Bryan, de 8 meses, tem os olhos grandes da m�e. J� Helena herdou o tom de pele, clarinho. Do ber�o, Arthur sorri para o pai, vi�vo, que responde com choro. Bryan, Helena e Arthur nasceram ao mesmo tempo em que as m�es partiam, v�timas da covid-19. Desde mar�o, a doen�a faz milhares de �rf�os no Pa�s. Para essas crian�as n�o houve sequer a chance de conhecer quem as trouxe ao mundo.
O Brasil registrou mortes de 506 gestantes ou pu�rperas, mulheres que acabaram de ter beb�s. Os �bitos atingiram o pico em junho, ca�ram a partir de setembro e voltaram a subir em dezembro.
Segundo dados do Sistema de Informa��o de Vigil�ncia da Gripe (Sivep-Gripe), compilados pelo jornal O Estado de S. Paulo, s� em janeiro deste ano foram 17 mortes de gestantes ou pu�rperas. Com o descontrole da doen�a, a previs�o � de que as taxas aumentem.
O Pa�s tem o maior n�mero absoluto de mortes de gr�vidas pela covid-19 das Am�ricas e taxa de mortalidade nove vezes maior do que a m�dia dos pa�ses da regi�o, segundo relat�rio da Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (Opas). Cinco em cada cem gr�vidas brasileiras infectadas n�o resistiram.
As mortes ocorreram durante cesarianas antecipadas, em ambul�ncias, a caminho de hospitais. Parte das gestantes nem chegou a receber cuidados em UTI. Outras conseguiram dar � luz, mas n�o conheceram o filho.
Agora, os vi�vos olham para suas crian�as, nascidas na pandemia, e enxergam nelas os tra�os das mulheres que se foram. Revisitam na mem�ria os corredores do hospital - reveladores, de uma s� vez, da vida e da morte. E, nas primeiras palavras e sorrisos dos beb�s, veem tamb�m um pouco de esperan�a e um motivo para continuar.
Assist�ncia
Os n�meros de morte materna causada pela covid-19 revelam falhas na assist�ncia �s gestantes e pressionam as discuss�es sobre a vacina��o priorit�ria desse p�blico. Das 250 gr�vidas e 256 mulheres ap�s o parto que morreram ap�s contrair a doen�a, um quarto n�o recebeu atendimento em UTI, segundo o Sivep-Gripe.
"Elas morreram em condi��o de extremo sofrimento e a maioria dessas mortes poderia ter sido evitada", afirma Melania Amorim, professora de Ginecologia e Obstetr�cia da Universidade Federal de Campina Grande (PB).
Interrup��es nos servi�os de assist�ncia ao pr�-natal tamb�m podem ter concorrido para a alta de mortes e, segundo Melania, os �bitos s�o s� a ponta do iceberg. "Para cada morte materna h� 30 mulheres com complica��es."
Silvana Maria Quintana, da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da Universidade de S�o Paulo (USP), diz que, mesmo sem comorbidades, gr�vidas t�m risco maior de complica��es e mortes pela covid-19 pelas altera��es no corpo causadas pela gesta��o, como a redu��o da capacidade de respira��o.
J� as pu�rperas continuam com altera��es fisiol�gicas e o corpo leva um tempo at� se reorganizar.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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