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Estado de Minas GERAL

Falha de planejamento e log�stica criam diferentes ritmos de vacina��o pelo pa�s


31/01/2021 13:00

Passadas quase duas semanas do in�cio da vacina��o contra a covid-19 no Brasil, somente 22% das doses distribu�das pelo Minist�rio da Sa�de aos Estados foram aplicadas, e os n�meros revelam disparidade nos ritmos de vacina��o pelo Pa�s. Enquanto Alagoas e Paran� j� usaram 34% das doses que receberam, o Amazonas aplicou apenas 8,8% dos imunizantes entregues pelo governo federal.

Com atraso, o Brasil iniciou a campanha em 18 de janeiro, depois de mais de 50 pa�ses, e acumula 2 milh�es de vacinados (0,95% da popula��o), embora j� tenha dispon�vel 8,9 milh�es de doses. Entre as na��es que come�aram em dezembro, as taxas s�o bem maiores. Israel imunizou 4,3 milh�es (50,2%), Reino Unido, 7,9 milh�es (11,7%) e os EUA, 24 milh�es (7,45%).

Mesmo que metade das 6,9 milh�es de doses da Coronavac esteja reservada para a segunda aplica��o, o Pa�s tem dispon�vel para uso imediato mais de 5 milh�es de doses, mas n�o aplicou nem metade disso. Segundo especialistas, a campanha precisa ser acelerada. Entre os gargalos est�o a escassez de doses, o que dificulta o planejamento das cidades, e problemas log�sticos.

Nesta primeira fase, o plano prev� vacinar trabalhadores da sa�de, idosos em institui��es de longa perman�ncia e ind�genas. Para Isabella Ballalai, vicepresidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es, a cobertura atual � baixa, mesmo se considerados s� grupos priorit�rios.

Um dos desafios agora � imunizar 410 mil ind�genas e 20 mil profissionais de sa�de que atendem esses grupos. � dif�cil chegar at� eles - cerca de 6 mil aldeias, 100,6 mil pessoas no Amazonas. Doze �reas precisaram do apoio log�stico do Minist�rio da Defesa. "� preciso agilidade para chegar a locais de dif�cil acesso", diz o almirante Carlos Chagas, porta-voz da pasta. Em alguns lugares, s� barco e avi�o, como Tabatinga, a 1,1 mil quil�metros de Manaus. De 10 mil doses, 8,9 mil s�o para ind�genas ticuna e 1,1 mil para profissionais de sa�de locais. Ali, a vacina��o pode levar at� dez dias.

Em Pau Brasil (BA), 4 mil dos 11 mil habitantes s�o ind�genas aldeados. A cidade recebeu 1.731 doses para esse grupos e 132 para os demais. A entrega � feita conforme os agentes de sa�de ind�genas pedem doses. Mas, segundo a secret�ria de Sa�de, Sirl�ndia Xavier, a demanda � baixa. At� sexta, o munic�pio s� bateu 18% da meta.

Em S�o Miguel das Miss�es (RS), s� foram aplicadas 30 das 113 doses para os tekoa koenjus. "Os profissionais de sa�de est�o com dificuldade para que os �ndios aceitem a vacina. Aos poucos, est�o aderindo", afirma o secret�rio municipal de Sa�de, Fabiano Morais.

Em Mato Grosso do Sul, com 48 mil ind�genas, a vacina��o s� ganhou velocidade nos �ltimos dias. Havia um impasse com os polos ind�genas, que queriam ficar com as vacinas - uma reuni�o na ter�a definiu que as cidades ser�o respons�veis por armazenar e distribuir doses. O governo estadual prev� vacinar os ind�genas em at� 30 dias.

Barreiras

"O que trava a vacina��o no Brasil � a in�rcia do governo federal, que poderia ter comprado mais doses", diz o m�dico Gonzalo Vecina Neto, colunista do Estad�o. Isabella Ballalai tem opini�o semelhante. "Percebemos que a campanha est� fragmentada pela quest�o da oferta de vacinas."

Coordenadora do Programa Nacional de Imuniza��es (PNI) de 2011 a 2019, a epidemiologista Carla Domingues destaca a tradi��o brasileira em campanhas de larga escala. "� um programa reconhecido no mundo. Assim que forem garantidas mais doses, essa estrutura consolidada pode acelerar o ritmo. Mas � fundamental o cadastramento pr�vio de quem ser� imunizado", alerta. "Temos de aproveitar essa fase, quando ainda h� tempo, para cadastrar os pr�ximos grupos."

Secret�rios dizem que o n�mero limitado de doses e a falta de clareza sobre o tamanho das remessas dificultam. Em S�o Miguel das Miss�es, a informa��o sobre a remessa chega um dia antes, segundo o governo local. Em Itabuna (BA), a secret�ria de Sa�de, L�via Aguiar, afirma que o n�mero de doses s� � conhecido na hora da entrega. A cidade recebeu 4.017 vacinas em dois lotes diferentes. "Esper�vamos quantitativo bem maior. Tivemos de refazer todos os planos." A cidade s� vacinou 30% dos profissionais de sa�de at� agora.

Algumas cidades demoraram para buscar o imunizante. Nova Alvorada (RS) foi a �ltima a recolher sua cota (cinco doses) na Coordenadoria Regional de Sa�de em Passo Fundo, no dia 22. O governo local diz que j� havia agendado a retirada de outros rem�dios na regional e, por isso, optou por uma viagem s�. A dist�ncia � de cerca de 60 km.

Para dificultar o acompanhamento, os n�meros de vacinados tamb�m demoram. Natal come�ou a registrar os dados em formul�rios impressos, s� depois digitados. At� quinta, o minist�rio apontava que a Para�ba havia imunizado 10,2% dos grupos priorit�rios, mas o Estado fala em "atraso no registro" por "inconsist�ncia" no sistema. Manaus chegou a parar a vacina��o por dois dias ap�s suspeitas de desvios e questionamentos da Justi�a sobre a lista de vacinados. Procurado, o minist�rio n�o comentou.

Rapidez

Por outro lado, S�o Gon�alo do Amarante (RN) conseguiu driblar as dificuldades e j� aplicou todas as 563 doses recebidas no primeiro lote. Enquanto a maioria dos munic�pios centraliza a vacina��o em hospital ou posto de refer�ncia, a cidade criou um grupo itinerante de imuniza��o. Duas equipes visitaram 36 estabelecimentos, entre unidades de sa�de, hospitais e institui��es de longa perman�ncia. Em quatro dias, vacinaram todo mundo. "N�o trouxemos o trabalhador para ser vacinado. Fomos at� ele", diz Jalmir Sim�es, secret�rio municipal de Sa�de.

Em Lauro de Freitas (BA), a prefeita Moema Gramacho (PT) diz que o ritmo veloz serve para pressionar o governo federal. Em pouco mais de uma semana, as 1.640 doses recebidas foram aplicadas. "Temos nos empenhado para dar agilidade na vacina��o e transmitir informa��es em tempo real ao minist�rio, mostrar que h� necessidade grande de mais vacinas.

Gestores temem parar campanha por falta de imunizante

O in�cio da vacina��o do p�blico priorit�rio � o primeiro passo para o fim da pandemia, mas n�o significa prote��o imediata aos vacinados. Especialistas afirmam que a prote��o completa come�a, em m�dia, duas semanas ap�s a aplica��o da segunda dose no paciente. Nesse contexto, munic�pios grandes e pequenos mostram preocupa��o com eventual interrup��o da campanha de vacina��o por demora de novos lotes. "A preocupa��o com a falta de imunizantes � de todos os secret�rios", diz Cipriano Maia, titular da Sa�de do Rio Grande do Norte.

Na primeira semana, foram distribu�das pelo Pa�s 6 milh�es de unidades da Coronavac. A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) j� aprovou o uso emergencial de outro lote, de 4,1 milh�es, das quais 900 mil j� foram entregues, e chegaram 2 milh�es de doses da vacina de Oxford, importadas da �ndia. O Instituto Butantan promete novo lote da Coronavac para a �ltima semana de fevereiro. "O receio � real na cabe�a de cada um dos gestores. Temos sim essa preocupa��o", diz Jos� Helder (MDB), prefeito de V�rzea Alegre (CE).

A nota t�cnica enviada �s secretarias estaduais, com base na libera��o emergencial da Coronavac pela Anvisa, prev� janela de 14 a 28 dias para a segunda dose. No caso da vacina de Oxford, a recomenda��o do fabricante � de at� 120 dias. No Reino Unido, a estrat�gia de adiar a dose de refor�o j� tem sido adotada.

Por causa das incertezas quanto � chegada de imunizantes e seguindo a recomenda��o dos fabricantes, a maioria dos Estados pretende usar o prazo m�ximo de 28 dias para a Coronavac. Ap�s cogitar estender o prazo, al�m dos 28 dias, o Estado de S�o Paulo recuou na sexta-feira. O governo paulista queria que o Minist�rio da Sa�de desse garantias de que, aplicadas todas as doses dispon�veis, haveria novas unidades suficientes para a segunda aplica��o. Se n�o tivesse de reservar parte das doses agora, S�o Paulo poderia ampliar a base de pessoas que receberam a primeira parte do imunizante.

Diante da escassez das vacinas, os governos estaduais refor�am a necessidade das medidas de preven��o. "Mesmo que a vacina n�o seja interrompida, receberemos em um quantitativo ainda insuficiente para uma imuniza��o em massa, que atinja uma imunidade de rebanho imediatamente", afirma Ana Costa, diretora do Departamento de A��es em Sa�de do Rio Grande do Sul.

"Esperamos que uma eventual interrup��o n�o ocorra, mas, se ocorrer, � preciso ter maturidade para manter os cuidados, pois s�o eles que reduzem enormemente os riscos de contrair a covid-19."


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