Cerca de 450 imigrantes, a maioria venezuelanos e haitianos, est�o acampados desde s�bado, 13, sobre a Ponte da Amizade, na cidade de Assis Brasil, no interior do Acre. O munic�pio brasileiro faz fronteira com acidade de I�apari, no Peru, e tem sido utilizada como rota para os migrantes que passam pelo territ�rio brasileiro.
Com a fronteira fechada desde mar�o de 2020 por causa da pandemia de coronav�rus, o acesso de turistas pela ponte est� proibido. Dessa forma, os imigrantes foram barrados e houve momentos de tens�o entre os estrangeiros que tentavam sair do Brasil e os militares peruanos, que montaram uma barreira humana na cabeceira da ponte.
O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia (PT/AC), explicou que a cidade recebeu um refor�o de policiamento do Grupo Especial de Fronteira da Pol�cia Militar, o que possibilitou a redu��o da tens�o entre peruanos e imigrantes, situa��o que preocupava as autoridades municipais e a pr�pria popula��o.
"Desde s�bado que eles est�o aqui na cidade, em resposta a uma solicita��o feita � Secretaria de Seguran�a Estadual. Esse foi praticamente o principal refor�o que tivemos diante da situa��o, que se agravou no domingo com a ocupa��o da ponte por parte dos imigrantes. O grupo tem tomado a lideran�a com um trabalho de excel�ncia, intelig�ncia e articula��o com os imigrantes e policiais do Peru", avaliou o prefeito.
Jerry tamb�m pontuou que est� acompanhando as negocia��es do governo brasileiro com o governo peruano, na tentativa de liberar o acesso dos imigrantes � cidade de I�apari. Contudo, h� dias na tentativa, o Brasil ainda n�o conseguiu liberar esse acesso, e a situa��o dos estrangeiros em solo brasileiro continua se agravando. A prefeitura de Assis Brasil tem disponibilizado �gua, comida e suporte m�dico.
"Eles est�o sens�veis � situa��o. H� uma possibilidade de eles permitirem o ingresso. O governador de Madre de Dios est� tentando autoriza��o do governo federal peruano. V�o fazer uma triagem nesse grupo e testar todos eles para a covid. Mas a crise vai al�m disso. Mesmo que as autoridades permitam o ingresso desses imigrantes, amanh�, depois, n�s teremos novamente esse n�mero aqui no munic�pio de Assis Brasil", diz o prefeito.
A secret�ria de Assist�ncia Social, dos Direitos Humanos e de Pol�ticas para as Mulheres do Acre, Ana Paula Lima, explica que a preocupa��o com o acolhimento dessas pessoas na cidade brasileira � iminente. Ainda no s�bado, uma reuni�o realinhou as a��es que devem ser desenvolvidas na regi�o para evitar confrontos.
"Essas pessoas est�o vindo principalmente de S�o Paulo, de avi�o. � uma situa��o muito delicada. S�o pessoas de v�rias nacionalidades que chegam todos os dias a Assis Brasil", revela a secret�ria.
Ainda de acordo com Ana Paula, � preciso que se fa�a, urgentemente, uma interven��o na cidade, de modo a resolver a situa��o desses imigrantes. "Estamos com uma equipe t�cnica assessorando a gest�o municipal, tendo em vista que o prefeito est� h� menos de dois meses � frente da cidade. Estamos orientando sobre aquilo que precisamos fazer para minimizar essa situa��o em Assis Brasil", afirma.
A assistente social Madalena Moraes, que acompanha a situa��o dos imigrantes desde o in�cio do �xodo, ainda em 2019, relata que o drama vivido pelas fam�lias acampadas sobre a ponte � ainda pior que nos �ltimos meses. "S�o 400 refei��es enviadas pela prefeitura. Agora eles n�o querem mais a comida que o Peru oferece, e s� querem se for do Brasil", relata.
Segundo a assistente social, os imigrantes que estavam no abrigo da cidade decidiram sair na segunda-feira, dia 15, e o n�mero ficou bastante reduzido, com cerca de nove pessoas que pretendem continuar no Pa�s. "Eles foram l� para a ponte tamb�m e muitos dizem que pretendem ir para os Estados Unidos, porque a fronteira est� aberta. A situa��o dessas pessoas � muito cr�tica, muito dif�cil", completa.
Para evitar os conflitos entre as fam�lias, ocasionados principalmente por ci�mes ou disputa por comida, o grupo militar acreano trabalha 24 horas na ponte e cidade. � o que explica o tenente-coronel Antonio Teles. "Enquanto a situa��o durar, o Gefron (Grupo Especial de Fronteira) estar� presente para garantir a seguran�a de forma coordenada e integrada com as demais for�as de seguran�a p�blica federal e estadual, e combater poss�veis crimes", destaca Teles.
Na noite de segunda-feira, dia 15, a guarni��o de plant�o do Grupo Especial de Fronteiras (Gefron) prendeu um homem suspeito de atuar como coiote, praticando o transporte de imigrantes do Brasil para o Peru, muitos deles com destino ao M�xico e, depois, os Estados Unidos.
Com o homem foi apreendida a quantia de R$ 60 mil em esp�cie, al�m de d�lares e soles peruanos. O flagrante aconteceu na BR-317, que liga as cidades de Brasileia e Assis Brasil, no interior do Acre, e refor�a a tese de que a regi�o virou rota para o tr�fico de pessoas, como avaliou o secret�rio Paulo Cezar dos Santos, da pasta de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp).
"J� temos pessoas de oito nacionalidades na cidade de Assis Brasil com destino a pa�ses como Estados Unidos e Europa, passando aqui pelo territ�rio brasileiro e depois levando para o Peru. Esses coiotes cobram valores alt�ssimos para que essas pessoas sigam suas viagens, articulando tanto a viagem, quanto a estadia nas cidades onde eles devem permanecer", diz o delegado R�mulo Diniz, que coordenou a opera��o na fronteira.
Na tarde de segunda-feira, dia 16, o clima ficou ainda mais tenso e houve uma invas�o dos imigrantes ao territ�rio peruano. Dezenas de crian�as e adultos ficaram feridos e precisaram de atendimento m�dico, sendo socorridos por ambul�ncias dos servi�os m�dicos brasileiro e peruano. Uma mulher, infectada com o coronav�rus, passou mal e precisou ser entubada em estado grav�ssimo, sendo transferida para o Hospital Regional do Alto Acre (HRA).
Duas horas depois, com o refor�o das equipes policiais, os imigrantes foram expulsos do territ�rio peruano, e precisaram voltar para a Ponte da Amizade, no trecho que pertence ao Brasil. Homens do Ex�rcito do Peru foram convocados para a faixa de fronteira, onde devem fortalecer a barreira de controle do acesso ao pa�s.
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