A reuni�o de milhares de pessoas em festas de r�veillon autorizadas pela Justi�a no litoral do Rio Grande do Norte na passagem de 2020 para 2021 pode ter sido o principal fator para o aumento de casos confirmados de covid-19 nos munic�pios de S�o Miguel do Gostoso e Tibau do Sul. Entre os dias 31 de dezembro do ano passado e 30 de janeiro deste ano, essas cidades registraram crescimento nos diagn�sticos de infec��o pelo coronav�rus de 14,34% e 30,34%, respectivamente.
Essas eleva��es podem estar ligadas � exposi��o da popula��o local aos turistas que viraram o ano nessas praias, apontam pesquisadores. Nas duas cidades, as festividades de final de ano foram realizadas com respaldo judicial.
No dia 31 de dezembro, no auge das festas de r�veillon que lotaram o munic�pio de S�o Miguel do Gostoso, na faixa norte do litoral potiguar, existiam 237 pessoas com covid-19. Trinta dias depois, foram 271 confirma��es. O n�mero de �bitos causados pelo novo coronav�rus na cidade se manteve o mesmo no intervalo de tempo analisado: 11.
Em Tibau do Sul, do outro lado do litoral, na regi�o sul, a varia��o foi maior. No �ltimo dia de dezembro de 2020, quando a cidade e o distrito de Pipa, uma das praias mais badaladas da regi�o durante as festas de final de ano, concentravam milhares de turistas interessados nas festas de r�veillon cujos ingressos com hospedagem ultrapassavam a casa dos R$ 6 mil por pessoa, existiam 659 casos de covid-19 confirmados. Um m�s ap�s o vai-e-vem de turistas nas festas privadas e tamb�m pelas ruas do vilarejo de pescadores sem o uso de m�scara, descumprindo o distanciamento social e sem a utiliza��o do �lcool em gel periodicamente, o quantitativo de novas ocorr�ncias da covid-19 saltou para 859 - varia��o de 30,34%.
"As pessoas andavam sem m�scaras, como se a pandemia tivesse acabado. Era assustador ver aquilo nas ruas de Pipa. Eu acabei fazendo uma coisa errada, que foi um passeio de barco dias ap�s o r�veillon, com um grupo de turistas nacionais e internacionais, e acabei sendo contaminado. Tive todos os sintomas e senti medo de morrer longe da minha fam�lia", relata um funcion�rio p�blico que pediu para n�o ser identificado. Ele mora na cidade de Tibau do Sul, distante sete quil�metros da praia de Pipa, onde desenvolve um estudo para a universidade na qual atua no Rio Grande do Norte.
Conforme a pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e integrante do Comit� Cient�fico da Secretaria de Estado da Sa�de P�blica (Sesap/RN), Marise Freitas, a ocorr�ncia de casos novos em todo o Estado, a partir de janeiro, est� em curva decrescente. Os aumentos dos casos novos confirmados nas cidades de S�o Miguel do Gostoso e Tibau do Sul s�o considerados isolados e n�o impactaram os dados consolidados do Rio Grande do Norte como um todo.
"Houve um aumento de casos de dezembro que n�s atribu�mos ao per�odo eleitoral. Em algumas regi�es, ocorreram aumentos que se distinguiram das outras, como � o caso do Serid�. Por ser um destino tur�stico, as pessoas que vieram ao Rio Grande do Norte para se aglomerar, elas necessariamente n�o moram aqui. Elas podem ter vindo para c�, se contaminado e voltado para seus locais de origem. Esse � um ponto que a gente n�o sabe. N�s temos um porcentual local que participa, como os trabalhadores que estiveram nas aglomera��es", afirma Marise Freitas.
H�, por�m, uma ressalva quando analisados os n�meros de forma isolada. Marise Freitas chama aten��o para o fato dos munic�pios em refer�ncia serem destinos tur�sticos que atraem milhares de pessoas do Brasil e do exterior - e que a maioria da popula��o nativa atua em trabalhos vinculados � explora��o tur�stica. "Provavelmente, o aumento de casos nessas cidades seja reflexo desse movimento. At� porque as pessoas da cidade trabalharam nesse per�odo, prestando servi�os em restaurantes, pousadas. A gente pode inferir isso", ressalta a pesquisadora.
M�dia m�vel no Estado em queda
Dados tabulados pelo Laborat�rio de Inova��o Tecnol�gica em Sa�de da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), apontam queda na m�dia m�vel de novos casos de covid-19 no Estado. "Ap�s o dia 5 de janeiro, vemos que h� uma queda acentuada e sustentada dos novos casos", destaca o diretor executivo do LAIS/UFRN, Ricardo Valentim.
No dia 6 de janeiro, a m�dia m�vel de novos casos estava em 744 em rela��o aos sete dias anteriores. No dia 1� de fevereiro, essa m�dia havia ca�do para 196 ante 7 dias passados. Conforme Ricardo Valentim, mesmo com o aumento de casos registrados ao longo do m�s de dezembro do ano passado e in�cio de janeiro deste ano, o quantitativo de mortes pela covid-19 n�o seguiu a mesma curva.
"O Rio Grande do Norte � um case dentro do Pa�s. H� in�meros Estados em situa��o desfavor�vel em rela��o ao RN, com aumento de casos e mortes. Estamos num momento de redu��o sustentada dos novos casos", afirma o pesquisador. Segundo tabula��o do LAIS/UFRN, a m�dia m�vel de mortes pelo novo coronav�rus caiu de 11,36 no dia 31 de dezembro de 2020 para 6,29 no dia 30 de janeiro passado.
Para manter o n�mero de novos casos em queda, o governo do Rio Grande do Norte acatou recomenda��o do Comit� Cient�fico e determinou a suspens�o dos festejos de carnaval em todo o Estado e cancelou os pontos facultativos entre os dias 13 e 17 de fevereiro.
GERAL