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Estado de Minas GERAL

Governo do Brasil turbinou pandemia ao ignorar circula��o do v�rus, diz 'Science'


15/04/2021 12:22

Um estudo publicado na Science, uma das mais importantes revistas de divulga��o cient�fica do mundo, apontou falhas que favoreceram a propaga��o descontrolada da covid-19 no Brasil. Segundo o trabalho, divulgado nesta quarta-feira, 14, na mesma semana em que se discute uma CPI para apurar responsabilidades da pandemia, o v�rus se espalhou porque o Pa�s fracassou na tomada de medidas coordenadas e equitativas contra a doen�a, em contexto de profundas desigualdades socioecon�micas.

Atualmente, o territ�rio brasileiro � o epicentro mundial da pandemia. Tem explos�o de casos e sistema de sa�de em colapso. Os mortos s�o mais de 350 mil.

Assinado por dez cientistas do Brasil e dos Estados Unidos, o trabalho tem como principal autor a dem�grafa M�rcia Castro. Ela integra o Departamento de Sa�de Global e Popula��o da Universidade Harvard. O estudo analisa trajet�rias, velocidade e intensidade da propaga��o da covid-19 no Pa�s. Cita indicadores de aglomera��o populacional, combinados a medidas pol�ticas adotadas.

A conclus�o, segundo M�rcia, � que, embora "nenhuma narrativa �nica possa explicar a propaga��o do v�rus", h� alguns motivos principais que ajudam a entender por que a pandemia alcan�ou tal patamar no Brasil.

O estudo aponta que a aus�ncia de vigil�ncia gen�mica bem estruturada, em um Pa�s de dimens�es continentais, deixou o v�rus circular por mais de um m�s sem ser detectado. As profundas desigualdades sociais e econ�micas entre as regi�es tamb�m ajudaram no descontrole.

"O Brasil � grande e desigual", diz a dem�grafa. "Com disparidades em quantidade e qualidade de recursos de sa�de (por exemplo, leitos hospitalares, m�dicos) e de renda."

Crise humanit�ria

N�o houve a��o conjunta, coordenada pelo governo federal, para enfrentar a pandemia. A polariza��o, segundo M�rcia, politizou a pandemia. Assim, impactou a ades�o �s a��es de controle. O presidente Jair Bolsonaro � contr�rio ao lockdown. Tamb�m defende rem�dios sem efic�cia contra a doen�a.

"Uma densa rede urbana que conecta e influencia os munic�pios por meio de transporte, servi�os e neg�cios n�o foi totalmente interrompida durante picos de casos ou mortes", lembra M�rcia. "Cidades impuseram e relaxaram medidas em diferentes momentos, com base em crit�rios distintos, facilitando a propaga��o da doen�a."

A conclus�o do trabalho � que, se nenhuma medida mais dr�stica for tomada contra a pandemia, o Brasil deve enfrentar uma crise humanit�ria sem precedentes. O Pa�s, nesse caso, poder� se tornar uma amea�a � sa�de global.

"Sem conten��o imediata, com medidas coordenadas epidemiol�gicas e de vigil�ncia gen�mica, al�m do esfor�o de vacinar o maior n�mero poss�vel de pessoas no per�odo mais curto de tempo, a propaga��o da P1 (a variante do v�rus descoberta em Manaus que j� se revelou at� duas vezes mais transmiss�vel) levar� a uma perda de vidas inimagin�vel", sustenta o estudo. "A falha na deten��o desta segunda onda de propaga��o vai facilitar o surgimento de novas variantes, isolar o Brasil como uma amea�a � sa�de global, e levar a uma crise humanit�ria completamente evit�vel."

Evolu��o nos tratamentos

Outro estudo, com oito autores brasileiros, foi publicado tamb�m nessa quarta, na Intensive Care Medicine. O trabalho avaliou a evolu��o de 13.300 pacientes de covid-19 internados em 126 unidades de terapia intensiva de uma rede privada de hospitais. As interna��o foram entre 27 de fevereiro e 28 de outubro de 2020. O levantamento revelou queda na mortalidade ao longo desse per�odo de at� 42%.

"O que a gente quer mostrar � que o que aprendemos ao longo desse ano de pandemia leva � redu��o de mortalidade, embora isso n�o esteja disseminado em todo o sistema", diz o infectologista Fernando Bozza, da Fiocruz e do Instituto D'Or de Pesquisa (Idor), um dos autores do estudo.

Segundo o estudo, o aumento do uso de ventila��o n�o invasiva no per�odo inicial da interna��o e a prescri��o de esteroides ajudaram na redu��o. "� importante lembrar tamb�m que, no mesmo per�odo, a idade m�dia dos pacientes internados na rede privada caiu de 57 anos para 53 anos. Isso significa pacientes menos fr�geis", disse.


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