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Estado de Minas GERAL

Projeto pioneiro em Ourinhos (SP) vai medir necessidade de revacinar popula��o


02/03/2021 14:00

Um experimento in�dito na Am�rica Latina que come�a a ser desenvolvido na cidade de Ourinhos, no interior de S�o Paulo, poder� identificar de forma mais r�pida o perfil imunol�gico de pessoas que foram contaminadas com covid-19 ou j� vacinadas, o que abre a possibilidade de avaliar se elas precisar�o ser revacinadas.

Essa � uma das expectativas de um projeto global da Universidade do Nebraska e do Imperial College de Londres - que no Brasil conta com a parceria da Unesp de Botucatu (SP) - para testar, no contexto da pandemia, um novo dispositivo desenvolvido nos Estados Unidos que funciona como um laborat�rio port�til de resultado em cinco minutos. A ideia � tamb�m conseguir antecipar se a pessoa pode desenvolver um quadro mais grave da doen�a. Em outra vertente, pesquisadores querem antecipar se beb�s gestados na pandemia podem desenvolver problemas quando adultos.

De baixo custo, ele � capaz de fornecer, entre outras informa��es, n�o somente se a pessoa tem anticorpos contra o coronav�rus Sars-CoV-2, mas quantos e se ainda s�o protetores, o que pode ajudar a tra�ar seu perfil imunol�gico e identificar sua eventual vulnerabilidade a novas variantes do v�rus.

O equipamento, em desenvolvimento pela empresa Novilytic, � projetado para medir uma s�rie de diferentes par�metros moleculares em apenas uma gota de sangue de um furinho no dedo. N�o h� necessidade de mandar o material para um laborat�rio. A leitura dos resultados pode ser feita com um aparelho celular.

A bi�loga Juliana Floriano, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu e do Imperial College, explica que o experimento poder� ajudar a visualizar o que ocorre com o perfil imunol�gico das pessoas.

"Poderemos ver com dados quantitativos se a imunidade � duradoura ou se com o tempo perdemos isso. Hoje as an�lises sorol�gicas mais comuns s�o qualitativas, dizem se � reagente ou n�o, se tem IgM (anticorpo que aparece alguns dias ap�s a contamina��o) ou IgG (de longa dura��o). Mas esse dispositivo vai permitir medir tamb�m as quantidades", diz. Se forem muito baixas, a pessoa pode precisar ser revacinada.

No estudo piloto, o objetivo � quantificar esses anticorpos, mas no longo prazo, se o estudo for bem sucedido e se a oferta de dispositivos for possibilitada com financiamento - hoje o grupo tenta obter recursos junto aos Institutos Nacionais de Sa�de dos EUA (NIH) -, a ideia � fazer an�lises mais complexas.

O equipamento tem a capacidade de identificar dezenas de prote�nas presentes naquela gota de sangue em pouco tempo, o que pode ajudar a medir outros par�metros n�o s� da covid como de outras doen�as, como dengue, por exemplo, que � um problema t�o s�rio quanto a covid em v�rias partes do Brasil.

"A comunidade m�dica em todo o mundo est� muito preocupada com os problemas de comorbidades em rela��o � covid. Tamb�m sabemos que salvar uma vida tem rela��o com o tempo. Com esta nova tecnologia, temos a habilidade de identificar muitas mol�culas em minutos. Imagine se com uma �nica gota de sangue e um tempo de cinco minutos um m�dico pudesse saber se um paciente foi exposto � gripe ou a covid. Isso � gigante. Porque as duas doen�as s�o similares, mas t�m um tratamento diferente", explicou ao Estad�o o pesquisador Jiri Adamec, da Universidade de Nebrasca e um dos fundadores da Novilytic.

"Alternativamente, a mesma gota de sangue e mais 5 minutos pode identificar a covid-19 e tamb�m uma doen�a card�aca de risco potencialmente alto (por ser capaz de medir altera��es provocadas pelas doen�as, por exemplo). O m�dico ent�o trataria o paciente com rapidez e precis�o, sem ter de esperar horas, dias ou semanas para ver os sintomas. Essa � a promessa do dispositivo", diz Adamec.

A ideia, nesse caso, � conseguir predizer se aquele paciente pode ter um quadro mais grave e j� agir antecipadamente.

O projeto tem como objetivo validar a capacidade de o dispositivo fazer essas an�lises sangu�neas em v�rias partes do mundo. Al�m do Brasil, ser�o feitos testes em pelo menos outros sete pa�ses: �frica do Sul, �ustria, Cingapura, It�lia, Inglaterra, Pol�nia e Rep�blica Checa.

Em Ourinhos, o projeto, que contou com a colabora��o do prefeito Lucas Pocay (PSD), vai coletar amostras de plasma (material usado no dispositivo) de dois mil pacientes acima de 18 anos que passarem pelo Hospital Covid e pela Santa Casa. Adamec e colegas est�o neste momento buscando financiamento dos NIH e de fundos privados para aumentar a produ��o dos dispositivos para fornecer para os testes. Segundo Juliana, na cidade as amostras j� est�o sendo coletadas e guardadas em um freezer para iniciar os testes t�o logo os dispositivos cheguem ao Pa�s.

'Gera��o covid'

Juliana tamb�m est� aproveitando o estudo em Ourinhos para alimentar um bioreposit�rio com amostras perinatais (de antes e ap�s o nascimento) com o objetivo de entender o impacto da doen�a a m�dio e longo prazo em beb�s gestados quando a m�e teve covid-19.

"Queremos checar se pode ocorrer algo que foi observado ap�s a gripe espanhola, de 1918. Anos depois se percebeu que os beb�s que estavam no �tero durante a pandemia apresentaram posteriormente altera��es card�acas e mortes precoces. Nossa hip�tese � que isso tamb�m possa ocorrer agora, uma vez que a covid-19 tamb�m afeta a sa�de cardiovascular", afirma Juliana.

Este trabalho ser� feito em parceria com pesquisadores do Imperial College, com quem j� vinha sendo realizado um trabalho anterior de sa�de materno-infantil. O foco, nesse caso, s�o os chamados exossomos, ves�culas secretadas pelas c�lulas que trazem informa��es importantes sobre processos patol�gicos do nosso corpo.

"Nosso objetivo e esperan�a � identificar biomarcadores que podem ajudar a prever, monitorar e tratar altera��es no cora��o e nos vasos sangu�neos de beb�s da gera��o covid conforme eles crescem at� a fase adulta. As m�es tamb�m ser�o estudadas", explicou a pesquisadora Costanza Emanueli, da British Heart Foundation e do Imperial College.

O bioreposit�rio, desenvolvido com recursos da Fapesp (ag�ncia de fomento � ci�ncia de S�o Paulo), pode armazenar amostras de alta qualidade para um estudo de pelo menos 20 anos, provendo informa��es importantes sobre a pandemia e o impacto na sa�de de m�es e filhos.

"Novas sequelas de covid-19 est�o sendo rotineiramente detectadas, de modo que manter amostras relevantes preservadas garante o desenvolvimento de estudos que podemos nem ter imaginado ainda", complementa Contanza.

"A expectativa � encontrar pequenas mudan�as que possam prever o aparecimento de patologias no futuro (biomarcadores), na idade adulta, que possam prejudicar a qualidade de vida dos pacientes ou at� a morte prematura", diz a pesquisadora, de modo a poder trat�-las antes que causem problemas mais graves.


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