente, a irm� mais velha, Elita, que tem problemas respirat�rios e uma defici�ncia na coluna, n�o ficou t�o debilitada quanto a irm� mais nova.

Stabeli, da Fiocruz, recomenda aten��o aos sintomas na fam�lia. "Al�m da s�ndrome gripal, � preciso observar dores no corpo, febre leve, tosse, dor no fundo dos olhos, diarreia e dores nas extremidades", diz. "Se morar com outra pessoa com sintomas, � recomend�vel cumprir o distanciamento de 2 metros e usar m�scara por 10 dias."

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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