Capitais come�am a paralisar vacina��o com 1� dose; prefeitos cobram governo

Menos de um m�s ap�s o in�cio da vacina��o, as capitais come�am a suspender campanhas por falta de estoque. Rio, Salvador e Cuiab� j� anunciaram que n�o v�o mais aplicar a primeira dose do imunizante at� novas remessas. Em Curitiba, a prefeitura admite s� ter volume suficiente para esta semana. A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) cobrou do governo federal um cronograma de entrega de doses.

Na segunda-feira, 15, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM) informou que, sem vacina suficiente, o Rio iria interromper o programa por pelo menos uma semana. Segundo o governo municipal, as doses que ainda est�o dispon�veis foram reservadas para a segunda aplica��o. A Secretaria Municipal de Sa�de diz ter recebido cerca de 375 mil doses e vacinado 249,8 mil pessoas - n�mero j� superior � quantidade dispon�vel, considerando a segunda dose.

"A expectativa � de que as doses provenientes do Instituto Butantan sejam entregues no dia 23", disse o governo federal, em nota. "O retorno esperado (da campanha) � na pr�xima semana, mas a data exata ainda ser� confirmada."

Em Salvador, o prefeito Bruno Reis (DEM) usou o Twitter para anunciar a paralisa��o nesta ter�a, 16. A capital manter� a aplica��o das segundas doses para trabalhadores de sa�de, at� nova remessa. "Est�o asseguradas desde a primeira distribui��o."

Situa��o semelhante vive Cuiab�. Ontem, a capital de Mato Grosso tinha apenas 400 doses dispon�veis para a primeira aplica��o. A gest�o Emanuel Pinheiro (MDB) manteve s� o cronograma da segunda dose. O governo de Cuiab� alega ter recebido 30,8 mil doses e imunizado 23,2 mil pessoas.

Em Curitiba, a gest�o Rafael Greca (DEM) afirma s� ter 12,4 mil doses dispon�veis para a primeira dose. O estoque seria suficiente para atender o cronograma de vacina��o at� sexta-feira.

Com 73% do p�blico-alvo ainda sem ter recebido dose, Florian�polis afirma dispor de apenas 1.390 vacinas. Para se ter ideia, essa quantidade representa metade das doses aplicadas s� no dia 11. Por sua vez, o governo de Santa Catarina diz que o Estado n�o recebe novos lotes desde o dia 7. "Nesse momento o estoque dispon�vel destina-se � segunda dose", afirma.

Em outras capitais, o estoque tamb�m caminha para o fim. Macei�, por exemplo, diz j� ter aplicado 20,7 mil das 22,7 doses recebidas - ou 91%. Por sua vez, Porto Alegre diz ter 11 mil imunizantes em estoque, mas ainda falta 27% do p�blico-alvo, ou mais de 33 mil na 1.� dose.

J� S�o Paulo n�o informa o estoque dispon�vel, apenas o n�mero de vacinados: 394,4 mil receberam a primeira dose do imunizante at� anteontem.

Outras cidades pelo Pa�s registram, conforme fontes locais, estoques esgotados ou pr�ximos do fim. � o caso do Rio Grande do Sul (Cachoerinha, Gua�ba), e de Mato Grosso (Rondon�polis, Sinop, Barra do Gar�as).

Em S�o Jos� dos Campos (SP), foi suspensa a vacina��o antecipada para quem tem mais de 80 anos. A prefeitura cobrou celeridade do Estado que, por sua vez, criticou o munic�pio por n�o oferecer dados para dimensionar as remessas.

Press�o e compras federais

A FNP divulgou texto em que afirma que "os sucessivos equ�vocos do governo federal" est�o diretamente ligados � escassez e � falta de doses de vacinas em cidades de todo o Pa�s. O presidente da entidade, o prefeito Jonas Donizette, afirma que os prefeitos fizeram a sua parte. "Houve efici�ncia na aplica��o da vacina, ou seja, aquilo que os prefeitos e as cidades se propuseram a fazer foi feito e bem feito e num ritmo bem acelerado. Agora, o problema da escassez quem tem de resolver � o Minist�rio da Sa�de."

A FNP cobra do Minist�rio da Sa�de um cronograma com prazos e metas estipulados para a vacina��o de cada grupo: por faixa et�ria, doentes cr�nicos, categorias de profissionais. Cronograma publicado no site do Minist�rio da Sa�de ontem indica que foram entregues � pasta 10,7 milh�es de vacinas contra a covid at� o momento. Dessas, s�o 8,7 milh�es da Coronavac, do Instituto Butantan/Sinovac, e 2 milh�es da Universidade de Oxford/AstraZeneca. Por sua vez, o cons�rcio de ve�culos de imprensa informa que 5,2 milh�es, ou 2,5% da popula��o, j� receberam a primeira dose. Esse contingente, em tese, seria suficiente para praticamente esgotar a quantidade de vacinas dispon�vel, uma vez que � necess�ria a dose complementar.

Para a Coronavac, o intervalo para administra��o do refor�o deve ser entre duas e quatro semanas. J� a segunda dose de Oxford pode ser aplicada at� tr�s meses depois da primeira.

Cobrado sobre o assunto, o minist�rio prev� receber mais 9,3 milh�es de Coronavac e 4 milh�es da vacina de Oxford ainda este m�s. A data exata, no entanto, n�o � informada. J� em mar�o, a pasta diz que vai receber mais 18,1 milh�es de doses do Butantan e 23,3 milh�es de Oxford - sendo 2,65 milh�es via Cons�rcio Covax, da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS).

Pressionada, a pasta tamb�m formalizou ontem a compra de mais 54 milh�es de doses da Coronavac. Segundo o minist�rio, nesta semana h�, ainda, previs�o de fechar contrato para compra de 10 milh�es de doses da Sputnik V, da R�ssia, e 10 milh�es da Covaxin, da �ndia.

Perguntas & Respostas - Pa�s precisa de mais acordos

1.O Brasil possui neste momento vacina para aplicar em toda a popula��o?
N�o. Os acordos firmados at� agora pelo Minist�rio da Sa�de preveem a entrega de 354,5 milh�es de doses (212 milh�es da Fiocruz/Oxford, 100 milh�es do Instituto Butantan e 42,5 milh�es da Covax Facility), o que atenderia 177 milh�es de pessoas, levando em considera��o duas doses para a imuniza��o. No entanto, essa entrega deve ser escalonada ao longo do ano (veja tabela abaixo). A previs�o do minist�rio � que A metade da popula��o seja vacinada at� junho e a totalidade da popula��o seja imunizada at� o fim do ano, o que implicaria novos acordos para aquisi��o de mais vacinas.

2.A vacina��o est� lenta?
Mais de 5,2 milh�es de pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19 at� ontem. Especialistas t�m apontado que o ritmo atual n�o supre a necessidade de imuniza��o para deter a pandemia, j� que com uma m�dia de 200 mil doses aplicadas por dia (dado do in�cio de fevereiro) seriam necess�rios quatro anos para vacinar toda a popula��o. Campanhas anteriores, como a da gripe, j� mostraram que a capacidade de vacina��o simult�nea do Pa�s � maior que a atual. Um fator a ser levado em considera��o � a escassez no fornecimento das vacinas, o que pode obrigar cidades a interromper a aplica��o das doses.

3.Com a chegada de mais vacinas, uma pessoa poder� receber doses de fabricantes diferentes?
N�o. O recomendado � que as duas doses sejam do mesmo tipo de vacina, o que garante seguran�a e efic�cia da imuniza��o.

4.Quando o cronograma ser� ampliado?
Ainda � incerto. Em S�o Paulo, o cronograma atual prev� in�cio da aplica��o para idosos acima de 80 anos, o que ocorrer� em 1.� de mar�o. A data pode variar conforme o planejamento de cada Estado e cidade.


OS IMUNIZANTES COM OS QUAIS O PA�S CONTA

Cons�rcio Covax Facility
Entrega de 42,5 milh�es de doses:

Mar�o: 2,65 milh�es de doses da AstraZeneca

at� Junho: 7,95 milh�es de doses da AstraZeneca

***A expectativa � DE que o Brasil receba ainda aproximadamente mais 32 milh�es de vacinas contra Covid-19 produzidas por laborat�rios de sua escolha at� o fim deste ano.

Butantan - Coronavac/Sinovac
Entrega das 100 milh�es de doses:

Janeiro: 8,7 milh�es - entregues

Fevereiro: 9,3 milh�es

Mar�o: 18,1 milh�es

Abril: 15,93 milh�es

Maio: 6,03 milh�es

Junho: 6,03 milh�es

Julho: 13,55 milh�es

Agosto:13,55 milh�es

Setembro: 8,8 milh�es

Fiocruz - Oxford/AstraZeneca
Entrega de 222,4 milh�es de doses:

Janeiro: 2 milh�es - j� entregues

Fevereiro: 4 milh�es

Mar�o: 20,7 milh�es

Abril: 27,3 milh�es

Maio: 28,6 milh�es

Junho: 28,6 milh�es

Julho: 1,2 milh�es

****Segundo a Sa�de, com a incorpora��o da tecnologia da produ��o do insumo, a Fiocruz dever� produzir e entregar mais 110 milh�es de doses no segundo semestre de 2021.

Uni�o Qu�mica - Sputnik V/Instituto Gamaleya
Entrega de 10 milh�es de doses (importadas da R�ssia) - Previs�o de assinatura de contrato esta semana.

Mar�o: 800 mil entregues 15 dias ap�s a assinatura do contrato

Abril: 2 milh�es entregues 45 dias ap�s a assinatura do contrato

Maio: 7,6 milh�es entregues 60 dias ap�s a assinatura do contrato.

*****A expectativa � que, a partir da incorpora��o da tecnologia da produ��o dos insumos necess�rios para o imunizante, a Uni�o Qu�mica passe a produzir mais 8 milh�es de doses por m�s.

Precisa Medicamentos - Covaxin/BHARAT BIOTECH
Entrega de 20 milh�es de doses da �ndia - Previs�o de assinar contrato esta semana.

Mar�o: 8 milh�es - 4 milh�es + 4 milh�es de doses entregues entre 20 e 30 dias ap�s a assinatura do contrato

Abril: 8 milh�es - 4 milh�es + 4 milh�es de doses entre 45 e 60 dias ap�s o contrato
Maio: 4 milh�es entregues 70 dias ap�s o contrato.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.