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Estado de Minas GERAL

L�der do governo na C�mara amea�a 'enquadrar' Anvisa e Bolsonaro reage


05/02/2021 12:00

O l�der do governo na C�mara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), abriu uma crise pol�tica ao amea�ar "enquadrar" a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). Barros afirmou ao Estad�o nesta quinta-feira que os diretores da ag�ncia est�o "fora da casinha" e "nem a�" para a pandemia de covid-19. Mais tarde, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou seu l�der e saiu em defesa da ag�ncia.

Com capital pol�tico refor�ado ap�s a vit�ria nas elei��es da C�mara e do Senado, o parlamentar do Centr�o prometeu mobilizar a maioria governista para aprovar projetos que acelerem o registro de novas vacinas no Pa�s. "O que eu apresentar para enquadrar a Anvisa passa aqui (na C�mara) feito um roj�o." Emparedado, o diretor-presidente da Anvisa, o m�dico e militar Ant�nio Barra Torres, cobrou retrata��o, o que n�o ocorreu, e sugeriu que o l�der apresente uma den�ncia formal sobre a demora.

Jair Bolsonaro entrou no circuito para amparar Barra Torres. Ciente de que Barros n�o falava apenas por si, o presidente tentou amenizar as cobran�as do Centr�o sobre a ag�ncia - o grupo de parlamentares fisiol�gicos virou sua base no Congresso e cobi�a cargos de primeiro escal�o na Esplanada. Em viagem a Santa Catarina, Bolsonaro disse que a "nossa Anvisa" possui um "hist�rico de trabalho muito bom". "Eu sempre disse: uma vez aprovada pela Anvisa, sem press�o de ningu�m, a vacina ser� comprada. Ningu�m fala por mim diante de uma ag�ncia, seja qual for", discursou ontem.

O presidente ainda convidou Barra Torres para uma live nas redes sociais, procedimento cada vez mais comum quando quer prestigiar ministros "fritados" em p�blico. Na transmiss�o ao vivo, desautorizou Barros. "A ag�ncia n�o pode sofrer press�o de quem quer que seja. Eu n�o interfiro em ag�ncia nenhuma", afirmou, em transmiss�o ao vivo pelas redes sociais. "Ningu�m vai me representar na Anvisa porque l� mexe com vidas. N�o � coisa que deu errado e voc� conserta na frente."

A queda de bra�o ocorre no momento em que o Pal�cio do Planalto e o Congresso desejam acelerar o aval a novas vacinas, com destaque para a Sputnik V, apelidada por governistas como "vacina do Bolsonaro". Al�m disso, para n�o depender da Coronavac, imunizante associado ao governador paulista, Jo�o Doria (PSDB), o Minist�rio da Sa�de avan�a na compra da Sputnik V e da Covaxin, que � desenvolvida na �ndia. A Anvisa, por�m, ainda aguarda mais dados sobre a seguran�a e a efic�cia desses produtos.

Uni�o Qu�mica

O lobby da Sputnik � refor�ado por caciques pol�ticos de Bras�lia. O laborat�rio Uni�o Qu�mica, que fechou contrato com os russos para produzir o imunizante no Pa�s, costumava financiar campanhas eleitorais quando a doa��o por empresas era permitida. O dono da empresa, Fernando de Castro Marques, foi candidato a senador pelo Solidariedade em 2018, mas n�o se elegeu.

O atual diretor de neg�cios internacionais do laborat�rio, Rog�rio Rosso, � uma antiga lideran�a do Centr�o. Foi deputado federal pelo PSD e governador do Distrito Federal. Em 2016, chefiou a comiss�o que deu aval ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e concorreu � presid�ncia da C�mara como herdeiro da bancada de Eduardo Cunha (MDB-RJ), que seria cassado e preso.

Ao reagir �s declara��es de Ricardo Barros, o presidente da Anvisa disse que n�o pode acusar o l�der de governo de agir sob interesses de laborat�rios. "N�o tenho de tecer coment�rios sobre algo que eu n�o tenho comprova��o."

"Eles n�o entenderam ainda. Est�o fora da casinha, n�o sabem que estamos numa pandemia, que precisamos de coisas urgentes, que precisamos facilitar a vida das pessoas. N�o � poss�vel que tenha 11 vacinas aprovadas em ag�ncias no mundo inteiro e n�s s� temos duas, e eles n�o est�o nem a� com o problema", disse Barros.

Ex-ministro da Sa�de no governo Michel Temer (2016-2018), Barros � um dos nomes lembrados para voltar ao cargo numa reforma ministerial. Questionado, ele diz que "j� fez sua parte" e "o problema n�o est� na Sa�de, est� na Anvisa". Mas o Progressistas cobi�a retornar a algum minist�rio de primeira linha, caso da Sa�de.

O l�der do governo tem uma rela��o conflituosa com a ag�ncia desde que era ministro da Sa�de. Em 2019, o Minist�rio P�blico Federal moveu a��o contra Barros por causa de um contrato de cerca de R$ 20 milh�es fechado na gest�o dele, mas cujos medicamentos n�o foram entregues porque a Anvisa barrou a importa��o.

Desafio

O presidente da Anvisa desafiou o l�der do governo a explicar quem o apoiava e como iria enquadrar a ag�ncia. "Ele est� no dever de formalizar uma den�ncia no canal competente ou se retratar. Acho que para ele n�o tem mais outra sa�da: Ou ele denuncia ou se retrata."

Para ele, a frase de Barros "destoa" e � um "desservi�o aos esfor�os nacionais de combate � pandemia". "As pessoas est�o com dificuldade de entender em quem confiar." Segundo Barra Torres, a declara��o deixou t�cnicos do �rg�o "indignados". "Dizer que os servidores da ag�ncia est�o 'nem a�' para a pandemia? Tivemos colegas nossos que morreram. S�o pessoas que est�o trabalhando para salvar vidas."

Nomeado no ano passado, ap�s atuar interinamente no comando da ag�ncia, o contra-almirante da Marinha tem o perfil conservador que agrada a Bolsonaro. Ele afirma que "nem passa pela cabe�a" entregar o cargo e n�o espera press�o do presidente ap�s a fala de Barros. "Meu limite est� muito longe ainda. Tenho 32 anos de treinamento militar."

Fase 3

Barros manifestou a insatisfa��o em entrevista ao Estad�o mesmo depois de a Anvisa flexibilizar a obrigatoriedade de os laborat�rios apresentarem dados de estudos de fase 3 para obter o registro de vacinas - ele j� havia protocolado um projeto de decreto legislativo para derrubar essa obrigatoriedade.

Para ele, a decis�o colegiada da ag�ncia � uma "engana��o". Antes a fase 3 era obrigat�ria e agora passou a ser somente "preferencial".

Segundo Barra Torres, a decis�o foi t�cnica e n�o teve rela��o com a press�o do deputado. "Tiraram a fase tr�s e colocaram mais dez gravetos no lugar. Querem enganar quem? Est�o achando que sou trouxa?", indagou o deputado nesta quinta-feira. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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