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Estado de Minas GERAL

Homem morre ap�s receber nebuliza��o com hidroxicloroquina para tratar covid-19


05/04/2021 22:14

A fam�lia do aposentado Louren�o Pereira, 69 anos, questiona na Justi�a o uso de nebuliza��o com hidroxicloroquina para o tratamento de covid-19. O homem era morador da cidade de Alecrim, no interior do Rio Grande do Sul, e foi internado no dia 19 de mar�o, no Hospital de Caridade de Alecrim, vindo a falecer no dia 22. Segundo o prontu�rio a que a fam�lia teve acesso, o m�dico Paulo Gilberto Dorneles prescreveu no dia 20 de mar�o o procedimento de nebuliza��o com o medicamento que, de acordo com diversas pesquisas, n�o tem efic�cia no combate ao coronav�rus.

Filha do aposentado, Eliziane Pereira, 32 anos, conta que a fam�lia n�o foi comunicada nem consultada sobre o tratamento. De acordo com ela, Louren�o foi internado sem a presen�a de nenhum familiar, j� que a m�e de Eliziane estava na casa da filha, em Porto Alegre, para tratamento m�dico. As informa��es entre os familiares e o paciente eram trocadas atrav�s do celular, e foi assim que Eliziane recebeu a not�cia de que o pai estava se sentindo pior, justamente ap�s a nebuliza��o com cloroquina. "N�o tivemos nenhuma informa��o do quadro do meu pai quando ele internou, o que o m�dico falou, ele mesmo nos repassou no dia 19."


Embora o prontu�rio aponte que o tratamento tenha come�ado apenas no dia 20, Eliziane diz acreditar que a nebuliza��o com cloroquina tenha iniciado j� no dia 19. "Tem algumas informa��es escritas a m�o e para n�s que n�o somos da �rea n�o conseguimos entender, mas acredito que a medica��o tenha iniciado j� no dia 19 porque no decorrer do dia 20 meu pai me passou uma mensagem dizendo que estava se sentindo estranho porque no dia seguinte j� n�o conseguia respirar sem ajuda do oxig�nio."

Louren�o era semianalfabeto - de acordo com a filha sabia apenas escrever o pr�prio nome e, mesmo assim, de forma incompleta. A fam�lia afirma que n�o foi consultada em nenhum momento sobre o tratamento que iria ser aplicado. "O fato de j� no s�bado o nosso pai n�o conseguir ficar sem oxig�nio nos faz questionar essa conduta, que n�o nos foi repassada, questionada ou informada, por qual motivo ela foi usada, o que me leva a crer que ela tenha contribu�do para a piora do meu pai."

Os familiares de Louren�o comunicaram o fato ao Minist�rio P�blico (MP) de Santo Cristo e o caso ficou sob a responsabilidade do promotor Manoel Figueiredo Antunes. Ele j� requisitou os prontu�rios m�dicos e documentos de Louren�o para requisitar a abertura do inqu�rito policial.

A reportagem procurou a dire��o do Hospital de Caridade de Alecrim, que alegou que n�o iria se manifestar � imprensa, mas apenas aos �rg�os competentes.

Em busca de justi�a

Eliziane afirma que se a fam�lia fosse consultada, n�o autorizaria o tratamento com o rem�dio reconhecidamente ineficaz no combate ao coronav�rus. Agora, ela espera que o m�dico que prescreveu a medica��o esclare�a os motivos que o levaram a adotar o tratamento. "Queremos que o profissional prove que aquela medica��o n�o piorou o caso cl�nico do meu pai e que ela n�o levou ele a �bito. Al�m do uso desse medicamento a falta de assist�ncia dentro do hospital enquanto meu pai ficou internado, vivenciando o descaso e neglig�ncia", afirma Eliziane ao citar que o pai n�o foi submetido a nenhum exame durante o per�odo de interna��o. Ela diz temer algum tipo de retalia��o, j� que a m�e ainda vive na pequena cidade de Alecrim, e o m�dico que est� sendo questionado tem mais de 20 anos de trabalho na comunidade. De acordo com ela, nas redes sociais j� foi poss�vel sentir animosidades. "N�o queremos aparecer, tanto que relutamos em conversar com a imprensa, mas sim buscar a verdade."

Louren�o era um homem simples de uma cidade do interior, pai de sete filhos, entre eles Eliziane, que se formou em direito no in�cio de mar�o. A formatura, mesmo online, n�o p�de ter a presen�a dele, j� que a filha estava com covid na �poca, e ele n�o p�de acompanh�-la em casa recebendo a gradua��o. Para Eliziane, uma marca ainda mais forte, j� que o pai faleceu dois dias ap�s seu anivers�rio.

Este n�o foi o primeiro caso no Rio Grande do Sul de pacientes que faleceram ap�s receber nebuliza��o de hidroxicloroquina. Entre os dias 22 e 23 de mar�o, tr�s pacientes internados no Hospital Nossa Senhora Aparecida, em Camaqu�, cidade na regi�o Sul do Estado, faleceram ap�s receberem o tratamento. Diferente do caso de Louren�o, eles foram informados sobre o procedimento, chegando a buscar na Justi�a a autoriza��o para receber a nebuliza��o por hidroxicloroquina. A m�dica que ministrou o tratamento foi afastada do hospital.


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