O Minist�rio da Sa�de est� com dificuldades para refazer a reserva t�cnica de rem�dios do kit intuba��o, que est� praticamente zerada. Esses medicamentos s�o usados no tratamento de pacientes de covid em estado grave. Nota t�cnica da pasta do dia 12, obtida com exclusividade pelo Estad�o, mostra que o governo tentou comprar doses para seis meses, mas s� conseguiu 17% do planejado.
Ontem, o ministro Marcelo Queiroga disse que deve receber mais lotes em at� dez dias. Os rem�dios garantem que o paciente seja intubado sem sentir dor e sem tentar arrancar o tubo em rea��o involunt�ria.
O estoque federal de um dos dez rem�dios do kit acabou, e os de outros nove est�o quase no fim. A responsabilidade de compr�-los costuma ser de Estados, munic�pios e hospitais. No entanto, o pr�prio documento determina que, com o risco de desabastecimento nacional, o minist�rio tem o papel de facilitar as compras. A pasta vem recebendo alertas a respeito h� mais de um m�s.
Analg�sicos, sedativos e rem�dios que controlam o cora��o e a circula��o pulmonar est�o entre os itens que acabaram. O maior estoque � do sedativo Cetamina, com previs�o de durar 19 dias. O ansiol�tico diazepam d� para mais quatro dias: o hemitartarato de norepinefrina, para mais 24 horas.
Segundo a nota, o minist�rio vinha mantendo a reserva por meio de preg�es de compra de 2020. Agora, destaca a "consider�vel baixa no estoque" e alerta para a dificuldade de compra no Pa�s e no exterior. Procurada, a Sa�de n�o informou o volume ideal da reserva, mas o documento fala em montar estoque para seis meses.
Em reuni�o com a Casa Civil no fim de mar�o, ficou acertado que a Sa�de compraria 186 milh�es de doses dos medicamentos, o suficiente para 180 dias. S� foram obtidas, por�m, 32,48 milh�es de unidades (17%).
Sem estoque
As compras seriam feitas por meio da Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas). Bra�o das Na��es Unidas para o continente, a Opas s� conseguir� entregar 14% das 100 milh�es de doses demandadas. Queiroga citou ontem a entidade como uma das sa�das para normalizar o estoque. No �ltimo dia 29, o ministro j� havia dito que a entrega, via Opas, levaria 15 dias e normalizaria o abastecimento.
Por meio da ata de registro de pre�os, o Pa�s conseguiu 14,9 milh�es de doses, 82% do previsto. J� a tentativa de compra pelo preg�o ainda n�o deu resultado. O governo tamb�m recebeu, da Vale, doa��o de 2,8 milh�es de doses de cinco medicamentos.
Para fazer a conta de quantas doses s�o necess�rias por dia, o governo leva em considera��o o consumo m�dio mensal verificado na �ltima semana de mar�o, que foi de 34,3 milh�es. Mas os dados de abril, ainda n�o consolidados, j� mostram um aumento no consumo desses medicamentos - sinal de que a quantidade necess�ria pode ser ainda maior.
Claudio Maierovitch, ex-presidente da Anvisa e m�dico sanitarista da Funda��o Oswaldo Cruz, disse que a dificuldade enfrentada nessas compras pelo Minist�rio da Sa�de acende um "alerta vermelho" para o risco de desabastecimento no Pa�s. "A situa��o est� grave porque o minist�rio n�o se preparou para a piora da pandemia. A chance de faltar rem�dios para intuba��o � grande."
Uma sa�da poss�vel, diz ele, � comprar rem�dios de forma direta, sem necessidade de licita��o. O rito habitual exige a licita��o, mas Maierovitch explica que, em situa��es emergenciais, pode ser dispensada.
Em nota, o minist�rio diz j� ter distribu�do mais de 8 milh�es de medicamentos para intuba��o aos Estados e munic�pios. Questionada pelo Estad�o sobre o tamanho habitual da reserva t�cnica e se o Pa�s corre risco de desabastecimento, a pasta n�o respondeu.
Chegada de medicamentos
Em nota, o Minist�rio da Sa�de informou que aguarda para esta quinta-feira a chegada de 2,3 milh�es de medicamentos para intuba��o. Os insumos foram doados por um grupo de empresas formado pela Petrobr�s, Vale, Engie, Ita�, Unibanco, Klabin e Ra�zen. Os medicamentos sa�ram da China nesta quarta e, assim que chegarem ao Brasil, ser�o distribu�dos imediatamente aos Estados com estoques cr�ticos dos insumos. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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