
A Pol�cia Civil do Distrito Federal (PCDF) instaurou inqu�rito para apurar os crimes de c�rcere privado, viol�ncia f�sica e psicol�gica. At� a mais recente atualiza��o desta reportagem, ningu�m havia sido preso. Casal ficou junto durante 5 anos, entre idas e vindas.
Era tarde de segunda-feira, quando a v�tima e o companheiro foram a uma ag�ncia banc�ria, de Sobradinho, para sacar o bolsa-fam�lia. O funcion�rio conta que estava no caixa e se surpreendeu quando recebeu o papel entregue pela mulher. “Eu levei um susto na hora, li o que estava escrito e decidi manter a calma para saber o que podia fazer”, disse. Na mensagem, a jovem escreveu: “Voc� pode me ajudar? Ele est� a� fora”. A frase veio acompanhada por um “Xis”, s�mbolo que alerta para a viol�ncia dom�stica.
Assustado, o servidor pediu para que a mulher anotasse as informa��es em um outro papel, contendo os dados pessoais. No novo bilhete, ela afirmou que residia no Condom�nio Mestre D’armas, em Planaltina. “Se os policiais baterem, ele n�o vai atender. � para os policiais insistirem, pois ele vai fingir que n�o est� em casa. N�o posso passar telefone. Ele pode atender”, finalizou a v�tima, na mensagem. Devido � pandemia, apenas uma pessoa pode entrar na ag�ncia. O servidor conta que o homem estava do lado de fora da ag�ncia, esperando pela mulher. “O celular dela n�o parava de tocar. Na linha, uma pessoa perguntava se ela j� tinha sido atendida, provavelmente era ele. E ela estava muito nervosa e assustada”, detalhou.
Ap�s receber o papel com as informa��es da jovem, o servidor procurou as colegas do banco para relatar a situa��o e pedir ajuda. Uma delas, que tamb�m preferiu n�o se identificar, foi quem acionou a pol�cia, na manh� do dia seguinte. “Conhe�o uma colega policial e n�o pensei duas vezes em cham�-la. Fa�o um trabalho social em Planaltina e estou acostumada a receber relatos de agress�es a mulheres. Mas essa foi uma situa��o at�pica. Imagina, no meu local de trabalho, receber um pedido de ajuda. Pegou todo mundo de surpresa. Na hora, ficamos sem saber como agir. At� porque, h� uma falta de treinamento e conhecimento”, explicou.
RESGATE
Depois da den�ncia, policiais militares do grupo de Preven��o Orientada � Viol�ncia Dom�stica e Familiar (Provid) chegaram ao endere�o da v�tima e foram informados sobre uma suposta situa��o de c�rcere privado. A equipe, no entanto, n�o encontrou nem a mulher e nem o suspeito na resid�ncia, em um primeiro momento. Na segunda tentativa, os militares conseguiram resgatar a jovem e os dois filhos dela, de 1 e 5 anos.
O caso � investigado pela 16ª Delegacia de Pol�cia (Planaltina). Na DP, a v�tima confirmou os fatos e solicitou medidas protetivas contra o homem. “Vamos apurar as condi��es de c�rcere privado, viol�ncia f�sica e psicol�gica”, afirmou o delegado-chefe da 16ª DP, Diogo Cavalcante.
A reportagem esteve no local e conversou com vizinhos. Alguns deles disseram ver, frequentemente, a mulher caminhando pela rua. Outros relataram saber que a v�tima sofria agress�es por parte do companheiro. Ela e os dois filhos foram conduzidos � Casa Abrigo, local que cuida de mulheres em situa��o de viol�ncia sob grave risco de vida.