Em reuni�o na manh� desta sexta-feira (16), no �ltimo dia da 58ª Assembleia Geral da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os participantes pediram "compet�ncia e lucidez" na condu��o do pa�s e destacaram o direito constitucional � sa�de, especialmente em tempos de pandemia, combateram atitudes negacionistas, exigiram mais aten��o � ci�ncia e defenderam o aux�lio emergencial "para salvar vidas e dinamizar a economia".
Em documento dirigido ao povo brasileiro, a institui��o presidida pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, ressaltou que "na sociedade civil, os tr�s poderes da Rep�blica t�m, cada um na sua especificidade, a miss�o de conduzir o Brasil nos ditames da Constitui��o Federal, que preconiza a sa�de como 'direito de todos e dever do Estado', o que exige compet�ncia e lucidez."
Para os bispos, s�o inaceit�veis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanit�rias e amea�am o estado democr�tico de direito. Realizada pela primeira vez em modo virtual, a assembleia geral, �rg�o m�ximo da CNBB, teve a participa��o de 400 pessoas, entre bispos, padres e assessores.
Diz ainda o documento: "� necess�rio aten��o � ci�ncia, incentivar o uso de m�scara, o distanciamento social e garantir a vacina��o para todos, o mais breve poss�vel. O aux�lio emergencial, digno e pelo tempo que for necess�rio, � imprescind�vel para salvar vidas e dinamizar a economia, com especial aten��o aos pobres e desempregados. � preciso assegurar maiores investimentos em sa�de p�blica e a devida assist�ncia aos enfermos, preservando e fortalecendo o Sistema �nico de Sa�de (SUS). S�o inadmiss�veis as tentativas sistem�ticas de desmonte da estrutura de prote��o social no pa�s."
Na avalia��o da CNBB, o Brasil experimenta o aprofundamento de uma grave crise sanit�ria, econ�mica, �tica, social e pol�tica, intensificada pela pandemia, "que nos desafia, expondo a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira". E mais: "Embora todos sofram com a pandemia, suas consequ�ncias s�o mais devastadoras na vida dos pobres e fragilizados."
Educa��o e armas
Os bispos rejeitam energicamente qualquer iniciativa para desobrigar os governantes da aplica��o do m�nimo constitucional do or�amento na sa�de e na educa��o. "A educa��o, fragilizada h� anos pela aus�ncia de um eficiente projeto educativo nacional, sofre ainda mais no contexto da pandemia, com s�rias consequ�ncias para o futuro do pa�s. Al�m de eficazes pol�ticas p�blicas de Estado, � fundamental o engajamento no Pacto Educativo Global, proposto pelo papa Francisco."
Os bispos se mostraram preocupados com o grave problema das m�ltiplas formas de viol�ncia disseminada na sociedade, favorecida pelo f�cil acesso �s armas. "A desinforma��o e o discurso de �dio, principalmente nas redes sociais, geram uma agressividade sem limites. Constatamos, com pesar, o uso da religi�o como instrumento de disputa pol�tica, justificando a viol�ncia e gerando confus�o entres os fi�is e na sociedade."
Desigualdade social
A CNBB destaca ser cada vez mais necess�rio superar a desigualdade social no pa�s. "Para tanto, devemos promover a melhor pol�tica, que n�o se submete aos interesses econ�micos, e seja pautada pela fraternidade e pela amizade social, que implica n�o s� a aproxima��o entre grupos sociais distantes, mas tamb�m a busca de um renovado encontro com os setores mais pobres e vulner�veis".
Um ano ap�s firmado o Pacto pela Vida e pelo Brasil, com a uni�o de v�rias institui��es, tendo � frente a CNBB, os bispos fazem um apelo para que seja mantido o compromisso entre sociedade civil, igrejas, entidades e movimentos sociais.
"Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promo��o da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo � desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstru��o da sociedade brasileira sobre os alicerces da justi�a e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do di�logo. Como nos animou o papa Francisco: 'o an�ncio Pascal � um an�ncio que renova a esperan�a nos nossos cora��es: n�o podemos dar-nos por vencidos!'"
Al�m de dom Walmor, assinaram o documento divulgado nesta sexta-feira: dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e primeiro vice-presidente, dom M�rio Ant�nio da Silva, bispo de Roraima (RR) e segundo vice-presidente, dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secret�rio-geral da CNBB.