
Segundo a m�e, no in�cio de mar�o ela percebeu alguns sintomas do coronav�rus, mas eram semelhantes aos de uma gripe. “Eu estava na minha casa, em isolamento, n�o sei como peguei, porque era a coisa de que eu tinha mais medo. Usava m�scara at� em casa.”
Ap�s alguns dias, o estado de sa�de dela piorou e, diante disso, a mulher resolveu buscar atendimento no hospital estadual de Sena Madureira. Uma m�dica receitou a ela azitromicina, dipirona e ivermectina. "O enfermeiro olhou para ela e perguntou se eu podia tomar, porque estava gr�vida. Ela disse que sim, que minha beb� j� estava toda formada.”
A m�e conta que come�ou a tomar os rem�dios, e, a partir de ent�o, a filha parou de se mexer. “Minha filha n�o mexeu mais depois que comecei com a medica��o.”
O atestado de �bito aponta causas naturais para a morte da menina, mas a m�e n�o acredita no diagn�stico. “A beb� n�o foi levada ao IML, foi enterrada rapidamente. As pessoas dizem que foi COVID, mas eu tenho certeza que n�o foi. Ela estava muito bem, todo dia mexia, depois que comecei a tomar os rem�dios, ela ficou agitadinha e depois n�o mexeu mais", afirma.
Causa da morte
A revista ouviu o pediatra e neonatologista Renato Kfouri e, de acordo com ele, � dif�cil afirmar com precis�o as causas desta morte. No entanto, o m�dico acredita ser mais prov�vel que tenha sido pela COVID-19 do que pelo uso dos medicamentos.
“� dif�cil saber o que causou um �bito fetal no final da gesta��o. � provavelmente relacionado � COVID. Mais f�cil pensar que foi a doen�a do que algum efeito colateral de qualquer uma dessas medica��es. Mas � imposs�vel saber exatamente. N�o � raro vermos gestantes que contraem COVID e ou a gestante evolui mal ou ela acaba tendo um parto prematuro. �s vezes, at� eventualmente esse desfecho de �bito fetal acontece”, explica.
Na bula, o fabricante da ivermectina afirma que n�o h� estudos adequados e bem controlados sobre o uso da subst�ncia durante a gravidez. "Esse medicamento n�o deve ser usado por mulheres gr�vidas sem orienta��o m�dica. A ivermectina est� enquadrada na categoria de C", o que significa que n�o h� estudos adequados em mulheres. Por�m, em experi�ncias animais ocorreram alguns efeitos colaterais no feto.
J� na bula da azimotromicina consta que: "N�o existem estudos adequados e bem controlados em mulheres gr�vidas. Como os estudos de reprodu��o em animais n�o podem sempre prever a resposta humana, Azitromicina Di-Hidratada s� deve ser usado durante a gravidez se houver clara necessidade.”
Embora n�o haja evid�ncias de rela��o entre o uso dos medicamentos e riscos para a gesta��o, outra pediatra ouvida pela revista, Ana Escobar, alerta que o chamado 'Kit COVID' - composto por hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina - � comprovadamente ineficaz contra a doen�a, al�m de poder gerar efeitos colaterais graves.
A revista entrou em contato com as secretarias Estadual e Municipal de Sa�de do Acre e de Sena Madureira, mas n�o teve retorno.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Eduardo Oliveira
