De consulta m�dica a uma interna��o mais complexa, pacientes t�m optado pelo atendimento em casa no lugar de irem at� consult�rios ou ficarem em hospitais. Uma das principais preocupa��es � evitar o risco de cont�gio pelo novo coronav�rus. Segundo especialistas e empresas da �rea, a procura por esse tipo de servi�o teve alta de at� 40% no �ltimo ano, em rela��o ao pr�-pandemia. Idosos e crian�as est�o entre os mais atendidos nesse modelo. Surgem tamb�m pacientes com sequelas da covid-19.
Al�m do medo de infec��o, muitos idosos se sentem mais confort�veis com o atendimento em casa. "As pessoas ainda est�o com medo de ir ao hospital ou consult�rio m�dico. Sempre fiz atendimento domiciliar para pacientes acamados. No entanto, com a pandemia, mesmo pessoas que tinham condi��es de vir ao consult�rio tamb�m come�aram a ter receio e a fazer consultas em casa", diz Celene Pinheiro, presidente da Associa��o Brasileira de Alzheimer - Regional S�o Paulo.
Com atua��o h� quase 20 anos em consult�rio particular atendendo idosos entre 60 e mais de cem anos, a geriatra come�ou a ser procurada por pacientes, em casos de urg�ncia, que tiveram d�vidas se deveriam mesmo ir a uma unidade de sa�de. "Muitos querem apenas parecer m�dico para confirmar se realmente � necess�rio ir para um hospital, neste momento de pandemia", diz Celene, que v� demanda 40% maior.
"Em alguns casos, consegui realizar tratamento em casa, n�o necessitando de interna��o hospitalar. Mas em outros orientei procurarem atendimento hospitalar, principalmente em caso de necessidade de cirurgia", diz. Segundo a geriatra, apesar de ter custo mais alto, que pode variar conforme o endere�o do paciente, a consulta domiciliar traz benef�cios. "Quem � atendido em casa se sente mais confort�vel, ainda mais quando � um m�dico j� antigo, que o atende", diz. "E os familiares se sentem seguros, ao mesmo tempo em que monitoram se estamos tomando todos os cuidados de higiene."
Al�m de idosos, pais t�m buscado pediatras em casa para os filhos. "Com a covid, essa modalidade - que j� existe h� muito tempo e que diminuiu ao longo dos anos com a facilidade de pacientes irem a consult�rios - voltou a ganhar espa�o. Tamb�m outros recursos, como a telemedicina", diz Jos� Gabel, presidente do Departamento Cient�fico de Cuidados Domiciliares da Sociedade de Pediatria de S�o Paulo.
Segundo Gabel, h� muitas cl�nicas privadas que oferecem esse tipo de atendimento e a alta na procura foi de at� 35% no per�odo. Ele afirma que s�o seguidos todos os protocolos sanit�rios. "M�scara N95, avental descart�vel em cima do avental de pano, luvas e equipamentos m�dicos como estetosc�pio sempre higienizados e protegidos corretamente."
Embora o custo com a consulta domiciliar fique at� 50% maior que no consult�rio, a ideia � dar mais seguran�a e deixar as crian�as mais tranquilas. "Elas s�o examinadas onde se sentem mais adaptadas, no ambiente residencial", diz Gabel.
Home care
Al�m de consultas mais simples, a procura pelo tratamento domiciliar ganhou for�a. "Este aumento se verificou n�o apenas pela inclus�o de pacientes com covid-19, mas tamb�m alcan�ou casos de outras condi��es m�dicas, que puderam ser tratadas em casa", afirma Cl�udio Flauzino, diretor executivo da Home Doctor. Desde o in�cio de 2020, ele relata alta de 30%.
O chamado home care realiza desde um simples curativo at� procedimentos mais complexos, em que o paciente necessita de cuidados semelhantes aos da interna��o hospitalar. "Todas as medica��es s�o feitas na resid�ncia, assim como exames de sangue e raio x, sem que tenha de sair de casa. Tamb�m deixamos uma equipe multidisciplinar sempre que necess�rio", diz Flauzino.
O custo varia segundo a complexidade do atendimento, que pode exigir presen�a constante de profissionais, equipamento de ventila��o mec�nica e visitas mais frequentes da ambul�ncia. "Embora o atendimento domiciliar n�o seja de cobertura obrigat�ria pela Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS), muitas operadoras fazem a cobertura", afirma Cl�udio Flauzino, diretor executivo da Home Doctor. Com atendimento em nove Estados, a Home Doctor atende pelo menos 40 planos de sa�de.
A procura tamb�m aumentou entre pacientes com sequelas da covid. "A demanda por fisioterapeuta na resid�ncia tem crescido muito para quem teve sequela respirat�ria ou comprometimento da parte motora, em raz�o de ter ficado muito tempo acamado, por exemplo", afirma Luan Ryo Monowa, especialista em cuidados paliativos e m�dico assistente operacional da Domicile Home Care.
"Al�m disso, tamb�m tratamos crian�as que tiveram paralisia cerebral e necessitam de interna��es prolongadas, idosos com Alzheimer e acamados. No caso de interna��o domiciliar, montamos uma semi-intensiva na casa do paciente, com todos os equipamentos e mobili�rios necess�rios e toda equipe de sa�de multidisciplinar", explica Monowa. Na Domicile, que atende mais de 30 conv�nios m�dicos em pelo menos 250 cidades brasileiras, a alta na procura foi de 40%.
Conv�vio familiar
Marta Mendes tinha 75 anos e levava uma vida independente. At� que apresentou tr�s embolias pulmonares e, em 2019, seu quadro de sa�de piorou. "Passou t�o mal que precisei chamar o resgate. Ela foi hospitalizada. Detectaram como se tivesse uma bolsa de sangue de 1,5 litro no rim direito e, por causa do pulm�o fraco, ficou sem ar. Foram nove meses internada na UTI", conta Andrea Ksyvickis, filha da paciente Marta, hoje com 78 anos.
Depois deste per�odo hospitalizada, Marta voltou para casa. "N�s ficamos felizes, mas preocupados sobre como seria o retorno. Ela ficou sem andar por tanto tempo, perdendo movimento das pernas. Ficamos sabendo do servi�o de home care", conta Andrea.
Inicialmente o acompanhamento cl�nico em casa foi de 12 horas, mas n�o foi suficiente e houve necessidade de nova interna��o. "Na segunda alta da minha m�e, alinhei com o m�dico mais detalhes. Como, por exemplo, 24 horas de enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudi�loga e acompanhamento de m�dica semanalmente. Em casa, temos todo o respaldo, seguran�a e qualidade de vida", avalia a filha de Marta Mendes, que conseguiu cobertura pelo plano de sa�de.
Especializada em pacientes de alta complexidade no atendimento domiciliar, a cl�nica m�dica Selma Veullieme acompanha constantemente a paciente de 78 anos na resid�ncia. Al�m do cuidado com a sa�de, diz a profissional, h� o ganho emocional.
"Quando conseguimos manter o paciente em casa, mesmo em situa��es mais graves, diminui muito o risco de infec��o hospitalar e, neste momento, risco de covid-19", afirma Selma. "Al�m disso, quando o paciente est� em uma UTI, n�o pode receber visitas, fica sozinho. Um sofrimento emocional. Em casa, al�m do conforto e seguran�a, tem o conv�vio com familiares. Quando consegue manter o paciente em casa, o quadro emocional do paciente tamb�m melhora muito", acrescenta ela, tamb�m endocrinologista.
Assim como o m�dico particular, a empresa que realiza consultas domiciliares precisa estar regularmente inscrita no Conselho Regional de Medicina (CRM) da jurisdi��o onde atua. O home care tamb�m tem regulamenta��o espec�fica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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