O Brasil registrou 1.954 mortes pela covid-19 nas �ltimas 24 horas, recorde para um s� dia, segundo dados reunidos pelo cons�rcio da imprensa. O maior n�mero foi h� uma semana, quando houve 1.840 �bitos por causa do coronav�rus. Com isso, o Brasil teve o maior balan�o di�rio do mundo, ultrapassando os Estados Unidos. Em S�o Paulo, prefeituras de oito munic�pios reportam ao menos 26 �bitos na fila de espera por leito e dificuldades para transfer�ncias no Estado.
No total, o Brasil soma 268.568 v�timas. A alta ocorre ao mesmo tempo em que Estados colocam em pr�tica medidas mais restritivas para controlar o v�rus. Pressionado para acelerar a campanha de imuniza��o, o governo federal tenta acelerar as negocia��es com farmac�uticas, como a Pfizer. O presidente Jair Bolsonaro, por�m, ainda se op�es �s pol�ticas de isolamento criticou os gestores estaduais e, na semana passada, chegou falar que o Pa�s parar com "frescura e mimimi".
O recorde foi impulsionado pela piora no Sul e Sudeste. S�o Paulo registrou 517 mortes, n�mero mais alto desde o come�o da pandemia. O Rio Grande do Sul foi o segundo com mais v�timas (275). Goi�s foi o �nico Estado que n�o divulgou dados.
Especialistas apontam que somente o aumento das medidas restritivas podem evitar o colapso do sistema de sa�de - alguns recomendam lockdown nacional. Conforme a Fiocruz, 25 das 27 capitais do Pa�s tinham as UTIs com 80% ou mais de lota��o ontem. As exce��es s�o Bel�m e Macei� (leia mais nesta p�g.) Pela primeira vez, o agravamento da pandemia se d� de forma simult�nea em todo o Pa�s.
Segundo levantamento do jornal The Washington Post, os Estados Unidos tiveram 1.853 novas mortes em 24 horas. Com o avan�o da campanha de imuniza��o, os americanos t�m visto redu��o das hospitaliza��es nas �ltimas semanas.
S�o Paulo
Na regi�o metropolitana, as prefeituras de Tabo�o da Serra (11), Franco da Rocha (3),Ribeir�o Pires (2) Itapecerica da Serra (1) e Rio Grande da Serra (1) reportaram mortes na espera por leito. No interior, os relatos s�o de Buri (4), Dracena (3) e Sumar� (1).
Secret�ria municipal adjunta de Tabo�o, Thamires May fala em "desespero" e diz n�o ter tido nenhum pedido acatado entre quarta, dia 3, e a anteontem, quando faloi com a imprensa.
O munic�pio tinha 12 pacientes � espera de UTI ontem � tarde. "Infelizmente, podem vir ao �bito a qualquer momento. Quando se fala de covid, segundos mudam tudo", lamentou.
As v�timas estavam em leitos de enfermaria e chegaram a ser entubadas, mas necessitavam de recursos de alta complexidade. Ela diz que as vagas de UTI "vinham diminuindo aos poucos" e que era comum levar de 24 a 30 horas para conseguir transfer�ncia. Na �ltima semana, piorou. "Se conseguimos ter evas�o dos casos graves, damos conta da baixa e m�dia complexidade dentro do munic�pio."
O Estad�o obteve a ficha de uma v�tima, de 77 anos com dificuldades respirat�rias. No documento, h� 40 pedidos de leito de UTI negados em quatro dias em hospitais de Cotia, Itapecerica, Osasco, Itapevi, Carapicu�ba e da capital (das Cl�nicas, Em�lio Ribas, Mandaqui, Vila Penteado, Brasil�ndia e de Campanha da AME Barradas). Todas trazem justificativas como "superlota��o", "sem leitos de UTI no momento" e "sem macas para acomodar pacientes".
Em nota, a Secretaria Estadual da Sa�de diz que a Central de Regula��o de Oferta de Servi�os de Sa�de(Cross), do governo paulista, n�o negou vagas a Tabo�o. "Nessas situa��es, o falecimento ocorreu n�o por aus�ncia de medidas pelo Estado, mas pela gravidade cl�nica dos pacientes", informou. "Vale lembrar que o Estado atua de forma regionalizada e a cria��o de leitos n�o � prerrogativa desta �nica esfera, cabendo tamb�m ao munic�pio e ao governo federal', acrescentou o Estado.
Itapecerica registrou uma morte no domingo, na fila de transfer�ncia para a UTI. A vaga foi liberada quatro horas ap�s e a entrada no pronto-socorro. Em Franco da Rocha, tr�s morreram na �ltima semana na fila pela terapia intensiva.
Em Rio Grande da Serra, nas �ltimas 48 horas, um paciente n�o resistiu enquanto aguardava transfer�ncia para a UTI. Sem leitos de terapia intensiva, o munic�pio est� com m�dia de cinco pacientes na fila e v� "sobrecarga no sistema" da Cross.
Mais dois �bitos na espera de UTI foram registrados em Ribeir�o Pires. Segundo a prefeitura, o hospital de campanha local n�o recebe mais pacientes h� 10 dias por ter 100% de ocupa��o. A cidade diz ter alertado o Estado desde o in�cio de fevereiro.
Em Dracena, regi�o de Presidente Prudente, tr�s morreram enquanto aguardavam interna��o. Por volta de 17 horas de ontem, a fila de espera (UTI e enfermaria) tinha nove pessoas.
A situa��o tamb�m afeta cidades de pequeno porte, como Buri, de quase 20 mil habitantes, na regi�o de Sorocaba. Sem leitos de UTI e enfermaria, apenas com pronto-atendimento, o munic�pio perdeu quatro moradores - de 38, 50, 70 e 72 anos - este m�s enquanto aguardavam UTI, segundo a secret�ria municipal da Sa�de, Iveline Cariati.
"A gente fica de m�os atadas", lamenta. "Os hospitais falam que t�m superlota��o. Itapeva � a nossa refer�ncia, mas estamos tentando de tudo que � local, Sorocaba, Itu, Osasco."
Em Sumar�, regi�o de Campinas, Ant�nio Colin, de 52 anos, morreu ap�s oito dias internado em uma UPA, segundo a fam�lia. Com laudo para ir para a UTI desde 3 de mar�o, parentes acionaram o Minist�rio P�blico e obtiveram liminar na Justi�a dois dias depois. O frentista morreu no domingo, ainda em um leito de enfermaria.
"Tenho indigna��o com as autoridades pela falta de organiza��o e estrutura para o combate � pandemia e a preven��o do maior n�mero de mortes poss�vel", desabafa a maquiadora J�ssica Colin, de 29 anos, filha da v�tima. "Os m�dicos na UPA fizeram o poss�vel com os recursos que tinham. Mas, em um hospital adequado, com UTI covid, seria diferente."
Procurada, a prefeitura de Sumar� n�o se manifestou. J� a Secretaria Estadual da Sa�de alega n�o ter feito a transfer�ncia porque o paciente estava com "quadro cl�nico grave, com evolu��o negativa". "Importante reiterar que � responsabilidade do servi�o de origem manter o paciente assistido e est�vel previamente � transfer�ncia, bem como providenciar transporte adequado para deslocamento seguro da/o paciente", destacou, em nota.
O governo paulista n�o se manifestou sobre os outros casos at� 21 horas.
Outras capitais
Vinte e cinco das 27 capitais do Pa�s apresentam taxas de ocupa��o de leitos de UTI para covid-19 iguais ou superiores a 80%. A situa��o � especialmente grave em 16 capitais, entre elas Bras�lia e Rio, onde os porcentuais ultrapassam os 90%. As informa��es fazem parte de mais um boletim extraordin�rio do Observat�rio Fiocruz Covid-19, divulgado no fim da tarde desta ter�a-feira. Os especialistas da institui��o alertaram para a gravidade da situa��o e para a necessidade de ado��o de medidas de restri��o de circula��o mais rigorosas.
"Considerando o quadro atual e a situa��o extremamente cr�tica no que se refere �s taxas de ocupa��o de leitos de UTI covid-19, que apontam para a sobrecarga e mesmo colapso de sistemas de sa�de, os pesquisadores refor�am a necessidade de se ampliar e fortalecer as medidas n�o farmacol�gicas, envolvendo distanciamento f�sico e social, uso de m�scaras e higieniza��o das m�os", aponta o texto do boletim. "Nos munic�pios e Estados que j� se encontram pr�ximos ou em situa��o de colapso, a an�lise destaca a necessidade de ado��o de medidas de supress�o mais rigorosas de restri��o da circula��o e das atividades n�o essenciais."
A situa��o � de colapso total no sistema de sa�de em Campo Grande (106%), Porto Alegre (102%) e Porto Velho (100%). Outras capitais � beira do colapso s�o: Rio Branco (99%), Macap� (90%), Palmas (95%), S�o Luis (94%), Teresina (98%), Fortaleza (96%), Natal (96%), Rio (93%), Curitiba (96%), Florian�polis (97%), Cuiab� (96%), Goi�nia (98%) e Bras�lia (97%). Em S�o Paulo a ocupa��o � de 82%. Apenas duas capitais t�m �ndices abaixo de 80%: Bel�m (75%) e Macei� (73%).
Com o avan�o da covid-19 em todas as regi�es do Pa�s, o Minist�rio da Sa�de decidiu abortar o plano de enviar doses extras de vacinas aos Estados mais afetados pela covid-19. Desde janeiro, a pasta vinha reservando 5% do total das unidades de imunizantes recebidas para refor�ar locais em maior crise, como o Amazonas. O minist�rio informou que far� a distribui��o de mais 2,6 milh�es de doses da Coronavac. "O novo lote � destinado para vacinar trabalhadores da sa�de, idosos entre 80 e 84 anos e de 75 a 79 anos." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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