Em cidade alagada do AC, m�dico usa barco para atender crian�a

Com fortes enchentes na �ltima semana, dez das 22 cidades do Acre tiveram transbordamentos de rios. A regi�o ainda vive surto de dengue e covid-19, com falta de leitos em todo o Estado e, na fronteira, imigrantes n�o conseguem deixar o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro prev� visita ao Estado amanh�.

Em meio � velocidade de eleva��o do n�vel do Rio Tarauac�, na cidade de mesmo nome, uma imagem chamou a aten��o: o m�dico Rodrigo Damasceno realizava o atendimento de uma crian�a de 2 anos em uma rua alagada. O flagrante foi feito por um dos moradores do bairro da Praia, um dos mais atingidos pela cheia.

"A situa��o era t�o cr�tica que sa� pelas ruas alagadas de barco, prestando aux�lio, fazendo atendimentos. Temos um trabalho volunt�rio que atende a comunidade gratuitamente, todos os meses. Sempre escolhemos um bairro e fazemos a atividade de atendimento m�dico especializado", conta Damasceno.

De barco, ele circulou por todos os bairros alagados. "Na hora em que atendi aquele menino, eu estava dentro da �gua porque tinha acabado de sair de uma casa", conta. "Montei uma esp�cie de consult�rio ali mesmo, com a assistente." Com a divulga��o da foto, ele recebeu muitas mensagens de colegas. "Muita gente, de v�rios Estados e at� de fora, me mandou mensagem comentando", diz.

Os munic�pios de Tarauac� e Sena Madureira est�o com 70% do territ�rio tomado pela �gua. Cerca de 150 mil acrianos foram afetados. Nas duas principais cidades, Rio Branco e Cruzeiro do Sul, h� cerca de 4,3 mil desabrigados e desalojados.

Enquanto o Estado registra 54,7 mil casos do coronav�rus, tamb�m enfrenta um surto de dengue, o que causa a satura��o dos sistemas de sa�de p�blico e privado. H� falta de leitos de enfermaria, servi�o semi-intensivo e de UTI, segundo a Secretaria de Sa�de do Acre.

Ontem, o governo colocou todos os 22 munic�pios na bandeira vermelha, em que s� servi�os essenciais podem abrir. "� claro que as pessoas v�o falar do cansa�o, das restri��es, mas quando a realidade se imp�e � necess�rio tomarmos decis�es. Precisamos pensar na sa�de da popula��o em geral", diz Osvaldo Leal, que gerencia o Hospital de Campanha. O governo pediu ajuda � Uni�o para transferir pacientes para outros Estados.

No limite

Bolsonaro prev� cumprir agenda no Acre amanh�. H� a possibilidade de visita � cidade de Assis Brasil, na fronteira com o Peru, para acompanhar a situa��o dos imigrantes.

Com as fronteiras fechadas por causa da pandemia, estrangeiros n�o conseguem deixar o Pa�s. Assis Brasil teve aumento de quase 1.000% de imigrantes, segundo a secretaria de Assist�ncia Social e Direitos Humanos do Acre. Grupos chegam todos os dias � cidade, em busca de seguir viagem para os Estados Unidos. O n�mero pulou de 5 para 50 por dia.

S�o ao menos 450 imigrantes, entre crian�as e adultos, acampados na Ponte da Amizade, que liga Assis Brasil � peruana I�apari. De um lado, os imigrantes, muitos deles haitianos e venezuelanos, tentam furar o bloqueio de pelo menos 100 militares da tropa de choque peruana.

O haitiano Miguel Moendestin espera h� quase um m�s para atravessar a fronteira com a mulher e uma filha de 3 anos, mas j� perdeu a esperan�a. Agora, j� pensa em voltar para Santa Catarina e tentar outro emprego. "Como n�o tenho trabalho, estou ficando sem dinheiro para manter minha fam�lia. N�o posso ficar nessa situa��o." O governo do Acre j� ofereceu fretamento de �nibus para levar os imigrantes de volta �s cidades brasileiras de onde vieram.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.