O Estado do Rio de Janeiro deve ter um feriado prolongado entre os dias 26 de mar�o e 4 de abril. A antecipa��o das comemora��es dos dias de Tiradentes e S�o Jorge ser� uma tentativa de conter a expans�o da covid-19. A medida foi debatida e combinada em reuni�o do governador em exerc�cio, Cl�udio Castro (PSC), com empres�rios e parlamentares na tarde e noite deste s�bado (20). O encontro foi na resid�ncia oficial do Pal�cio Laranjeiras, em Laranjeiras (zona sul do Rio).
O an�ncio oficial ser� feito neste domingo (21), quando o governador se reunir� com os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (DEM), e de Niter�i, Axel Grael (PDT). Eles s�o defensores de a��es mais duras contra o v�rus, e � poss�vel que divirjam das propostas que o governador fechou com os empres�rios. As medidas tamb�m poder�o ser anunciadas na segunda-feira. � quando Paes pretende divulgar novas restri��es � circula��o no munic�pio do Rio.
"O governador declarou-se contra o lockdown, o setor produtivo apoiou essa declara��o e ficou combinado que haver� um superferiad�o entre os dias 26 de mar�o e 4 de abril", anunciou o presidente executivo da Associa��o de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, F�bio Rossi de Queir�z, em seu perfil no Instagram. "Cada setor ser� tratado de uma maneira diferente, isso � muito importante. Bares e restaurantes ter�o uma regra, hot�is, supermercados e por a� vai. A gente gostou muito da reuni�o. Sa�mos daqui na esperan�a de salvar vidas. As vidas s�o importantes, mas que tamb�m o impacto econ�mico seja o menor poss�vel", concluiu o representante dos supermercadistas. O v�deo foi gravado ap�s a reuni�o, �s 20h45.
Em nota divulgada ap�s o encontro, Castro demonstrou alinhamento com os empres�rios. Afirmou que � preciso "ouvir todas as necessidades e afli��es do setor produtivo. A preocupa��o � principalmente com a vida das pessoas, mas temos que preservar o emprego, dialogar e garantir o equil�brio da sociedade. � fundamental analisar os dados diariamente para tomarmos as decis�es corretas para cada momento da pandemia. E � isso que estou fazendo. Tudo com base em dados t�cnicos".
Segundo a nota, Castro anunciou na reuni�o que mandou refor�ar a for�a-tarefa de fiscaliza��o do Corpo de Bombeiros, em conjunto com as prefeituras. O objetivo � coibir eventos clandestinos, considerados focos de contamina��o pelo novo coronav�rus.
Diverg�ncias
Enquanto o governador se diz contra o lockdown, o prefeito da capital, Eduardo Paes (DEM), v� os hospitais da rede p�blica do munic�pio ficarem quase sem vagas em UTI para covid-19. Paes defende medidas de isolamento mais duras. Cogita anunciar na segunda-feira (22) o fechamento, por dez dias, do com�rcio n�o essencial. Tamb�m fechariam quiosques, academias, boates, museus, clubes, sal�es de beleza e parques. Mas considera que n�o adianta fechar a capital sem que outros da Regi�o Metropolitana tomem medidas semelhantes. Por isso, tenta convencer o governador a apoiar restri��es mais amplas.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro, contr�rio a qualquer restri��o �s atividades produtivas, Castro ainda n�o cedeu aos argumentos de Paes. Governador e prefeito se reuniram na tarde e noite de sexta-feira (19). Uma nova reuni�o acontece na manh� deste domingo (21).
A diverg�ncia entre Paes e Castro foi exposta pelo prefeito no Twitter, ap�s a reuni�o de sexta-feira. "Terminei agora h� pouco uma reuni�o com o governador @claudiocastroRJ sobre novas medidas para o combate ao coronavirus", publicou Paes �s 19h29. "Chamei a aten��o do governador para a necessidade de medidas com alcance metropolitano para que elas sejam de fato eficazes. Para que se tenha uma ideia, das 40 pessoas em fila de espera nesse fim de sexta-feira para leitos de UTI, somente 9 s�o do munic�pio do Rio. Ou seja, a cidade � o centro da oferta de vagas de leitos p�blicos (maior parte da prefeitura) de toda a Regi�o Metropolitana".
Paes alertou que a superlota��o nos hospitais p�blicos do Rio vai repercutir nas unidades de sa�de de toda a Regi�o Metropolitana. Destacou ainda que a regula��o cabe ao governador.
"N�o d� para se imaginar uma situa��o cr�tica na rede p�blica da cidade sem que o mesmo se repita nos demais munic�pios. Quero lembrar que todos os nossos leitos s�o regulados pelo governo do Estado, como deve ser em um sistema como o SUS. E assim desejamos manter".
Na noite deste s�bado, segundo a secretaria municipal de Sa�de, 640 (94,25%) dos 679 leitos de UTI para pacientes de covid-19 na rede p�blica da capital estavam ocupados. Nas enfermarias, 558 (84,67%) das 659 vagas estavam preenchidas.
Na segunda-feira Paes pretende anunciar medidas mais duras espera ter o apoio de Castro: "Na cidade do Rio elas vir�o. Nosso foco � na ci�ncia e em salvar vidas. Entendemos a complexidade das nossas decis�es, mas esse � um momento de solidariedade e empatia. A colabora��o de todos � fundamental", escreveu no Twitter.
Na rede social, Paes tamb�m deu um recado ao presidente. Horas antes, na mesma sexta-feira, Jair Bolsonaro havia classificado como "hipocrisia" a decis�o do prefeito do Rio de proibir o acesso �s praias. Alegou que assim o carioca ficaria sem vitamina D. A exposi��o ao sol faz com que o organismo produza essa vitamina.
"Temos clareza das vitaminas que todos precisamos para ter sa�de. Uma delas � a vitamina da solidariedade e contra o negacionismo aos fatos e o que vem acontecendo em todo o Pa�s. Queremos salvar vidas. Essa � a vitamina que nos estimula. Ali�s, se vier acompanhada de mais vacina, salvar� ainda mais vidas", concluiu o prefeito.
Na reuni�o de sexta-feira, Paes teve a companhia do prefeito de Niter�i, Axel Grael (PDT). O pedetista apoia a ado��o de restri��es mais amplas. Ele tamb�m usou o Twitter para se posicionar.
"Eu e o prefeito do Rio, @eduardopaes, fomos hoje ao Pal�cio Laranjeiras conversar com o governador em exerc�cio, @claudiocastroRJ, sobre nossa preocupa��o com o agravamento da pandemia. Levamos a ele a import�ncia de tomarmos medidas conjuntas em toda a Regi�o Metropolitana para conter o avan�o do v�rus. Ficou decidido que voltaremos a nos encontrar neste domingo para batermos o martelo sobre medidas restritivas que se fazem fundamentais neste momento", escreveu Grael.
Fecom�rcio
Na sexta-feira, a Federa��o do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ) divulgou nota sobre a possibilidade de novas restri��es. A entidade mostrou-se resistente � ideia de fechamento para combater o novo coronav�rus.
"Ap�s um recente per�odo onde o com�rcio de bens, servi�os e turismo esteve fechado por mais de 100 dias, � com grande preocupa��o que o setor v� a possibilidade de um novo lockdown. Dados obtidos pelo Instituto de Pesquisa da Fecomercio-RJ apontam que o setor n�o suporta um novo fechamento", diz o texto. "Ser�o abertos novos leitos para atendimento dos infectados? Ser� aumentada a capacidade de vacina��o da popula��o?"
A entidade pede a ado��o de dez medidas pelo poder p�blico. Entre elas, est�o a proibi��o do corte dos servi�os essenciais como energia, �gua e g�s; a suspens�o e posterga��o do pagamento de impostos; o aux�lio para pagamento de folha salarial.
A Fecom�rcio reivindicou ainda autoriza��o para comunica��o de f�rias com 48 horas de anteced�ncia; possibilidade de suspens�o e redu��o da jornada de trabalho; acesso facilitado � linha de cr�dito - com car�ncia para in�cio de pagamento e parcelamento com isen��o de juros e corre��o monet�ria; suspens�o da negativa��o nos cadastros restritivos de cr�dito.
Pediu tamb�m suspens�o dos protestos de t�tulos de d�vidas adquiridas durante a pandemia; redu��o dos impostos relativos aos produtos da cesta b�sica e suspens�o da cobran�a dos empr�stimos contra�dos por meio das linhas de cr�dito disponibilizadas no mesmo per�odo.
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