Um surto de covid-19 foi registrado neste fim de semana no Lar Vicentino, em Rio Branco, ap�s um dos profissionais que atuam na unidade de acolhimento testar positivo para a doen�a viral. Todos os 54 moradores do asilo, bem como os 30 trabalhadores do local, haviam tomado as duas doses da vacina Coronavac. Segundo especialistas, se a pessoa tiver a doen�a logo ap�s receber a 2� aplica��o, n�o significa que o imunizante falhou. O Instituto Butantan, respons�vel pela Coronavac, estima pelo menos duas semanas para que o organismo crie anticorpos neutralizantes.
Al�m disso, o grau de prote��o da vacina � de 50,38%. Por isso, especialistas refor�am que � preciso manter os cuidados - como uso de m�scaras, �lcool em gel e distanciamento social - mesmo ap�s a imuniza��o. Diante da contamina��o r�pida, os idosos que j� testaram positivo para a doen�a foram colocados em isolamento, numa �rea anexa � comum, dentro do asilo. Tamb�m est�o sendo medicados. Dois dos infectados acabaram morrendo. Os exames para confirmar a presen�a do coronav�rus s� sa�ram ap�s o sepultamento dos idosos.
Em nota, o Lar Vicentino confirmou os n�meros de doentes, e afirmou que trabalha para conter ao m�ximo os casos dentro da institui��o. Al�m disso, reclama que na semana passada pediu ajuda da prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Sa�de, mas recebeu a negativa de apoio para testagem dos idosos e funcion�rios do local.
"Na quinta-feira, 25, notificamos a secretaria de sa�de do munic�pio informando que nossos idosos estavam com os sintomas. Solicitamos que realizassem testes em todos os idosos e funcion�rios. Na data de ontem (domingo, 28) n�o t�nhamos ainda recebido nenhuma resposta da secretaria. Com uma doa��o dos Vicentinos de Patos de Minas-MG, conseguimos comprar os testes e realizar em todos os moradores da casa", afirmou a institui��o.
O secret�rio de Sa�de de Rio Branco, Frank Lima, minimizou a queixa da institui��o, alertando que esse n�o seria o "momento de procurar de quem � a responsabilidade", mas de agir rapidamente para conter o surto e salvar a vida dos idosos que vivem no local. "O momento de a gente dar a resposta. Se o teste fosse feito na sexta-feira, ou fosse feito hoje, o resultado n�o sairia diferente. O fato � que na sexta � noite foi noticiado pra n�s que havia um cuidador que estava positivo para covid, e esse cuidador pode ser o condutor dessa contamina��o. N�o podemos afirmar, pois o que vai afirmar s�o os testes que ser�o feitos."
A professora universit�ria Ana Paula Pinto, de 44 anos, relata que h� cerca de um m�s j� havia a informa��o do primeiro caso de contamina��o dentro do Lar Vicentino, contudo, desde ent�o, o problema foi empurrado para "debaixo do tapete", levando ao surto de agora. "Quando a gente soube, fomos atr�s de informa��es sobre meu tio. Infelizmente, disseram que as visitas continuavam suspensas. S� que os funcion�rios de l� continuam entrando e saindo, e isso � arriscado demais, principalmente porque alguns estavam indo para o hospital, onde tinha um idoso internado com covid. Agora j� morreu outro", reclama.
A reclama��o � a mesma entre os familiares da enfermeira Ana Clara Marques, que tem o av� internado no Lar Vicentino. "Chegamos a ligar, mas ver mesmo, s� de longe, pela grande, porque ele senta l� na �rea da frente. Desde o ano passado n�o conseguimos visitar, e at� entendemos. Agora, infelizmente, ele est� doente. O pior � sabermos que ningu�m (da secretaria) quis test�-los na semana passada, e o Lar n�o tinha dinheiro", desabafa.
A informa��o do surto no Lar Vicentino se espalhou rapidamente. Surgiram d�vidas sobre a imuniza��o contra o coronav�rus, j� que os idosos e trabalhadores estava imunizados com as duas doses da vacina Coronavac. Moradores e trabalhadores de institui��es de longa perman�ncia para idosos est�o entre os grupos priorit�rios da campanha nacional de vacina��o.
O m�dico infectologista Eduardo Farias, que atua no atendimento de pacientes com o coronav�rus, explica que � poss�vel, mesmo ap�s a segunda dose, que os imunizados sejam infectados pelo v�rus e desenvolvam a covid-19. A tend�ncia, por�m, � de que os sintomas seja mais leves.
"Muito provavelmente o que ocorreu � que a resposta imunol�gica dessas pessoas ainda n�o alcan�ou o pico que a vacina promove. Na primeira dose, j� h� uma resposta prim�ria, mas quando voc� faz a segunda dose, isso se eleva ainda mais em n�vel de imunidade. Mas tamb�m leva um tempo", explica.
Farias pontua que � preciso aguardar de 15 a 20 dias para ter mais seguran�a diante da imuniza��o. "Nesse prazo, a pessoa acaba tendo os n�veis de prote��o que levariam para os n�meros que o trabalho de efic�cia da vacina mostrou". Al�m disso, � poss�vel que a pessoa n�o tenha uma virada sorol�gica no tempo estimado, deixando-se ainda suscet�vel ao v�rus.
O m�dico infectologista destaca que o fato de os idosos ou qualquer outro imunizado com a CoronaVac adquirirem o coronav�rus ap�s a vacina��o, n�o � necess�rio tomar as duas doses da vacina novamente. "S� se ficar provado que eles n�o fizeram a soroconvers�o. Ou seja, neste caso, a vacina n�o teria produzido anticorpos suficientes pra proteger a pessoa da doen�a", finaliza.
Segundo o Instituto Butantan, ap�s testes, a efic�cia geral da vacina CoronaVac � de 50,38%. Contudo, h� outros �ndices que s�o levados em conta como, por exemplo, os 78% para preven��o de casos leves de coronav�rus.
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