Conhecida no Brasil e no mundo por ser uma das praias mais bonitas do Rio Grande do Norte, Pipa passou, na pandemia, a ser sin�nimo de descaso com as medidas para conter o avan�o do novo coronav�rus. Mesmo com festas p�blicas e privadas proibidas pelo governo estadual em decreto, imagens que circulam nas redes sociais desde a sexta-feira, 12, cuja autenticidade foi confirmada pela Assessoria de Comunica��o da Pol�cia Militar do Rio Grande do Norte (Assecom/PMRN), mostram milhares de pessoas sem m�scara aglomeradas na principal avenida.
"As pessoas, principalmente em Pipa, n�o querem usar a m�scara. S�o ruas estreitas que sempre tendem a aglomerar", relata o porta-voz da PMRN, tenente-coronel Eduardo Franco. A disputa por espa�os entre ambulantes, trabalhadores e turistas a cada feriado prolongado aumenta o risco de transmiss�o do coronav�rus em uma localidade que n�o conta com leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e que registrou, em um m�s, aumento de 37,07% nos casos confirmados de COVID-19.
"Pipa nos causa estranheza pela falta de empatia e civilidade das pessoas. H� falta de educa��o mesmo. Nossa orienta��o � para o uso cont�nuo da m�scara e para n�o aglomerar. Pipa vai na contram�o", lamenta Franco. Policiais militares que atuam no policiamento ostensivo no distrito, pertencente ao munic�pio de Tibau do Sul, relatam que est�o "enxugando gelo" ao pedir para as pessoas usarem m�scaras. "Elas colocam na nossa frente e, quando d�o as costas, retiram", comentou um dos policiais que pediu sigilo da identidade.
A informa��o foi confirmada por um servidor p�blico que est� com amigos na praia de Pipa. "A Pol�cia passa, pede para desligar as caixas de som, para colocar as m�scaras. As pessoas desligam o som, mas n�o colocam as m�scaras. Mesmo sem m�sica, elas continuam nas ruas, como se nada estivesse acontecendo", relatou o homem que pediu para n�o ser identificado.
O procurador da Rep�blica no Rio Grande do Norte, Fernando Rocha, usou uma rede social para criticar a aglomera��o no local. "Pipa, antes conhecida pelas suas belezas naturais, vai se tornando not�ria nacionalmente pelo desprezo com a vida. Cenas lament�veis percorrem o mundo do carnaval de l� no auge da pandemia", escreveu o procurador.
Al�m da Pol�cia Militar, a prefeitura de Tibau do Sul - alvo de cr�ticas no final do ano passado ao autorizar a realiza��o de festas de r�veillon em meio ao aumento de casos de COVID-19 - tenta conscientizar os turistas. Nas redes sociais, v�deos mostram agentes distribuindo m�scaras e verificando de temperatura de quem entra no vilarejo.
Pipa est� situada no extremo Sul do Rio Grande do Norte, muito pr�xima da Para�ba e de Pernambuco. A praia atrai turistas de todo o Brasil e, desde o final do ano passado, se tornou destino daqueles que procuram festas em meio � pandemia.
Ocupa��o de leitos de COVID-19 no Rio Grande do Norte
A movimenta��o constante e cada vez maior de turistas no litoral do Rio Grande do Norte preocupa a Secretaria de Estado da Sa�de P�blica (Sesap/RN). Conforme dados da plataforma Regula RN, acessados no final da manh� desta segunda-feira, 15, dos 19 hospitais p�blicos e privados (conveniados ao Sistema �nico de Sa�de - SUS) com leitos cr�ticos espec�ficos para o tratamento da COVID-19 no Estado, 12 est�o com ocupa��o acima de 80% e sete j� chegaram � capacidade m�xima, com os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com ocupa��o de 100%.
A maioria desses hospitais, que inclui at� uma maternidade, est� situada nas regi�es de maior adensamento populacional do Rio Grande do Norte. Conforme a plataforma Regula RN, que � atualizada a cada cinco minutos, o Estado tem 78,7% dos leitos cr�ticos para a COVID-19 ocupados. A Regi�o Metropolitana de Natal, 87,3%; a regi�o Serid�, 71,4% e o Oeste, 67,9%.
A secret�ria adjunta de Sa�de do Rio Grande do Norte, Maura Sobreira, refor�a a necessidade de fiscaliza��o dos agentes p�blicos para que cenas como as de Pipa sejam evitadas.
"O Governo do Estado emitiu decreto suspendendo feriados, proibindo realiza��o de eventos p�blicos e cabe aos munic�pios a fiscaliza��o do cumprimento. Inclusive, o Estado disponibilizou as for�as de seguran�a para fazer a fiscaliza��o. Contudo, esse controle � feito pelo munic�pio em rela��o � aglomera��o", afirma Maura Sobreira.
Entre 12 de janeiro e 12 de fevereiro (data da mais recente atualiza��o do n�mero de casos e �bitos por COVID-19 no RN), a Sesap registrou aumento de 8,89% pelas mortes causadas pela doen�a, saindo de 3.115 para 3.392. Os casos confirmados saltaram de 125.338 para 148.199, alta de 18,23%.