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Estado de Minas GERAL

Telef�rico do Alem�o est� em ru�nas


26/04/2021 08:00

Um m�s ap�s a Olimp�ada de 2016, o Telef�rico do Alem�o fechou para uma manuten��o de seis meses - e nunca mais voltou. Inaugurado em julho de 2011 com a presen�a da ent�o presidente Dilma Rousseff, o projeto de 3,5 quil�metros de cabo no complexo de 17 comunidades na zona norte carioca est� h� quase cinco anos parado e sem volta prevista. A obra que custou na �poca R$ 210 milh�es caminha para completar dez anos sem funcionar por metade desse tempo, em uma das �reas mais pobres do Rio.
Os equipamentos enferrujam e as seis esta��es viraram escombros. Ou, em alguns casos, alojamentos da Pol�cia Militar. A interrup��o, inicialmente por um problema num cabo que precisaria de pe�a importada, afeta n�o s� o transporte, mas a economia local e servi�os sociais.

Concebido no Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC), o telef�rico simbolizava a ocupa��o das favelas, base do projeto da gest�o S�rgio Cabral (MDB) de pacificar comunidades antes dos grandes eventos.
Em novembro de 2010, um epis�dio cinematogr�fico: a PM fez opera��o na vizinha Vila Cruzeiro e bandidos fugiram pela mata, com exibi��o na TV. Agora quem est� preso � Cabral, condenado a mais de 300 anos por crimes como corrup��o e lavagem de dinheiro. Suspeita-se que, no Alem�o, o superfaturamento passe de R$ 14 milh�es (valor da �poca).

Quando o primeiro sistema de transporte de massa por cabo no Brasil foi inaugurado, faltavam tr�s anos para a Copa no Pa�s e cinco para a Olimp�ada. O telef�rico ajudou a impulsionar o marketing de um Rio calcado na imagem de mudan�a e num prometido futuro de paz.

A inspira��o foi em Medell�n, cidade colombiana que sediou, por d�cadas, um poderoso cartel de narcotr�fico. A arquitetura - incluindo um telef�rico de 10 quil�metros - foi central na retomada urbana, al�m de ocupa��o militarizada de comunidades pobres e a��es sociais. Mas o �xito colombiano n�o se repetiu no Rio.

O Estad�o percorreu a comunidade e parte do telef�rico. Nas esta��es, que abrigavam servi�os sociais, m�dicos e esportivos, h� sujeira. Na esta��o Morro da Baiana, cabos espalhados, telas de computador quebradas e todo tipo de objetos destru�dos. No topo, g�ndolas, abertas, se penduram no mesmo cabo de onde partiam na �poca de opera��o. Eram 152 cabines, com at� dez pessoas. "Por que o governo n�o aproveita esses espa�os? Poderiam ser pontos de cesta b�sica, testagem de covid", sugere a jornalista Neila Marinho, do Voz das Comunidades.

A PM usa ao menos duas esta��es, pr�ximas a bases de Unidades de Pol�cia Pacificadora (UPP), em pr�dios vizinhos. Na das Palmeiras, a corpora��o abriu m�o do pr�prio edif�cio. Ocupou o do telef�rico, onde havia biblioteca, tatame de jud� e cl�nica. O pr�dio original, da UPP Fazendinha, est� abandonado e com janelas quebradas - resultado de tiroteios na �rea.

A esta��o do Alem�o tem situa��o similar, embora mais discreta. Policiais fizeram "puxadinho" no 1� andar: um alojamento, com camas e viaturas paradas. No entorno, crian�as tentam driblar PMs para brincar de se esconder nas depend�ncias do telef�rico. "O bondinho vai voltar?", pergunta uma delas.

Al�m de moradores levarem at� uma hora para ter acesso ao transporte p�blico, h� risco de acidentes. "Esses fios e cabos de a�o viram um perigo para a comunidade, sendo que antes eram um benef�cio grande. A qualquer momento pode arrebentar, n�o h� manuten��o", diz Paulinho da Fazendinha, presidente da Associa��o de Moradores da Fazendinha.

Iniciadas em 2008, as UPPs tiveram auge em 2012, quando dez foram abertas. Ap�s 2014, quando Cabral saiu do cargo, nenhuma nova foi instalada. A Controladoria-Geral da Uni�o (CGU) identificou em 2016 superfaturamento de R$ 139 milh�es dentro do contrato do PAC do Alem�o (R$ 710 milh�es). O total inclui n�o s� o telef�rico, mas ainda projetos de revitaliza��o e habita��o. As obras ficaram a cargo de cons�rcio liderado pela Odebrecht.

Sem perspectiva

O telef�rico est� sob responsabilidade da Secretaria Estadual de Transportes. Antes, foi operado pela concession�ria SuperVia, a mesma dos trens urbanos do Rio. Nos meses finais de funcionamento, foi gerido pelo cons�rcio Rio Telef�ricos, que acusou o Estado de n�o fazer pagamentos devidos. A secretaria diz que, para retomar o servi�o, seria preciso fazer licita��o e contratar obras de recupera��o e "n�o h� disponibilidade or�ament�ria".

J� a PM afirma que a entrada nos edif�cios se deu por ordem do ent�o governo Luiz Fernando Pez�o (MDB) ap�s a empresa de seguran�a privada que cuidava do patrim�nio interromper o servi�o. Por causa da vulnerabilidade da �rea e da degrada��o da estrutura, a UPP Fazendinha "segue fazendo uso total da edifica��o do telef�rico".

No caso das UPPs Alem�o e Nova Bras�lia, a pol�cia diz que usa parte do espa�o para dar apoio ao efetivo. Sustenta que, al�m de manterem seguran�a dos locais, s�o feitas melhorias.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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